O segredo para se dar bem com Ritchie Blackmore, segundo Bob Daisley

Baixista fez parte do Rainbow no fim da década de 70 e afirma nunca ter tido problemas com o guitarrista, conhecido pelo temperamento difícil

Ritchie Blackmore não tem um temperamento fácil. O próprio guitarrista, fundador do Deep Purple, Rainbow e Blackmore’s Night, reconheceu sua reputação ruim em entrevista ao The Guardian ao dizer que, por vezes, agiu de maneira mal-humorada, sincera ao extremo e raivosa. Ainda assim, disse não ligar para o rótulo.

Em contrapartida, Bob Daisley nunca vivenciou grandes problemas com o músico. Os dois trabalharam juntos no Rainbow entre 1977 e 1979 e, nas palavras do baixista, compartilhavam uma boa convivência. Para a relação entre ambos dar certo, havia um segredo.

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Conversando com o canal Rock Daydream Nation, conforme transcrição da Ultimate Guitar, Daisley contou primeiramente como entrou para o Rainbow. Por meio de um amigo em comum, ele soube que a banda estava procurando um novo integrante. 

Apesar do receio em deixar o Widowmaker, seu grupo à época, decidiu aproveitar a oportunidade — sobretudo pelos conflitos com os colegas. Antes de realizar o teste, saiu para tomar uma cerveja com Ritchie, o que acabou sendo decisivo, em suas palavras. 

“Ritchie queria descobrir como as pessoas eram antes mesmo dos testes. Então, depois, ele me convidou para um teste e nos demos bem.”

Durante a audição, marcaram presença, além de Ritchie, o vocalista Ronnie James Dio, o baterista Cozy Powell e o tecladista David Stone. Na própria ocasião, Daisley soube que havia passado. Porém, não aceitou de primeira, visto a má fama de Ritchie. 

“No final da audição, acho que Ronnie foi quem me disse ‘bem, se você quiser, a vaga é sua’. E eu falei ‘vou pensar’ [risos]. Era uma grande oportunidade, mas Ritchie tinha a reputação de tratar mal as pessoas. Me diziam ‘tome cuidado, você pode deixar o Widowmaker para ficar com Ritchie e depois acabar sem nada em três meses’.”

Após mais brigas internas no Widowmaker e certo convencimento por parte de sua esposa, o baixista optou por arriscar e entrar para a banda — onde ficou entre 1977 e 1979, colaborando, depois, com Ozzy Osbourne.

Surpreendentemente, acabou se dando bem com Blackmore. Não só porque suas personalidades bateram, mas também pelos seguintes motivos:

“Para completar, eu sabia como agir. Basicamente: ‘abaixe a cabeça, vá em frente, seja profissional, seja confiável, não reclame’. E eu agi assim. Isso era tudo o que você realmente precisava fazer com Ritchie. Faça o trabalho da maneira certa e seja consciente, confiável e profissional. E eu não tive problema com ele.”

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As opiniões de Tony Carey e Ronnie Romero

Muitos músicos que trabalharam com Ritchie Blackmore relataram suas experiências publicamente. Enquanto certas histórias apresentaram aspectos negativos, outras nem tanto, como é o caso da relação do guitarrista com o tecladista Tony Carey.

Em entrevista ao Vintage Rock Pod, o ex-Rainbow ofereceu outra perspectiva sobre o temperamento do patrão e colega. Ele declarou:

“Ele nunca me disse o que tocar, nunca disse a Cozy (Powell, baterista) o que tocar. Durante as gravações de ‘Rising’, só deu palpites nos vocais de Ronnie James Dio. Trabalhou junto a ele e Martin Birch (produtor). Mas nas minhas partes de teclado, éramos só eu e Martin. Ritchie dava o fora, ia para outro lugar, voltava e dizia se tinha gostado ou não. E normalmente ele gostava. Não era nada ditatorial. Eu sabia que, musicalmente, estávamos na mesma página.”

Ronnie Romero, vocalista mais recente da banda, também foi questionado sobre o tema pelo The Metal Voice. O chileno deixou claro ser diferente analisar de fora e conviver com o guitarrista.

“Há uma grande diferença. E isso, para mim, foi provavelmente a coisa mais divertida de trabalhar com Ritchie. Porque no final, você está no palco, canta aquelas músicas, está na ‘banda Rainbow’ e tudo mais. Isso é ótimo. E havia outros 7 ou 8 cantores que fizeram a mesma coisa antes – contando Rainbow, Deep Purple e afins.”

Estar perto permitiu ao frontman conhecer outros aspectos da personalidade de Blackmore. Como quando ele é “um cara normal”.

“Era ótimo estar com ele tomando uma cerveja depois do jantar e conversando sobre OVNIs ou qualquer que seja o assunto até as 3h da manhã. Às vezes, ele acabava pegando o violão e ficávamos apenas cantando qualquer coisa – dos Beatles, Queen, Deep Purple, Rainbow, o que quer que acontecesse naquele momento. E isso foi provavelmente a coisa mais divertida de tudo.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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