Um juiz dos Estados Unidos rejeitou na quarta-feira (21) seguir com o processo que acusava o vocalista do Aerosmith, Steven Tyler, de agredir sexualmente uma ex-modelo adolescente. A acusação alegava que a violência teria ocorrido duas vezes no mesmo dia em Manhattan, Nova York, há quase 50 anos.
Lewis Kaplan entendeu que Jeanne Bellino esperou muito para acionar o cantor de 75 anos, que negou “veementemente” acusações feitas sob uma lei que protege vítimas de violência motivada por gênero. O veredicto entendeu que a suposta vítima não se qualificava para prosseguir com ações que, de outra forma, se estenderiam além dos prazos de prescrição, porque ela não alegou que a conduta de Tyler representava um “sério risco de lesão física”.
De acordo com informações obtidas pelo BraveWords, Kaplan julgou que duas leis estaduais, a Lei das Vítimas Infantis e a Lei dos Sobreviventes Adultos, anularam a alegação de Bellino, “substancialmente pelas razões” apresentadas pelos advogados de Tyler.
Os representantes disseram que essas leis, cujas janelas para processar já expiraram, “ocupam o campo no que diz respeito ao renascimento de reivindicações derivadas da lei penal estadual de agressão sexual”, e Bellino mostrou “falta de diligência” ao não processar sob a Lei das Vítimas Infantis.
A alegação de Jeanne Bellino
Jeanne Bellino, uma ex-modelo infantil que diz ter conhecido o vocalista do Aerosmith em Nova York no verão de 1975, quando tinha 17 anos, alega que o cantor, então com cerca de 27 anos, a violentou de forma íntima duas vezes no único dia em que se encontraram.
Atenção: há relatos de supostos crimes sexuais no texto a seguir.
Ela afirma ter conhecido Tyler depois que uma amiga combinou um encontro com a banda no Warwick Hotel, após um desfile de moda na qual as duas trabalhavam em Manhattan.
Depois de terem conhecido o frontman e outros integrantes não identificados de sua equipe, todos caminharam juntos pela Sexta Avenida. Em um determinado momento, Jeanne afirma ter feito uma pergunta sobre a letra de uma música, o que chateou Steven, levando-o a forçá-la a entrar em uma cabine telefônica.
Neste momento, diz o texto obtido pela Rolling Stone:
“Enquanto a mantinha prisioneira, Tyler enfiou a língua em sua garganta e colocou as mãos sobre seu corpo, seios, nádegas e órgãos genitais, movendo e tirando roupas e prendendo-a contra a parede da cabine telefônica. Enquanto Tyler estava atacando e apalpando a Requerente, ele estava transando com ela fingindo fazer sexo com a Requerente. Outros ficaram do lado de fora da cabine telefônica rindo. Enquanto os transeuntes observavam e testemunhavam, ninguém na comitiva interveio.”
Bellino alega ainda no processo que o pênis de Tyler estava ereto evidente, enquanto ele o esfregava contra ela. No fim das contas, diz o processo, ela se libertou e saiu da cabine telefônica depois de levantar o joelho e puxar o cabelo de Tyler. Então, supostamente saiu correndo da cabine telefônica “em estado de choque e medo”.
O manifesto destaca que esta foi a primeira experiência sexual de Bellino. Confusa e em estado de choque, alega o processo, ela diz que permaneceu com Tyler e a comitiva porque alegou que dependia do transporte da amiga.
Um advogado do vocalista e um representante da banda não responderam aos pedidos de comentários.
Processo contra Steven Tyler
Em dezembro de 2022, uma mulher chamada Julia Misley também moveu uma ação contra Steven Tyler, o acusando de agressão sexual e imposição intencional de sofrimento durante a década de 1970, quando ainda era menor de idade. O vocalista do Aerosmith virou réu e, na sequência, negou todas as queixas no tribunal, afirmando que o relacionamento entre os dois era consentido.
A denúncia relata que os dois se conheceram em 1973, depois de um show do Aerosmith em Oregon. Julia Misley (anteriormente chamada Julia Holcomb), então com 16 anos, foi convidada para ir aos bastidores e então para o quarto de hotel de Steven Tyler. Ela acusou o músico de abusar sexualmente dela naquela noite e de agredi-la sexualmente em um quarto de hotel após o próximo show em Seattle, para onde o cantor teria bancado sua viagem.
No ano seguinte, Tyler se encontrou com a mãe de Misley e a convenceu a “passar a guarda de sua filha para ele”. Trechos da autobiografia do artista, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, foram usados para compor o processo. No próprio livro, Steven confirmou – sem citar o nome de Julia – que quase se casou com uma adolescente e que os pais dela lhe passaram a guarda, o que a deixou livre para inclusive acompanhá-lo nas turnês.
Misley também disse que foi obrigada a abortar um filho que teve com Tyler, em 1975, quando ela tinha 17 anos. A jovem seguiu hesitante em realizar o aborto, mas o cantor teria alegado que pararia de apoiá-la se ela não fizesse o procedimento. Ela aceitou interromper a gestação, mas terminou com o artista em seguida e voltou a morar em Portland, sua cidade natal.
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