O Universo Cinematográfico Marvel se tornou a franquia cinematográfica mais lucrativa e poderosa da história do cinema. Os filmes protagonizados pelos personagens da editora são imensamente populares e costumam atrair uma legião de fãs para cinemas mundo afora.
Só que esse sucesso enorme foi fruto de uma ideia pra lá de ambiciosa que levou um tempo para ser comprada pelos fãs. E só foi sair do papel graças a algumas pessoas e decisões arriscadas.
Conheça, a seguir, a história da criação do Universo Cinematográfico Marvel.
As ideias por trás da criação
Se você é fãs dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel, então deve agradecer ao ano de 2005. Foi nesta época que a Marvel Entertainment decidiu que passaria a produzir seus próprios filmes, que seriam originalmente distribuídos pelo estúdio Paramount.
A Marvel já vinha lançando vários longas protagonizados por seus personagens, mas em parceria com outros estúdios, como Sony e Fox. Dessa forma, lucrava muito pouco com tais produções, sem contar que não tinha controle sobre a parte artística e de distribuição.
O executivo Avi Arad, que era o responsável pelos filmes com os personagens da editora, até gostava do trabalho que a Sony fazia com o Homem-Aranha. Porém, não estava muito satisfeito com o que os demais estúdios vinham fazendo.
Arad, então, decidiu reformar a Marvel Studios, a parte cinematográfica da empresa, que havia sido fundada como “Marvel Films” em 1993. Para ajudá-lo na empreitada, o executivo chamou seu braço-direito, o produtor Kevin Feige – considerado hoje o “pai” e grande responsável pela franquia cinematográfica.
Feige começou a carreira como assistente de Lauren Shuler Donner, uma das produtoras do primeiro filme da franquia X-Men. Ela convidou o pupilo para ser o produtor associado da obra, pois sabia que ele tinha um grande conhecimento do Universo Marvel dos quadrinhos.
Alguns anos mais tarde, Feige notou que, com exceção do Homem-Aranha e os X-Men, a Marvel ainda tinha os direitos para produzir filmes da maior parte de seus personagens de destaque, especialmente membros chave dos Vingadores. Nasceu aí a ideia do produtor em fazer um universo compartilhado de filmes, assim como já ocorria nos quadrinhos da empresa.
Kevin Feige tentou fazer uma experimentação pouco antes do lançamento da franquia. Sam Raimi, diretor da primeira trilogia de filmes do Homem-Aranha, revelou que o produtor pensou em introduzir participações especiais com outros personagens da Marvel nestes longas do herói.
“Kevin queria trazer algumas participações especiais nos três primeiros filmes do Homem-Aranha. Não me lembro se era o Wolverine que ele tentou trazer para os filmes ou se era outro personagem.”
Uma decisão de risco
Com tudo devidamente planejado, chegou a hora de botar a mão na massa. No entanto, havia um empecilho: a saúde financeira da própria Marvel.
Afinal, alguns anos antes, a Casa das Ideias chegou a declarar falência nos anos 1990, por conta de uma crise na indústria dos quadrinhos e algumas decisões de negócio equivocadas.
Mas a Marvel decidiu arriscar. A empresa conseguiu um empréstimo generoso de US$ 525 milhões junto ao banco americano Merrill Lynch, que deveria ser investido na produção dos filmes do seu universo.
Além disso, outro ponto de risco do negócio é que se esses filmes não tivessem retorno positivo, os direitos de muitos personagens nas telonas ficariam nas mãos do banco.
Também foi nesta época que veio a ideia de iniciar a franquia: primeiro, com filmes solo dos principais personagens da Marvel; em seguida, a aparição deles em um longa em equipe – que como sabemos, se tornou uma característica marcante deste universo compartilhado.
Em 2007, com apenas 33 anos, Feige foi oficialmente nomeado chefe da Marvel Studios e seria o responsável por tirar a ideia do papel. Ele contou com a ajuda de um comitê para garantir a integridade artística da franquia.
Pouco tempo mais tarde, Avi Arad – que não acreditou muito essa proposta citada acima – optou por deixar o posto que ocupava.
O primeiro filme da franquia sai do papel – e o resto é história
O primeiro filme produzido de forma independente pelo estúdio seria estrelado pelo Homem de Ferro. O personagem foi o escolhido por ser, na época, o único herói de renome da Marvel que ainda não havia sequer aparecido em um filme live-action.
Em setembro de 2006, Jon Favreau foi o escolhido para a direção – mesmo sem ter um filme de grande sucesso no currículo. Foi ele que optou por escolher Robert Downey Jr para viver o herói no filme, por considerar o passado do ator adequado para a história do personagem.
No entanto, muita gente dentro da Marvel fez vista grossa com a escolha. Vale lembrar que Robert Downey Jr estava apenas retomando a carreira após anos convivendo com o vício em drogas – o que lhe rendeu até um período na prisão.
O próprio Kevin Feige já revelou que assumiu riscos com a escolha tanto de Favreau quanto de Downey Jr. para o filme.
“Foi libertador para mim ter tomado decisões como essa, pois sabia que outros estúdios não teriam feito o mesmo na época. O que Jon e Robert trouxeram para o processo, enquanto fazíamos ‘Homem de Ferro’, serviram não apenas de fundação, mas também para definirmos os tons de nossos filmes e como os faríamos. Se fosse para falharmos, pelo menos que falhássemos com a melhor das intenções.”
Sabemos que as escolhas foram certeiras. Lançado em maio de 2008, “Homem de Ferro” foi um sucesso tanto de bilheteria – arrecadou US$ 585,8 milhões, com um orçamento de US$ 140 milhões – quanto de crítica – possui 94% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Além disso, Feige também revelou sua confiança de que o filme – e a franquia que estava tirando do papel – daria certo já durante as gravações.
“Tinha a esperança de ‘Homem de Ferro’ nos garantir dinheiro suficiente para produzirmos outro título. Éramos um estúdio novo. Se não tivesse funcionado, teria parado aí. Mas foi durante a produção do filme, que levou para a participação especial do Samuel L. Jackson na cena pós-créditos, que nós dissemos: ‘uau’.”
Um ano após a estreia de “Homem de Ferro” nos cinemas, outro acontecimento contribuiu para a boa sorte que o estúdio vinha tendo: a compra da Marvel pela Disney, que foi fechada em US$ 4 bilhões.
Hoje, sabemos que a ideia inicial de Feige já ganhou enormes proporções: o Universo Cinematográfico Marvel conta com vários filmes lançados – e agora também tem suas séries exclusivas do Disney+ –, bem como uma legião de fãs em todo o planeta.
Isso sem contar que a franquia se tornou uma verdadeira máquina de gerar dinheiro para a Marvel e Disney: estima-se que ela já tenha gerado lucros na casa dos US$ 25 bilhões.
Fórmula de sucesso do Universo Cinematográfico Marvel
Para o site Mashable, Kevin Feige foi questionado sobre qual seria a fórmula de sucesso da franquia que ajudou a tirar do papel. Ironicamente, deu a seguinte resposta:
“Eu realmente não sei. Se eu a tivesse em um pedaço de papel como o (personagem) nazista da sopa (da série de TV ‘Seinfeld’) tinha as receitas de suas sopas em um pedaço de papel, deixaria as coisas mais fáceis.”
Ainda assim, na mesma entrevista, Feige mencionou cinco coisas que ele considera importantes para o desenvolvimento da franquia, que são:
1 – Sonhar grande
“Lembro de ter pensado (quando ‘Homem de Ferro’ foi lançado), ‘uau, isso é ambicioso, isso é incrível’, e ninguém falava sobre isso. Eu ficava: ‘acho que as pessoas realmente não sabem que é muito legal o que estamos fazendo! Que estamos colocando-os todos juntos!’. Acho que as pessoas não acreditavam nisso por um tempo, o que é compreensível.”
2 – Se comprometer com seus personagens
Este item, na realidade, foi respondido por Jon Watts, diretor dos filmes do Homem-Aranha no UCM. Ele acredita que outro ponto chave da franquia é seu comprometimento com seus personagens.
“Senti que conhecia o Tony Stark muito bem após ver os filmes do Homem de Ferro, penso que já conhecia bem o Capitão América, e também sinto que conheço os Guardiões (da Galáxia) muito bem. Realmente gasta tempo para conhecer esses personagens, como você faria em uma HQ.”
3 – Colocar cada filme acima da franquia
“Se existe uma fórmula, é que o filme solo é, acima de tudo, mais importante que a conectividade (com a franquia).”
4 – (Muita) Colaboração
“De vez em quando, (um diretor, roteirista ou produtor) pode melhorar a ideia que tivemos. Algumas vezes, pode ser o oposto da ideia que tivemos, mas se for ótimo, vamos com ela. Para o melhor de nossa relação com cineastas, é dessa maneira que trabalhamos.”
5 – Assumir riscos
“Nossa fórmula é que time criativo da Marvel Studios e nossos parceiros criativos e colaboradores de nossos filmes, basicamente, seguram as mãos e pulam de um avião. Torcemos para que todos consigam abrir os paraquedas antes de chegar ao chão.”
Mas acima de tudo, a liderança de Feige é o que garante que tudo sempre fique nos trilhos.
Ao ser questionado pela Vanity Fair por que outros estúdios não conseguiram ter o mesmo sucesso da Marvel – em especial a Warner Bros, que produz os filmes da rival DC –, Joe Russo, codiretor dos dois últimos filmes dos Vingadores, apenas disse o seguinte:
“Eles não têm um Kevin (Feige).”
Veja também:
*Fontes: Wikipedia, Rotten Tomatoes, Movie Web, Vanity Fair, Business Week, Slash Film e Mashable.
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