O vocalista Arnaldo Antunes saiu do Titãs em 1992. Foi o primeiro grande rompimento da banda, uma das maiores da história do rock brasileiro seja em fama, influência ou… número de integrantes. Eram na sua maioria amigos de escola, unidos pela vontade coletiva de fazer música. Então, quando alguém dessa turma decidia se afastar, era notícia.
Antunes era visto por muitos como o maior responsável pela veia excêntrica do grupo, que se estabeleceu como os maiores inovadores do rock nacional após o trio de álbuns “Cabeça Dinossauro” (1986), “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” (1987) e “Õ Blésq Blom” (1989).
Entretanto, a década de 90 trouxe uma nova realidade ao grupo.
Titãs e os anos 1990
O rock mudou e o Titãs queria acompanhar. “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” (1991) flagrou o grupo tentando recriar a sonoridade alternativa americana. Foi o primeiro álbum deles a ser duramente criticado pela imprensa.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o vocalista e tecladista Sérgio Britto falou sobre o trabalho:
“Foi uma vírgula. Teve o mérito de fazer a gente não ter se levado muito à sério. À medida que a gente cresce e fica prestigiado, há o perigo de virar um pouco ‘madame’, de virar muito autocomplacente, achando que tudo que você faz é genial. ‘Tudo ao Mesmo Tempo Agora’ pôs a gente no chão de novo.”
Enquanto isso, Arnaldo estava acumulando canções que não se encaixavam nos rumos. O cantor sempre foi fascinado pelas possibilidades de linguagem, tendo começado uma faculdade de Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) antes do Titãs alcançar sucesso. E esse interesse apareceu na forma de seu primeiro álbum solo, “Nome”, lançado em 1993.
Antes disso, contudo, o Titãs estava trabalhando no sucessor de “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”. Durante esse processo, Antunes se viu distante dos outros integrantes em termos de rumo musical.
Ele contou ao baterista e ex-colega Charles Gavin, em entrevista exibida no Canal Brasil (transcrição via Whiplash):
“Naquela época, comecei a migrar para um projeto solo todas as composições que não se encaixavam no repertório dos Titãs. Dentro da banda, tudo era discutido e votado. Éramos oito compositores, e cada um acabava sendo um crítico em relação ao trabalho do outro. Era necessário dar o máximo de si para agradar a todos e emplacar uma música nos discos. No entanto, grande parte do que eu produzia não se encaixava nesse consenso. Foi então que decidi migrar para a carreira solo, buscando um espaço de liberdade. Não deixaria os Titãs para formar outra banda de rock! Se eu quisesse continuar no mesmo estilo, teria permanecido na banda. Minha intenção era realmente marcar essa diferença.”
Arnaldo Antunes saiu do Titãs
Arnaldo Antunes saiu do Titãs oficialmente no dia 15 de dezembro de 1992. O guitarrista Tony Bellotto detalhou o estado emocional da banda no período à Rolling Stone Brasil:
“A gente ficou muito inseguro, porque não sabia se a banda iria sobreviver sem ele, e que o público não aceitasse a saída. Na época, ninguém compreendeu por que ele saiu em um tempo em que a banda já tinha feito tanto sucesso. Mas, como sempre, ocorre uma superação nos Titãs e a gente surge mais forte.”
Colaborações
É verdade que Arnaldo Antunes saiu do Titãs, mas nunca deixou os companheiros. O músico continuou a colaborar com o grupo ao longo dos anos enquanto criava para si uma carreira de respeito, seja como artista solo ou integrante do trio Tribalistas. Em 1997, ele subiu aos palcos com sua ex-banda para participar do “Acústico MTV”, cantando “O Pulso”.
Anos depois, em 2023, ele retornou para a turnê de reunião “Titãs Encontro”. Apesar disso, recusou a proposta inicialmente.
Arnaldo contou ao programa “Som Brasil Apresenta: Titãs” da TV Globo (via Folha de S.Paulo):
“Relutei porque não gosto dessa coisa saudosista. Mas depois dos primeiros encontros fiquei mais empolgado, porque as piadas, a coisa da convivência, de cantar juntos, foi invocada.”
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