No final dos anos 1970, Ritchie Blackmore decidiu que gostaria de transformar o Rainbow em um megassucesso pop. A guinada começou com o terceiro álbum de estúdio, “Long Live Rock and Roll” (1978), que trazia uma sonoridade bem mais acessível em comparação a seus antecessores.
Ainda assim, o desempenho não agradou, especialmente em se tratamento dos Estados Unidos, maior mercado da indústria musical. Foi quando o guitarrista decidiu que precisava realizar algumas mudanças na formação. A mais importante delas foi a troca no posto de vocalista, com Ronnie James Dio sendo convidado a se retirar.
No livro “The Other Side Of Rainbow”, o jornalista Greg Prato repercutiu a movimentação. Em resgate do BraveWords, alguns depoimentos de pessoas próximas refletiram o rompimento. Começando com Wendy, esposa e empresária do cantor.
“Ele foi demitido. Você não tem muita escolha em uma situação assim. Acho que Ronnie previu que isso aconteceria.”
O tecladista David Stone, que também acabaria recebendo o bilhete azul na sequência, lembrou:
“Isso foi triste. Ronnie sempre era muito legal – sem ego, muito fácil de se conviver. Apenas um de nós. Um cara normal do norte do estado de Nova York, na verdade. Blackmore gostava de controlar tudo, determinava o que cantar e sobre o que cantar. Isso o limitou bastante criativamente. Ronnie era como eu – ‘Estamos trabalhando com um deus do rock aqui, então temos que dar a ele esse tipo de respeito’. Acho que Blackmore deveria ter ficado com Ronnie. Ele provavelmente deveria ter dado um pouco mais de liberdade quando se tratava de composição e criatividade. Tinha uma ótima banda ao seu redor – tudo o que precisava fazer era deixar a banda ser uma banda. Mas era um verdadeiro viciado em controle e não havia nada a ser feito.”
No vídeo “The Ritchie Blackmore Story”, o guitarrista alegou que Ronnie optou por sair depois de ficar chateado com uma foto da capa da Circus Magazine que era apenas de Ritchie e não de toda a banda. Wendy contesta veementemente.
“Eu acho que isso é completamente falso. Ronnie foi demitido da banda por não compor músicas mais comerciais. Eu não acho que isso aconteceria. Parece ridículo.”
A vingança junto ao Black Sabbath
Pouco tempo depois, Ronnie James Dio encontrou nova casa no Black Sabbath, substituindo Ozzy Osbourne – curiosamente, por sugestão inicial de Sharon Arden, que depois se tornaria esposa e manager do Madman, passando a usar seu sobrenome. O resultado, a curto prazo, acabaria sendo melhor que o esperado.
O primeiro álbum da nova parceria, “Heaven and Hell” (1980), se tornaria um trabalho referencial do rock pesado. A união revigorou o som, servindo como uma mistura de influências únicas. O próprio cantor disse até o fim da vida que aquele era o disco preferido entre os que gravou. Não apenas pelo resultado artístico, mas por tudo que os envolvidos precisaram superar.
Foi justamente na faixa-título do trabalho que veio o momento de mandar um recado ao antigo patrão. Como Wendy recorda:
“A parte da letra que diz ‘O mundo está cheio de reis e rainhas que cegam seus olhos e roubam seus sonhos, é o céu e o inferno’ foi um recado direto a Ritchie Blackmore.”
“Heaven and Hell” chegou ao 9º lugar na parada britânica e 28º nos Estados Unidos, melhor desempenho do Black Sabbath desde “Sabotage” (1975). É o terceiro mais vendido da carreira da banda, atrás apenas de “Paranoid” (1970) e “Master of Reality” (1971). Ganhou disco de platina em território norte-americano e prata na Inglaterra.
Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio
Ronnie James Dio morreu em 16 de maio de 2010, vitimado por um câncer estomacal. No dia, Ritchie Blackmore publicou a seguinte mensagem:
“Ronnie tinha uma única e maravilhosa voz. Sua morte será lembrada com tristeza no mundo do rock.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.