O verdadeiro rei do rock, segundo Dave Grohl: “f.da-se Elvis”

Frontman do Foo Fighters considerava o detentor do título uma legítima lenda viva e escreveu prefácio de HQ em sua homenagem

O título “rei do rock” atribuído a Elvis Presley não é uma unanimidade. Músicos como Chuck Berry e Little Richard, inclusive anteriores à voz de “Jailhouse Rock”, muitas vezes são citados como merecedores da nomeação. Para Dave Grohl, contudo, há um músico posterior que deveria ser o detentor da “coroa”.

Trata-se de alguém que o frontman do Foo Fighters teve o prazer de conhecer e até mesmo colaborar musicalmente. Ninguém menos que Lemmy Kilmister, vocalista e baixista do Motörhead.

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Grohl assinará o prefácio de uma HQ de 176 páginas a respeito do artista, lançada pela Z2 Comics. Com o título de “No Remorse: The Illustrated True Stories of Lemmy Kilmister and Motörhead”, a obra promete contar histórias reais do falecido músico, relatadas por quem as viveu ao lado dele.

O ex-baterista do Nirvana é uma dessas pessoas e ele conta, em comunicado à imprensa, (via EddieTrunk.com), por que considera Lemmy como o verdadeiro rei do rock:

“Até então eu nunca tinha conhecido o que eu chamaria de um verdadeiro herói do rock ’n’ roll antes. F*da-se Elvis e Keith Richards, Lemmy é o rei do rock ‘n’ roll. Uma lenda vida, respirando, bebendo, cheirando, f*dendo. Ninguém chega perto disso.”

O prefácio de Dave Grohl

O site Loudwire divulgou a íntegra do prefácio, onde Dave Grohl volta a chamar Lemmy Kilmister de “rei”. Leia a tradução abaixo.

“‘SOMOS O MOTÖRHEAD E TOCAMOS ROCK AND ROLL.’

Esta simples declaração, proferida no inconfundível rosnado de Lemmy Kilmister, a um volume de 130 decibéis que estilhaça os ouvidos (o mesmo volume de um jato decolando ou de um tiro disparado à queima-roupa) serviu como uma introdução simples, mas muito apropriada, às inúmeras performances ao vivo lendárias, velozes e boogie-woogie do Motörhead. De pé no palco com um baixo Rickenbacker pendurado em sua silhueta fora da lei, como um soldado da Segunda Guerra Mundial carregando uma metralhadora MG-42, Lemmy esculpiu uma figura assustadora, embora lindamente icônica. Um Cristo Cowboy do Whisky Apocalíptico. E ele não estava brincando. Segundos depois dessa proclamação ameaçadora, a banda lançaria um repertório implacável e chocante exatamente disso: Rock and Roll.

Um banho de som virtual do inferno.

Ao longo dos anos, muitos classificaram o som do Motörhead como hard rock. Outros chamaram de heavy metal. Alguns até ousaram rotulá-lo de punk rock. Chame como quiser, mas a verdade é que as raízes do Motörhead sempre estiveram profundamente enterradas no swing e na arrogância dos arquitetos originais do rock and roll. Os gritos penetrantes de Little Richard, a eterna forma como os Everly Brothers eram maneiros e a batida impecável dos Beatles (uma banda que Lemmy viu se apresentar no Cavern Club de Liverpool com a tenra idade de 16 anos) podem ser encontrados entre os ritmos de qualquer álbum do Motörhead. Ouça músicas como ‘No Class’, ‘I’ll Be Your Sister’ ou ‘Bomber’ e você sem dúvida ouvirá os acordes e ritmos de lendas do passado que formaram o amor eterno deste homem pelo rock and roll… embora em velocidade vertiginosa.

Os roqueiros os amavam. Os headbangers os adoraram. Os punks os amavam. E todos eles podem discutir e debater as origens do monstruoso domínio musical do Motörhead até que suas jaquetas jeans caiam, mas no final das contas o coração de todas as coisas do Motörhead não foi o trabalho de outros. Foi o trabalho de um homem: Lemmy.

‘Se nos mudássemos para a casa ao lado de você, seu gramado morreria…’, ele disse uma vez. Ele estava se referindo ao volume ensurdecedor que só ele e seu alegre bando de hooligans eram capazes de conjurar? Às quantidades de produtos químicos que só eles poderiam consumir? Às legiões de fãs obstinados que sem dúvida se reuniriam em massa na humilde morada de seu mestre como uma espécie de meca obrigatória do Motörhead, destruindo tudo em seu caminho? Talvez nunca saibamos, mas está claro que por trás da personalidade sombria e sinistra de Lemmy havia um homem perversamente brilhante, apaixonado e escandalosamente engraçado. Com um cigarro Marlboro em uma mão e uma Jack Daniels com Coca-Cola na outra, Lemmy conseguia entrar (ou sair) de qualquer situação com charme. Ele era um mensageiro, um vidente, um vilão, um lobo, um guardião, um anjo. Mas para a maioria, Lemmy foi um herói, e sua influência é para sempre imensurável.

Todos nós recebemos um presente naquele dia 24 de dezembro de 1945. Um capricorniano nasceu em algum lugar de West Midlands, no Reino Unido, e viveu para se tornar rei. Sua coroa? Um chapéu preto e surrado apareceu sob seu olhar de atirador. Seu reino? Rock and roll. Seu exército?

Você e eu.

Vida longa ao rei.

Dave Grohl
19 de janeiro de 2024”

A HQ

Além do prefácio de Dave Grohl, “No Remorse: The Illustrated True Stories Of Lemmy Kilmister And Motörhead” contará com posfácio de Ozzy Osbourne. Entre as celebridades que contribuíram com histórias sobre Lemmy estão Michael Moorcock (escritor), Wayne Kramer (MC5), Phil Campbell e Mikkey Dee (Motörhead), Chrissie Hynde (The Pretenders), Kim McAuliffe (Girlschool), Slim Jim Phantom (Stray Cats), Lars Ulrich (Metallica), Dee Snider (Twisted Sister), Slash (Guns N’ Roses), Lita Ford e Dave Navarro (Jane’s Addiction), entre outros.

A HQ, produzida pela Z2 Comics (responsável também pela HQ que acompanha “The Mandrake Project”, novo álbum solo de Bruce Dickinson) deve ser lançada no segundo semestre. Ainda não há uma data definida.

Sobre Lemmy Kilmister

Nascido em Stoke-On-Tent, Inglaterra, Ian Fraser Kilmister despontou em 1965 com o The Rockin’ Vickers. O grupo lançou três singles e se tornou a primeira banda britânica a excursionar pela Iugoslávia.

Seis anos depois se juntou ao Hawkwind. Mesmo sem experiência no baixo, assumiu o instrumento que o consagraria. Cantou no single mais bem-sucedido da banda, “Silver Machine”. Saiu em 1975.

A seguir, montou o Motörhead, que se tornaria seu grande trunfo. Na maior parte da carreira como power trio, o grupo se tornou o elo perdido do rock pesado, agradando de punks a headbangers. Foram 22 álbuns de estúdio e mais de 15 milhões de discos vendidos em todo o mundo.

Morreu em 28 de dezembro de 2015, por conta de um câncer na próstata aliado a sérias condições cardíacas. Permaneceu no palco até 17 dias antes, quando se apresentou com o Motörhead em Berlim, Alemanha.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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