Junto de Jack Bruce e Ginger Baker, Eric Clapton ajudou a revolucionar a abordagem do blues e do rock através do Cream. O trio estabeleceu novos parâmetros para o estilo, cativando tanto a velha guarda quanto quem também estava no caminho para escrever suas linhas na história.
Porém, após os dois primeiros álbuns, o guitarrista e vocalista cogitou abandonar a banda – que acabaria logo ali na frente de qualquer modo. O motivo? Outra banda. A banda. Sim, a The Band.
Após a parceria proveitosa com Bob Dylan, o grupo de canadenses e americanos começava a dar os próprios passos e conquistava o coração e ouvidos do artista britânico.
Em 1994, coube a Clapton fazer o discurso de indução dos amigos ao Rock and Roll Hall of Fame. Conforme transcrição do Far Out Magazine, ele destacou:
“Essa banda que eu estava ouvindo parecia ter tudo. Para mim foi sério, foi crescido e foi maduro. Tinha economia e beleza, e eu queria estar na The Band. Então, fui e disse ao Jack e à Ginger que não poderia mais continuar com eles. Havia outra coisa acontecendo da qual eu precisava participar.”
Não se sabe qual o motivo fez Eric desistir da mudança em tempo integral. De qualquer modo, ele participou do histórico show e filme “The Last Waltz”.
Relembrando sua performance na música “Further on Up the Road”, ele disse ao Real Music Observer, conforme transcrição da Guitar World:
“Minha alça da guitarra cai no começo da canção e então eu entro em um tipo de piloto automático. Não fiquei particularmente orgulhoso da minha parte, porque eu tenho meu solo de guitarra e imediatamente preciso passar para Robbie!”
The Band e Robbie Robertson
A história da The Band tem Robbie Robertson como figura central. Quando adolescente, ele tocava num grupo de rock chamado The Suedes, e chamou a atenção do músico americano Ronnie Hawkins, que o contratou para sua equipe de apoio. Não demorou muito para suas composições entrarem no repertório do veterano.
Durante seu tempo com Hawkins, ele começou a tocar com os músicos que viriam a se tornar a The Band: Levon Helm, Richard Manuel, Rick Danko e Garth Hudson – esse último o único integrante ainda vivo.
Após se separarem de Hawkins em 1964, a banda teve uma oportunidade de ouro apresentada a eles quando receberam a oferta para acompanhar Bob Dylan durante sua primeira turnê mundial elétrica.
Ao longo de um ano, os músicos enfrentaram a fúria da parcela mais conservadora do público de Dylan, revoltados com sua guinada rock e a traição da tradição folk. A turnê chegou a um fim abrupto em 1966, após o cantor sofrer um acidente de moto.
A pausa proporcionada por esse acidente acabou levando ao estabelecimento da The Band como entidade própria e Robertson emergindo como seu principal compositor. Os primeiros dois álbuns do grupo – “Music From Big Pink” e “The Band” – são hoje considerados marcos da música americana, responsáveis por inspirar desde os Beatles ao country.
A The Band chegou ao final em 1976, deixando hits clássicos como “The Weight”, “The Night They Drove Old Dixie Down” e “Up On Cripple Creek” para a posterioridade. Nessa época, Robertson já estava estabelecendo uma das relações pessoais e profissionais mais frutíferas de sua carreira com o diretor Martin Scorsese.
Além de dirigir “O Último Concerto de Rock”, filme de 1978 capturando a última performance da The Band, Scorsese trabalhou com Robertson nas trilhas de filmes como “Touro Indomável” (1980), “O Rei da Comédia” (1983), “Cassino” (1995), “Os Infiltrados” (2006), “O Lobo de Wall Street” (2013) e “O Irlandês” (2019)”.
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