A história de Jeff Scott Soto com o Brasil é uma das mais constantes considerando a carreira de um artista internacional. Desde sua primeira vinda, em 2002, já são 57 shows – isso considerando apenas o trabalho solo, sem contar suas várias bandas e participações especiais em eventos de outros grupos e cantores.
Nas próximas semanas, o relacionamento sério ganhará um novo capítulo. O cantor volta ao país para uma série de apresentações, incluindo shows com o Angra, o tradicional tributo ao Queen e um workshop em São Paulo. Agenda cheia, fruto de um trabalho intenso e dedicação com um público que o acolheu calorosamente.
Em entrevista exclusiva, o próprio iniciou justamente contando como se tornou um cidadão honorário brazuca.
“O primeiro convite que recebi para vir ao Brasil foi do meu querido e antigo amigo Carlos, da Animal Records. Ele me trouxe para cantar na festa de aniversário de sua loja e eu estava preocupado com a possibilidade de não ter fãs lá. Jamais esquecerei a primeira vez que subi ao palco, ouvindo o público cantando quase todas as músicas… foi quando soube que havia algo especial, uma conexão com o Brasil que até hoje significa muito para mim.”
Relação com o Angra e músicos brasileiros em geral
A particularidade da nova visita se dá pelo fato da parceria com o Angra. Não é a primeira vez que Jeff interage com músicos brasileiros, vide o fato de tanto o SOTO quanto sua banda solo contarem com integrantes locais. Ele explica:
“Minha associação com o Brasil e com os músicos brasileiros veio mais das minhas visitas frequentes mesmo. Eu conhecia o Angra original, com o Andre Matos cantando, o mesmo com o Sepultura e outros. Para esta visita, fui convidado para fazer o Summer Breeze, mas é uma longa viagem para fazer apenas um show. Então, achei que seria uma boa ideia fazer mais.”
Foi quando o cantor revelou uma peculiaridade: os sets que fará abrindo para a banda de power metal não serão elétricos.
“Meu amigo de longa data e empresário do Angra, Paulo Baron, teve a ideia de eu abrir para o Angra naquele mês somente se eu estivesse disposto a fazer uma versão acústica do meu set. Eu entendo que há menos problemas em ter uma banda completa usando seu palco, mas o acústico é fácil de conectar e usar. Eu concordei porque gostei da ideia de tocar para públicos maiores do que meus shows solo, mas também é algo que me conecta mais com a banda, pois já toquei com Felipe Andreoli quando ele substituiu Billy Sheehan na última turnê do Sons of Apollo por aí.”
As quatro datas e locais que receberão a dobradinha Angra + Jeff Scott Soto são as seguintes:
- 12/04: Porto Alegre, RS (Bar Opinião)
- 13/04: Curitiba, PR (Ópera de Arame)
- 21/04: Limeira, SP (Mirage Eventos)
- 26/04: Juiz de Fora, MG (Cultural Bar)
Summer Breeze, tributo ao Queen e workshop
A atração principal da vinda de Jeff é o show no Summer Breeze Brasil. O vocalista se apresenta no segundo dia do evento, 27 de abril, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Três dias antes, também na capital paulista, ele realiza outro momento que já se tornou tradicional: seu tributo ao Queen.
A celebração à obra de Freddie Mercury e companhia é algo especial na carreira do artista, que já tocou com Brian May e Roger Taylor em eventos, além de ter feito parte dos primórdios do projeto Queen Extravaganza – além de ter gravado um DVD em um concerto para o fã-clube oficial na Europa, em 2003.
Sobre a confraternização no Manifesto Bar, Soto revela:
“Como ficarei muitos dias em São Paulo entre os shows do Angra e antes do Summer Breeze, queria fazer outra apresentação local na cidade. Porém, contratualmente, não devo fazer mais do que o combinado. Desse modo, vamos celebrar fazendo um show que homenageia o Queen e também serve como uma pequena pré-festa antes do Summer Breeze. Acabou se tornando uma vitória para todos nós.”
Ainda houve espaço para encaixar um workshop. Ele acontece dia 17 de abril, no Malta Rock Bar, também em São Paulo. O evento terá entradas limitadas, como o próprio enfatiza.
“Meus workshops são muito singulares e pessoais, talvez com no máximo 70 pessoas. Consiste em falar sobre minha carreira, explicar minha voz e como ela mudou ao longo dos anos, falar sobre certas músicas conhecidas da minha vida, histórias com Yngwie Malmsteen, Journey, Talisman, além de perguntas e respostas com o público. Gosto de tratá-los como se estivéssemos em volta de uma fogueira conversando sobre música, seja lá o que todo mundo esteja interessado em falar ou ouvir.”
O futuro e as várias bandas de Jeff Scott Soto
No momento em que a entrevista foi feita, Jeff estava ensaiando com o Art of Anarchy. Terceiro vocalista da banda, a parceria foi uma maneira de estender a colaboração com o guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal, após o Sons of Apollo ter entrado em hibernação. Ainda há o já citado SOTO, além do W.E.T., ambos com o futuro em aberto.
Questionado sobre os planos futuros, JSS faz questão de deixar claro que o projeto com Mike Portnoy não está oficialmente encerrado, embora não seja a percepção dos outros envolvidos em recentes declarações.
“Estou sempre evoluindo, não por escolha mesmo. Algumas coisas na vida vêm e outras vão, mas o que sei é que estou longe de parar! O Sons of Apollo não está oficialmente morto, até que Mike ou Derek digam que sim (nota da redação: Derek disse). Tenho esperança de que nos reuniremos novamente algum dia. O Art of Anarchy está saindo em turnê agora para fazer alguns shows e ver se as pessoas querem nos ouvir. Quanto ao SOTO, pretendo ressuscitar o grupo em breve com um novo álbum. No momento, não tenho planos imediatos para outras novas bandas ou projetos, por enquanto quero me concentrar nas coisas que já tenho.”
A última pergunta envolveu a banda mais longeva da carreira do cantor. No início do ano, o Talisman lançou a música inédita “Save Our Love”. A banda se reúne esporadicamente para tributos ao baixista e líder Marcel Jacob, falecido em 2009. Sendo assim, questionamos qual seria seu status atual. Jeff respondeu:
“O Talisman, não está ativo, mas não fechamos a porta completamente… deixamos a janela aberta e não temos planos para fechá-la, porque adoro a música que criamos, bem como a que acabamos de fazer recentemente. Acho que enquanto as pessoas estiverem interessadas, encontraremos uma maneira de manter a banda viva e também o legado de Marcel.”
Sobre Jeff Scott Soto
Nascido no Brooklyn, em Nova York e filho de porto-riquenhos, Jeff Scott Soto despontou como vocalista da banda do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen em seus primeiros discos, que se tornaram referenciais no estilo neoclássico. O destaque o fez trabalhar com outros guitar heroes, como o alemão Axel Rudi Pell, o japonês Kuni e o italiano Alex Masi.
Além das bandas já citadas acima, teve como destaque uma breve passagem pelo Journey no início do século. Também gravou e excursionou com Ellefson-Soto, Takara, Eyes, Trans-Siberian Orchestra, Human Clay, Humanimal, Soul SirkUS, Kryst The Conqueror, Redlist, The Boogie Knights, Panther, Skrap Mettle e Spike All Stars.
Ainda esteve envolvido na banda fictícia Steel Dragon, registrando vocais para o filme “Rock Star” (2001). Também gravou músicas para a série animada “Biker Mice From Mars”, conhecida no Brasil como “Esquadrão Marte”.
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