Apesar de não ter sido um guitarrista dotado de técnica exuberante, Kurt Cobain é até hoje muito elogiado pelo aspecto criativo com que usava seu instrumento. No estouro de “Nevermind” ele era o único a exercer a função no Nirvana, o que manteria nas gravações de “In Utero” (1993).
Para a turnê deste último, no entanto, um reforço foi chamado para as seis cordas. Figura história do underground alternativo, Pat Smear se juntou aos colegas e permaneceu até o frontman encerrar as atividades da banda junto com sua vida.
Porém, de acordo com o integrante por curto espaço de tempo, nem ele nem o líder da empreitada eram o melhor na tarefa.
Em depoimento ao Howard Stern Show, resgatado pelo Far Out Magazine, o artista recordou um momento da excursão derradeira.
“Certa vez, estávamos nos bastidores de um show e Dave Grohl estava tocando guitarra. Kurt e eu passamos, olhamos para ele por um minuto, fomos para a sala ao lado e começamos a rir. Nós pensamos: ‘oh meu Deus, ele é melhor do que nós dois!’.”
A opinião de Dave Grohl sobre suas habilidades
Como compositor, Dave Grohl se baseia muito mais no conjunto da obra do que em suas habilidades individuais. E isso nunca mudará, como o próprio garantiu à Acoustic Guitar Magazine em 2006 – outro resgate do Far Out Magazine.
“Para ser totalmente honesto, não tenho a ambição de me aprimorar enquanto guitarrista. Aproveito um dia de cada vez. Eu me desafio com pequenas coisas, novos ritmos e novos padrões e novos acordes. Nunca tendo estudado teoria, quando descubro algo, a satisfação é ampliada porque penso: ‘Não sei o que é isso, mas, caramba, é legal!’ O processo natural de descoberta já é uma recompensa suficiente por si só.”
Dave sequer se considera talentoso, embora reconheça se tratar de uma questão relativa.
“Todos os dias, sinto-me honrado pela música e há uma compreensão maior que perseguirei durante toda a minha carreira. Não quero necessariamente ser o melhor, só quero entender mais o que faço. É como estar apaixonado por alguém – você continua a se apaixonar, continuamente, pela pessoa certa.”
Em 1999, durante uma performance promovendo o álbum “There is Nothing Left to Lose”, Grohl já havia sido mais específico sobre suas pretensões.
“Como guitarrista, acho que progredi nos últimos 20 anos – espero que sim. Porém, mais do que me tornar Yngwie Malmsteen, trata-se de encontrar novos lugares em mim para explorar a música. É uma busca sem fim. Eu estava escrevendo algo no piano outro dia e pensei: ‘Se um pianista talentoso se sentasse na minha frente, me pergunto o que ele acharia de como toco. É muito básico, mas acho lindo.’ E então percebi que isso é tudo que você precisa. Não tenho que ser Liberace, só preciso ser capaz de me expressar. Eu sinto o mesmo em relação à guitarra.”
Sobre Pat Smear
Atualmente com 64 anos, Georg Albert Ruthenberg nasceu em Los Angeles. Despontou na cena punk americana ao formar o Germs, em parceria com o vocalista Darby Crash. Em sua versão original, a banda durou de 1976 a 1980.
Na década seguinte, participou de vários grupos temporariamente, além de ter tocado com a cantora Nina Hagen e lançado álbuns solo. Paralelamente, seguiu carreira como ator. Apareceu em séries como “Chips” e “Quincy M.E.”, além de filmes como “Blade Runner”, “Breakin’” e “Howard The Duck”.
Entre 1993 e 1994, integrou o Nirvana, participando da turnê do álbum “In Utero” e gravando o “MTV Unplugged”. Após o fim do grupo, seguiu com Dave Grohl no Foo Fighters, saindo em 1997 e retornando dez anos mais tarde, para seguir até hoje.
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