Apesar do sucesso inquestionável, “Ten” não é um álbum que traz boas lembranças aos membros do Pearl Jam. A despeito de reconhecerem a qualidade das músicas que gravaram, todos os envolvidos já declararam insatisfação com a sonoridade excessivamente reverberada do produto final.
Em entrevista à Rolling Stone, realizada em 2006 e resgatada pelo Far Out Magazine, o vocalista Eddie Vedder fez uma confissão: a estreia é o único disco da banda que não consegue ouvir em tempos recentes.
Explicou o frontman:
“Consigo ouvir os discos anteriores, exceto o primeiro. O que é estranho porque é aquele pelo qual, de certa forma, fomos definidos, ou as pessoas mais conhecem as músicas. Mas é apenas o som do disco. Ele acabou sendo mixado de uma forma que ficou… foi meio que superproduzido.”
De qualquer modo, ficar desconfortável com o passado é uma característica do cantor. Na mesma conversa, ele foi recordado de quando assistiu a uma performance antiga da banda no programa de Jools Holland. Eddie ria, mas estava visivelmente desconfortável com a situação.
“Eu estava pensando: ‘ok, já chega, já chega, ok’. E nem era tão ruim. É só como ver fotos do ensino médio ou algo assim. De qualquer modo, o fato é que conseguimos. Portanto, não devemos ter muitos arrependimentos.”
Irritação com som e “Ten Redux”
O engenheiro de áudio Dave Hillis, que trabalhou na gravação de “Ten”, revelou em entrevista ao podcast Cobras & Fire (via Ultimate Guitar) que os músicos do Pearl Jam achavam a sonoridade de “Ten” carregada demais. Para eles, o uso de efeitos foi exagerado.
O assunto veio à tona após o entrevistador comentar que “Ten” foi relançado em 2009 com uma nova mixagem, feita pelo produtor Brendan O’Brien. O projeto, chamado “Ten Redux”, buscava deixar a sonoridade do disco mais “crua”, sem tantos efeitos como delay e reverb.
Ao exaltar o trabalho feito por Tim Palmer na mixagem do álbum, Hills declarou:
“Eu previa que isso (relançamento mais ‘enxuto’) poderia acontecer. Eu realmente adorei a mixagem de Tim Palmer. A forma como ele mixou foi o que fez o álbum se sair tão bem nas rádios naquela época. Mas sei que Jeff não gostava desse som ‘carregado’, sei que Eddie também não curtia, Ed estava cada vez mais seguindo para o lado punk das coisas.”
Em função disso, o engenheiro de áudio não se surpreendeu com o relançamento de “Ten” em uma pegada mais “enxuta”.
“Eu meio que vi como eles haviam se arrependido e que eles viram a direção que tomariam para os próximos álbuns. Acho que, no fundo, eles sempre queriam ver como ‘Ten’ soaria daquele jeito, então não fiquei tão chocado. Aquele é um dos maiores álbuns da história.”
E o que Dave Hillis achou do trabalho de remixagem feito por Brendan O’Brien? Ele responde:
“Ouvi a versão dele não faz muito tempo, pois fiz uma palestra onde esse era o tema e começaram a tocar lá. Não falaram que era a versão dele, mas eu ouvi e vi que estava diferente. Brendan é incrível, então, não dá para criticá-lo, mas eu estou próximo demais do produto original, me acostumei com o antigo, então, não curti.”
Pearl Jam e “Ten”
Lançado em 25 de agosto de 1991, “Ten” foi registrado com orçamento na casa dos US$ 25 mil, valor considerado baixo para os padrões fonográficos da época. Mesmo assim, os músicos conseguiram convencer a gravadora a realizar a mixagem na Inglaterra.
Quatro faixas foram lançadas como single: “Alive”, “Even Flow”, “Jeremy” e “Oceans”. A gravadora tentou promover “Black no formato, mas a banda recusou alegando se tratar de uma canção de conteúdo muito pessoal para ser usada como peça promocional.
Foi o único a contar com o baterista Dave Krusen. Chegou ao segundo lugar na parada norte-americana, vendendo mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo. Ganhou disco de ouro no Brasil.
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