Ao longo de seus quase 40 anos de existência, o Rock in Rio contou com inúmeras apresentações memoráveis. O festival, por exemplo, trouxe bandas como Iron Maiden e Guns N’ Roses pela primeira vez ao Brasil e também foi cenário de dois shows históricos do Queen, na edição inaugural de 1985.
Entre tantos momentos, um se sobressai aos outros, na opinião de Roberto Medina. Em entrevista a jornalistas selecionados pela produção (via O Globo), o empresário e criador do evento elegeu o melhor show já ocorrido no Rock in Rio e explicou o motivo.
Curiosamente, para ele, as performances de James Taylor na primeira edição acabaram sendo as mais marcantes, como declarou:
“Muitos eu classificaria como imperdíveis. Mas o que mais me tocou, o favorito, foi o do James Taylor, em 1985. O James fui eu quem escolhi. Ele não fazia mais shows, vivia isolado num rancho. Fui até lá e o convenci. E esse foi o único show que eu vi inteiro no primeiro Rock in Rio, era uma operação de louco aquilo, não consegui ver nada. Mas aquele eu fiz questão. Como era figura carimbada já, coloquei óculos escuros e boné e fui para a fila do gargarejo. Uma lua linda. Inesquecível.”
Apesar do trabalho excessivo à época, o empresário parou tudo para acompanhar James Taylor de perto. Quem garantiu foi Luiz Felipe Carneiro, autor do livro “Rock in Rio: a História do Maior Festival de Música do Mundo”, em entrevista concedida ao canal Corredor 5, transcrita pelo Whiplash, em 2022.
“O Roberto Medina hoje pode relaxar mais no Rock in Rio, porque tem uma equipe grande. Ele está mais velho e quer curtir, embora trabalhe para cacete de qualquer forma. Em 1985, ele estava na frente resolvendo as coisas. Ele falou que o único momento que ele quis se dar de folga foi no show do James Taylor. Ele botou um boné e óculos escuros e foi caminhando no meio da galera. Foi uma aposta dele. O James Taylor estava aposentado numa fazenda e ele ressuscitou. Se não tivesse tido o Rock in Rio, talvez não existia James Taylor hoje em dia.”
James Taylor e Rock in Rio
Quando chegou na metade da década de 80, o veterano James Taylor estava em um dos piores momentos de sua vida.
A parte profissional estava complicada: o artista estava com poucos shows e vinha de uma sequência de discos não muito aclamada. No âmbito pessoal, piorou. Ele havia se separado da também cantora Carly Simon, estava lidando com a morte de amigos próximos e parecia já sufocado pelo vício em drogas.
A situação fez Taylor considerar seriamente a aposentadoria da carreira musical – até que surgiu o convite para que ele participasse do primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985.
Foram duas apresentações no evento. A primeira, segundo o próprio, mudou sua vida: ele foi escalado para o dia 12, o mesmo em que tocaram Ivan Lins, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Al Jarreau e George Benson fechando a noite. Já a segunda data, no dia 14, o trouxe como atração principal.
Em entrevista de 1995, após retomar os bons rumos na carreira na segunda metade da década de 80, o cantor declarou mais uma vez o que sentiu durante a apresentação no festival brasileiro.
“Eu meio que cheguei no fundo do poço. Me pediram para ir até o Rio de Janeiro para tocar neste festival lá. Juntamos a banda, fomos para lá e a reação foi incrível. Eu toquei para 300 mil pessoas. Eles não apenas conheciam a minha música: eles sabiam coisas sobre ela e estavam interessados em aspectos dela que até aquele ponto só interessavam a mim. Ter esse tipo de validação bem quando eu estava realmente precisando dela. Isso me ajudou a voltar aos trilhos.”
James Taylor gostou tanto do Brasil que retornou para shows em outras cinco ocasiões: 1986, 1993, 1994, 2001 (novamente no Rock in Rio) e 2017. Além disso, voltou a lançar discos, com “That’s Why I’m Here” (que contém “Only a Dream in Rio”) saindo em outubro daquele mesmo ano de 1985.
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