O The Who foi um dos primeiros modelos de bandas que ofereciam uma performance explosiva – em alguns casos literalmente – nos palcos. Sim, figuras como Little Richard e até mesmo Elvis Presley já levavam fãs à loucura anteriormente. Mas os britânicos se valiam do fator surpresa, pois o público não sabia qual dos quatro integrantes iria oferecer algo fora dos padrões.
Não à toa, o grupo serviu como referência do que poderia ser um show para todas as gerações posteriores. O U2 foi um exemplo assumido.
Em 1990, Bono foi convidado a fazer o discurso de indução de Pete Townshend, Roger Daltrey, John Entwistle e Keith Moon – à época, já falecido – no Rock and Roll Hall of Fame.
Disse o vocalista irlandês, conforme transcrição do Far Out Magazine:
“Mais do que qualquer outro grupo que já existiu, o The Who foi nosso modelo. Eu os amo e os odeio por isso. Eles entregavam mais do que qualquer outro e tiveram muito sucesso. A fé e a dúvida de Pete Townshend me deram muita coragem. Nós do U2 temos orgulho de fazer parte de uma tradição que os mantém elevados.”
O fim do The Who?
No dia 28 de agosto do ano passado, o The Who realizou o derradeiro show da turnê “Hits Back!”, que contou com participação de diferentes orquestras na América do Norte e Europa. Desde então, nada mais aconteceu no universo da banda britânica.
Aparentemente, a situação não deve se modificar. Quem garante é o vocalista Roger Daltrey. O cantor de 80 anos deixou claro não imaginar que a banda – hoje resumida a uma dupla com o guitarrista Pete Townshend – volte a ter atividades.
Ele disse ao jornal britânico The Times, em janeiro de 2024:
“Não posso dar uma resposta definitiva. Eu não escrevo as músicas. Nunca escrevi. Precisamos sentar e ter uma reunião. Porém, no momento, estou feliz em dizer que essa parte da minha vida está encerrada.”
A declaração ecoa a do colega de jornada, dita no final do ano passado. Durante conversa com a revista Record Collector (via Blabbermouth), Townshend foi franco ao dizer que pretende se reunir com Daltrey para definir o que fazer no futuro. Aos 78 anos, o músico e compositor não descartou qualquer possibilidade. Incluindo o desfecho da carreira.
“Acho que é hora de Roger e eu almoçarmos e conversarmos sobre o que acontecerá a seguir. Porque Sandringham (condado inglês onde o último concerto aconteceu) não deveria parecer o fim de nada, mas parece o fim de uma era.”
A dupla se mantém unida como únicos integrantes oficiais do grupo. De qualquer modo, Pete não adianta qualquer conclusão.
“É uma questão de analisar, realmente, o que é viável, o que seria lucrativo, o que seria divertido? Então, escrevi para Roger e disse: ‘Vamos conversar e ver o que há.’”
Caso a situação se confirme, o The Who sai de cena com seis décadas de carreira e mais de 100 milhões de discos vendidos em todo o planeta.
Número 1 com orquestra
Lançado no início de 2022, o álbum “The Who with Orchestra Live at Wembley” chegou ao topo da Billboard Classical Charts. Como o nome deixa claro, se trata de uma parada voltada a discos que se encaixam no contexto da música clássica – o que a simples presença da orquestra já torna o play qualificado a disputar.
O resultado é histórico por marcar a primeira vez que a banda inglesa chega ao topo de um chart nos Estados Unidos. Até então, os melhores resultados haviam sido o 2º lugar de “Quadrophenia” em 1973, “Who Are You” em 1978 e “Who” em 2019, todos obtidos na Billboard 200, principal ranking da indústria americana.
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Seria ótimo para os fãs do The Who um show de desfecho real para eles, algo como “the last concert of the earth” ou algo assim. É uma banda que, tal qual o Deep Purple, influenciou profundamente várias gerações de músicos, mais do que Led Zeppelin ou Black Sabbath, e merece um desfecho epopeico.