Apesar de ser classificada como uma banda de rock para todos os efeitos, o Jethro Tull sempre se valeu de influências externas. A ponto de, em determinados momentos, Ian Anderson e companhia terem até mesmo incluído composições que não possuem qualquer relação com o gênero. Porém, para todos os efeitos, o grupo se encaixa no amplo guarda-chuva que abriga diferentes grupos e estilos.
De qualquer modo, Anderson não se considera um roqueiro de carteirinha. E não se trata de uma mudança que o tempo trouxe. Ele garante que jamais foi um daqueles adeptos ferrenhos. A declaração pode até surpreender – talvez decepcionar – parte dos fãs, mas não deixa de fazer certo sentido.
Disse o vocalista e multi-instrumentista, em entrevista ao site IgorMiranda.com.br:
“Nunca fui um grande fã de rock. Em meados dos anos 1970, eu estava em turnê nos Estados Unidos e todos os lugares estavam tocando esse tipo de música. No elevador, no carro, no rádio, em todos os lugares, todo tempo. Isso que se chama de classic rock ou seja lá o que for. Eu fiquei saturado disso, simplesmente não queria mais ouvir rock – e não ouço. Ouvi tanta coisa na minha adolescência e com 20 poucos anos que não preciso mais ter influências na minha vida. Já tenho grandes exemplos e ótimos tipos de música do qual posso aprender. À essa altura, não quero ser influenciado pelo que outras pessoas estão fazendo no rock. Por isso, não escuto muita coisa.”
O que muda a situação é quando recebe convites para participar de álbuns de outros artistas do gênero. Ele completa:
“Às vezes ouço porque as pessoas me pedem para tocar em seus discos, então vejo o que elas estão fazendo. Tento entender a música, o que estão tentando fazer com ela e como posso contribuir. Mas é só nesse tipo de situação que escuto rock.”
A relação do artista com o prog
Mais tarde, logo após ter comentado a recente colaboração com o Opeth, Ian comentou o que o rock progressivo representa em sua vida e se ainda considera a si mesmo um admirador ou parte desse movimento, por assim dizer.
“Tudo que já gostei ainda gosto. Volto deliberadamente para ouvir, pois sei que significou muito para mim na adolescência e ainda pode me satisfazer. Eu diria que 90% do que eu revisito ainda me satisfaz. Mas algumas coisas podem ser decepcionantes, pois não soam bem tocadas ou não são músicas tão boas. Algumas desapontam, mas não vou mencionar nomes, pois a maioria é de gente que já está morta, o que seria injusto. Mas claro, há coisas que resistem ao teste do tempo.”
Ian Anderson e Jethro Tull
Nascido em Dunfermline, Escócia, Ian Scott Anderson começou a se interessar por música graças aos discos de jazz e big bands do pai, além da primeira geração do rock and roll.
Destacou-se como vocalista e multi-instrumentista no Jethro Tull. A banda vendeu mais de 60 milhões de discos em todo o mundo, fundindo influências prog, folk e de hard rock em sua sonoridade. Também deu início a uma carreira solo nos anos 1980. Recentemente, os dois grupos se tornaram um só, levando o nome do conjunto.
Produziu e participou de discos do Steelye Span, Renaissance, Blackmore’s Night, Honeymoon Suite, The Darkness, Uriah Heep, James Taylor e Billy Sherwood, entre outros.
Nos últimos anos foi nomeado membro da Ordem do Império Britânico e Doutor Honorário em Letras pela Universidade de Abertay, em reconhecimento às contribuições à cultura local.
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