No início dos anos 1990, o Megadeth alcançou o maior sucesso comercial da carreira. Não dava para imaginar que a banda retrocederia e promoveria uma volta às raízes naquele momento. Porém, como sempre, a fama traz a necessidade por concessões. E foi aí que Dave Mustaine ficou descontente.
Em entrevista ao canal colombiano Alejandrosis, o líder do grupo recapitulou o período, começando pela repercussão imediata. Como não dá para brigar contra os resultados, o elogio foi inevitável.
Disse o vocalista e guitarrista, conforme transcrição do Ultimate Guitar:
“O ‘Youthanasia’ foi certificado como platina quando foi lançado. Foi a primeira vez que isso aconteceu para nós. Não foi nosso primeiro disco de platina, mas foi o primeiro que já saiu da caixa como platina, e isso foi uma grande conquista para nós.”
Porém, logo a seguir, Mustaine começou a despejar suas lamentações. A principal envolvia a atuação do produtor Max Norman.
“Max achava que deveríamos diminuir a velocidade de todas as músicas para 120 batidas por minuto. Quando você ouve acompanhado por um metrônomo, percebe que elas são todas muito lentas. E eu não queria participar disso. No final do álbum, acredito que foi o fim da nossa equipe de produção. Quando se trabalha em conjunto, você tem que fazer concessões. Mas isso foi demais. Somos uma banda de metal, você não pode ter tudo em 120 BPM. Era óbvio que o objetivo era alcançar as rádios.”
“Seguir uma fórmula suga a criatividade”
Ano passado, ao podcast de Jeremy White – novamente repercutido pelo Ultimate Guitar – o músico havia feito as mesmas reclamações.
“Todas as faixas começaram a assumir uma estrutura de faixa de rádio. O Megadeth não tinha músicas baseadas em estrutura de verso-refrão-solo. Começávamos a composição, falando sobre um monte de merda, fazendo um monte de jam e trocando solos, tipo gritando no final e depois dando o fora até o final da execução. Seguir uma fórmula suga a criatividade. Por isso fizemos mudanças logo a seguir.”
Megadeth e “Youthanasia”
Sexto álbum do Megadeth, “Youthanasia” trazia a banda buscando uma sonoridade mais próxima do mainstream, impulsionada pelo sucesso de “Countdown To Extinction” (1992), seu trabalho anterior. As sessões foram conturbadas, com os outros músicos demandando maior liberdade criativa em relação a Dave Mustaine, que já admitiu ter cedido até certo ponto.
Maior sucesso comercial, a balada “À Tout le Monde” causou controvérsia, com fãs e setores da mídia associando a letra a um manifesto suicida. O videoclipe chegou a ser banido na MTV americana. “Youthanasia” chegou ao 4º lugar no The Billboard 200, arrematando disco de platina por mais de um milhão de cópias vendidas.
A turnê de divulgação iniciou e terminou na América do Sul. Primeiro, a banda veio para shows próprios, com o The Almighty como atração de abertura. Depois, no Monsters Of Rock, junto de Ozzy Osbourne, Alice Cooper e Faith No More, entre outros.
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