Um novo livro sobre os Beatles chegará ao mercado em breve. “All You Need Is Love” promete trazer a transcrição de entrevistas íntimas — muitas delas, inéditas — de todos os membros do Fab Four, bem como de outras pessoas próximas, realizadas entre 1980 e 1981.
As conversas em questão aconteceram durante a criação de outro livro, o bestseller “The Love You Make: An Insider’s Story of the Beatles”, lançado em 1983 (via NME). Ambos são assinados por Steven Gaines e Peter Brown, assistente pessoal do conhecido empresário da banda, Brian Epstein.
Entre o conteúdo apresentado, está uma história envolvendo um estranho encontro de John Lennon com Mick Jagger. Segundo o relato, os artistas acabaram em tal situação no ano de 1969, quando Allen Klein assumiu a função de gerenciar os Beatles após a morte de Epstein.
À época, o profissional demitiu todos os funcionários que trabalhavam com os músicos — o que gerou certa desconfiança por parte de Paul McCartney. Para completar o problema, ele teria oferecido “um milhão de dólares para que Yoko Ono financiasse seu projeto cinematográfico”.
Enfim, o próprio Brown decidiu convocar uma reunião com o quarteto e chamar Jagger, a fim de que o cantor explicasse um pouco mais sobre Klein. Ele havia trabalhado como manager dos Rolling Stones em 1965, mas, alguns anos depois, o frontman optou por substituí-lo, por não considerá-lo uma pessoa confiável.
Enquanto rolava a reunião, Lennon, surpreendentemente, chamou Klein para comparecer à conversa — o que não era o intuito. Como o vocalista dos Stones tinha suas suspeitas em relação ao homem — que abrangiam roubo de royalties e direitos de publicação —, a ocasião o deixou extremamente desconfortável, de acordo com os autores:
“De seu jeito maravilhoso, John Lennon fez Klein aparecer na mesma reunião, o que foi profundamente vergonhoso e deixou Mick muito desconfortável.”
Mick Jagger, John Lennon e Allen Klein
A morte do empresário Brian Epstein foi o começo do fim dos Beatles enquanto unidade. A banda continuaria gravando álbuns geniais pelos três anos seguintes, mas não havia alguém para “colocar ordem na casa”. E a coisa só piorou quando Allen Klein foi chamado para assumir a função.
Anteriormente, o manager havia trabalhado com os Rolling Stones. Mick Jagger tentou avisar os amigos sobre o erro que estavam cometendo. Chegou a telefonar para John Lennon, que não deu ouvidos. Ao contrário, acabou convencendo George Harrison e Ringo Starr de que seria a ação correta.
Paul McCartney nunca concordou. No livro “Paul McCartney: Many Years From Now”, de Barry Miles, ele lembrou, conforme transcrição de Showbiz CheatSheet:
“Nós, os Beatles, estávamos todos reunidos na grande sala de reuniões e perguntamos a Mick como era Klein. Ele disse: ‘Bem, se você gosta desse tipo de coisa, ele serve.’ Não disse: ‘Ele é um ladrão’, embora Klein já o tivesse arrancado todos os direitos autorais naquela época.”
Macca queria que Lee Eastman, pai de sua futura esposa, Linda Eastman, assumisse os assuntos da banda. Seus companheiros sentiram que isso o colocaria em uma vantagem injusta e argumentaram contra. Ainda assim, Jagger chegou a escrever um bilhete a Paul, como lembrou Peter Swales, assistente do vocalista.
“Jagger me deu um bilhete em um envelope para entregar à Apple endereçado a Paul. Foi um aviso, talvez em solidariedade a ele. Foi no sentido de ‘Não chegue perto dele, ele é um cachorro. Ele é um bandido’.”
Após o rompimento dos Beatles, os integrantes ainda levariam três anos para conseguir se livrar dele. Em registro do livro “The Beatles Diaries Volume 2: After the Breakup”, Lennon reconheceu:
“Há muitas razões pelas quais finalmente lhe demos o empurrão, embora eu não queira entrar em detalhes sobre isso. Digamos que possivelmente as suspeitas de Paul estavam certas… e era a hora certa.”
Em 1980, Allen Klein chegou a ser preso por dois meses após fraudes em declarações de imposto terem sido constatadas. Morreu em 2009, após anos de luta contra o diabetes e problemas cardíacos. Yoko Ono e Sean Lennon compareceram ao funeral, realizado em Nova York.
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