O Queen era notório, entre outras coisas, pelas brigas durante as gravações. O vocalista Freddie Mercury chegou a descrever a banda como “quatro galos brigando” e geralmente sobrava para um produtor ou músico de estúdio o papel de “organizador da rinha”. Mas mesmo assim, não era nada comparado a grupos como o Guns N’ Roses, para quem conheceu ambos.
Em matéria da Classic Rock sobre o álbum “The Works” (1984), é dito que durante as gravações desse disco, cabia ao músico de apoio Fred Mandel e ao produtor Reinhold Mack acalmar os ânimos quando as coisas ficavam complicadas. Mandel, que foi responsável por sintetizadores e teclados, explica como as brigas se davam — e faz a comparação com o grupo de Axl Rose.
Ele diz:
“Os caras do Queen eram racionais, inteligentes. Quando estavam juntos, eles eram como os quatro mosqueteiros, mas havia discórdia. Não estou dizendo que eles não eram rock and roll, mas eles não eram como o Guns N’ Roses, discutindo sobre beber um quinto de Jack (Daniel’s, marca de whisky). Com eles era mais provável que a discussão fosse sobre a envergadura de uma borboleta.”
O guitarrista Brian May confirma que a treta era um elemento presente no Queen, mas sempre com um objetivo em mente:
“Oh, nós discutíamos sobre tudo. Mas normalmente era pelo bem da música. Todos nós acreditávamos passionalmente no que estávamos fazendo.”
Queen e “The Works”
Lançado em 27 de fevereiro de 1984, “The Works” invadiu as paradas em 16 países. Embora não tenha alcançado o primeiro lugar, permaneceu por impressionantes 94 semanas nas paradas do Reino Unido, marcando o período mais longo para um álbum de estúdio do Queen, e conquistou a 14ª posição entre os álbuns mais vendidos do ano no país.
Nos Estados Unidos, atingiu o número 23, garantindo o Disco de Ouro ao superar a marca de 500 mil cópias vendidas. Globalmente, as vendas ultrapassam a marca de 6 milhões de cópias.
Para Brian May, o disco de “I Want to Break Free”, “Radio Ga Ga” e “Hammer to Fall” é um reflexo do seu tempo, um produto moldado pela revolução dos sintetizadores que ocorria na época:
“O ano em que os sintetizadores mudaram e nós mudamos, é isso que posso dizer. No início, os sintetizadores eram muito mecânicos e não transmitiam emoção. Mas, ao ver pessoas como Stevie Wonder, que consegue fazer o sintetizador falar da mesma forma que se pode com a voz ou uma guitarra, então nos convertemos. Não abandonamos totalmente os sintetizadores, mas eles estão lá para certas coisas e é divertido usar essas coisas também. Muito do ‘The Works’ é uma síntese dos dois tipos e quase uma batalha entre os dois tipos, uma batalha entre as máquinas.”
Por outro lado, Roger Taylor atribui ao disco uma importância diferente, destacando o significado mais profundo que o álbum teve para ele e seus colegas em um momento de descontentamento:
“Acho que percebemos que trabalhar é algo realmente importante em sua vida e você não pode simplesmente sentar e não fazer nada, é a pior coisa possível.”
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