Desde o seu surgimento na década de 1980, o Sepultura passou por algumas mudanças na formação. Para se ter ideia, o primeiro vocalista e guitarrista do grupo era Wagner “Antichrist” Lamounier, que sairia em 1985 e logo se juntaria ao Sarcófago.
Sem dúvida, a alteração mais expressiva aconteceu em 1996, quando o fundador, guitarrista e vocalista Max Cavalera deixou a banda por conflitos pessoais – sendo substituído por Derrick Green. Cerca de uma década depois, seu irmão e baterista Iggor Cavalera também saiu do grupo.
Já mais recentemente, Eloy Casagrande, após quase treze anos, decidiu “se dedicar a outro projeto”. Greyson Nekrutman (Suicidal Tendencies) ficou com a função de empunhar as baquetas na turnê de despedida “Celebrating Life Through Death”, iniciada no último mês de março.
Para Andreas Kisser, a troca de integrantes é absolutamente normal dentro de uma banda, sobretudo no meio do metal, em que muitas alterações acabaram bem-sucedidas. Por isso, o guitarrista não entende a resistência de certa parcela do público quanto às mudanças no Sepultura.
Durante entrevista ao canal Rockast, transcrita pelo site, o músico refletiu a respeito da questão. Exemplificando, mencionou o Slipknot — curiosamente, grupo que seria especulado como o próximo trabalho de Casagrande. Ao seu ver, a banda mascarada continuou sua trajetória sem grandes críticas mesmo após inúmeras baixas na formação.
“Só a gente não pode trocar de membros. [Olha] a história do heavy metal. Slipknot acho que teve 18 membros e ninguém fala nada. O que é o Slipknot? O Número 1 [Joey Jordison] e o Número 2 [Paul Gray], que eram meus amigos, morreram. E tudo bem, ninguém fala nada [sobre mudanças de integrantes]. Muito injusto isso.”
Depois, citou outras bandas que mudaram de vocalista e que, ainda assim, permaneceram no auge. Aproveitou a oportunidade para destacar que quem “abandonou o barco” foram Max e Iggor e que coube aos membros remanescentes do Sepultura reerguer o que restou do grupo.
“Van Halen, AC/DC, Black Sabbath, olha o tanto de banda que continuou com trocas. Eu acho tão normal. Eu não sei porque a gente é acusado de continuar com o nome [indevidamente]. Primeiramente, eles [Max e Iggor] abandonaram o nome, as coisas boas e as coisas ruins, que a gente teve que consertar.”
Andreas Kisser e mudanças
Anteriormente, Andreas Kisser já havia manifestado o mesmo tipo de opinião. Ao Terra Entretê em 2011, declarou:
“Parece que somos a única banda que mudou de membro. A gente escuta muito: ‘Cavalera isso, Cavalera aquilo’, que não somos mais o Sepultura. Mas, cara, o Sepultura é o que é.”
Já no ano passado, em entrevista ao podcast “Prática na Prática”, apresentado pelo ex-integrante do Sepultura Jean Dolabella, o músico explicou que, em seu ponto de vista, ainda há um temor muito grande quanto a mudanças – não só na música, mas no geral. No entanto, em cutucada ao ex-colega Max, afirmou que as trocas fazem parte da vida e que é preciso aceitá-las.
“Tem que ter o respeito ao presente. No caso do Sepultura, precisamos sempre dar chance para o crescimento e não ficar preso em uma época da sua vida e ficar lá para sempre. É um erro o que o Max faz até hoje de tentar buscar isso ainda, sabe? Ficar no ‘Roots’, falando a mesma coisa. Toda entrevista que ele dá, fala sobre o mesmo assunto. O cara tem tanta chance de fazer coisas diferentes com uma galera. É preciso aceitação e não ter medo da mudança. As pessoas têm pavor da mudança, mas como você chegou aqui? Com várias mudanças. Não existe isso. A mudança faz parte, tudo muda.”
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