A filmagem de shows — ou trechos deles — com celulares é um hábito comum na era digital, mas que conta com opiniões fortes contra. Músicos como Scott Ian (Anthrax) já reclamaram muito, enquanto o Tool simplesmente coloca para fora qualquer pessoa que for pega no flagra. Já Steve Vai, tão veterano quanto os citados, acha a prática razoável e tenta ver o lado bom.
Em entrevista ao músico e youtuber Rick Beato (via Ultimate Guitar), o guitarrista relembrou como era antigamente. Equipamentos de filmagem eram bem maiores, mais desconfortáveis de carregar e mais fáceis de serem encontrados pela segurança dos shows. Quando isso acontecia, a brincadeira geralmente acabava na hora.
“Houve um período, no início, em que você se tornava um produto do seu condicionamento. Então, foi condicionado a mim que você simplesmente não fazia isso (filmar). Eles não permitiam e tinha regras muito restritivas. Nós costumávamos colocar pessoas para fora durante os shows para encontrar alguém com uma daquelas câmeras VHS gigantes.”
Com o tempo, Vai mudou sua abordagem sobre o assunto. Agora, o guitarrista tenta enxergar o lado bom de ter gente filmando, ainda mais com o advento dos smartphones.
A inspiração veio a partir da “beleza” que os apreciadores de bootlegs (gravações não oficiais de shows) veem no produto final, mesmo sem muita qualidade sonora. Ele disse:
“Depois de um tempo… realmente depende de como você escolhe olhar para isso. O jeito que eu escolhi olhar para isso é: isso é ótimo. Pode não soar ótimo quando as pessoas estão nos shows e então postam. Mas existem algumas pessoas… um monte de pessoas, aqueles pequenos registros nos shows, eles significam muito. E eles estão por aí e eu acho que são ótimos. Seria legal se soassem bem, mas há até mesmo um charme na forma como não soam bem, às vezes.”
Zakk Wylde concorda com Steve Vai
Steve Vai não está sozinho nessa: outro guitarrista que também é a favor dos fãs filmando as apresentações é Zakk Wylde (Ozzy Osbourne, Black Label Society, Pantera, Zakk Sabbath). O assunto surgiu em uma conversa dele com o mesmo Rick Beato.
O músico explica, segundo transcrição do site:
“Quando estou com amigos, alguém sempre diz: ‘olha que chato, as pessoas estão ali com seus celulares filmando o show’. Aí eu digo: ‘ok, se nós fôssemos assistir ao Led Zeppelin amanhã e tivéssemos 15 anos de idade, aí Jimmy Page faria seu solo com o arco de violino, nós iríamos filmar, né?’. A resposta é: ‘sim, é verdade’. A conversa acaba. [Risos] Faríamos a mesma coisa.”
Wylde também não tem problemas com a questão que muitos levantam, de que as pessoas filmando não estão aproveitando a experiência do show. Para ele, há plateias e plateias.
“As pessoas estão assistindo ao show enquanto filmam. Isso não me incomoda, não dou a mínima. Para mim, não quer dizer que não estão se divertindo. Apenas há diferentes plateias, com diferentes coisas. Outras plateias são mais envolvidas com o show, mas há outras que também curtiram de forma diferente.”
O líder do Black Label Society e do Zakk Sabbath confere até uma importância histórica aos vídeos amadores, o que faz sentido se pensarmos, como ele, na falta de registros de alguns artistas do passado. Ele disse:
“Quando reclamam que é chato filmar, eu digo: ‘bem, eu queria que tivéssemos câmeras tão facilmente quando Randy Rhoads estava por aqui’. Não há filmagens de ‘Saint Rhoads’. Seria muito legal se as pessoas tivessem suas câmeras. Não estariam reclamando hoje de não haver filmagens.”
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