Steve Vai já trabalhou ao lado de Ozzy Osbourne no passado. O guitarrista colaborou com o cantor no anos 1990, aparecendo na faixa “My Little Man” — presente no disco “Ozzmosis” (1995). Ainda, como contou no ano passado, gravou outras demos para o mesmo projeto, nunca lançadas ou finalizadas.
Fato é que a parceria não teve continuidade. Durante uma entrevista datada de 1995, revelada recentemente pelo jornalista Marc Allan (via Ultimate Guitar), o instrumentista virtuoso explicou o motivo.
Segundo o próprio, a dinâmica entre ambos no estúdio funcionava. Não só no quesito profissional, mas também no pessoal, já que se divertiu muito com as histórias contadas pelo Madman e com os momentos que compartilharam.
“Primeiro de tudo, eu me diverti muito trabalhando com Ozzy. Ele é um dos caras mais engraçados com quem já trabalhei. Quando ele se abre e começa a falar, conta muitas histórias. Foi muito bom. Ele tinha gravado um disco com sua antiga banda, mas eles meio que se separaram e todo mundo começou a fazer coisas solo. E eles precisavam de algumas músicas. Então me ligaram e eu me reuni com o Ozzy.”
Como mencionado, os dois compuseram juntos para o que tornou-se o álbum “Ozzmosis”. Apesar de apenas uma única colaboração ter aparecido no tracklist, a dupla criou muito mais material. O problema foi a gravadora, que considerou as gravações um tanto quanto pesadas demais e barrou uma participação maior do guitarrista, como declarou:
“Gostamos muito de tudo o que estávamos fazendo, então íamos refazer o disco e engavetar o resto. Eu estava compondo coisas pesadas. Músicas com afinação em C com um efeito de oitava. Era como se seus testículos crescessem só de ouvir. E isso só assustou a m#rda da gravadora. E eles disseram: ‘mandem o Vai embora’.”
À época, Vai não descartou a possibilidade de reunir-se com o Príncipe das Trevas novamente. No entanto, isso acabou não acontecendo.
“Temos um monte de coisas guardadas e conversamos sobre, talvez um dia, nos reunirmos e gravarmos. Mas teria sido muito caro e levaria muito tempo para eu fazer o disco inteiro. Além disso, Ozzy já tinha muita coisa gravada com Zakk. E mais, Zakk é o parceiro do Ozzy, eles formam uma boa equipe.”
Ozzy Osbourne e “Ozzmosis”
Sétimo trabalho de estúdio de Ozzy, “Ozzmosis” marcou a retomada da carreira do Madman após sua primeira aposentadoria. A banda de apoio contou com Zakk Wylde na guitarra (substituído na turnê por Joe Holmes), Geezer Butler no baixo, Rick Wakeman nos teclados e Deen Castronovo na bateria. Vendeu mais de 3 milhões de cópias em todo o mundo.
À época, Osbourne retomava sua carreira solo após um anúncio de aposentadoria que ele não cumpriu. Wylde, que retornaria posteriormente, havia saído para trabalhar em seus próprios projetos. Foi quando Steve Vai se envolveu.
Em 2023, causou alvoroço uma declaração de Steve ao Eonmusic dizendo ter um álbum completo gravado com Ozzy. A coisa escalonou de tal modo que o guitarrista precisou ir às redes sociais para se explicar. Na outra declaração, o músico diz não possuir faixas finalizadas, apenas algumas ideias registradas em modo provisório.
Embora tenha culpado “clickbaits” da mídia — que apenas repercutiram algo realmente dito —, ele confirmou ter se passado nos comentários, ao invés de usar o subterfúgio de dizer que foi “mal interpretado” ou que teve suas falas “tiradas de contexto”, como muitos fazem quando a situação aperta. Ele afirmou:
“Em uma entrevista recente, falei um pouco descuidadamente sobre ‘ter um álbum completo com Ozzy’ e as manchetes clickbait se tornaram virais. Para esclarecer, Ozzy e eu nos reunimos por volta de 1996 e passamos algum tempo tentando encontrar algumas músicas em potencial para um álbum que ele já havia gravado pela metade. Esse álbum mais tarde saiu como ‘Ozzmosis’. Fizemos demos de um punhado de faixas e então havia um monte de faixas que eu criei para ele conferir.
Ele acabou escolhendo uma música para usar em seu disco e essa é ‘My Little Man’. Foi regravada com sua banda e ficou ótima. Apenas uma outra faixa demo daquelas sessões tinha um vocal zero de Ozzy e eu entreguei todas as fitas do master para a gravadora e guardei as de segurança das faixas que eu construí pessoalmente. Ao todo, havia (há) música suficiente para um álbum inteiro, mas precisariam ser regravadas. As demos são roteiros irregulares, não o objetivo.
Eu, como muitos fãs de Ozzy, adoraria se houvesse um álbum secreto escondido de Ozzy em algum lugar, apenas para ser revelado aos nossos ouvidos surpresos em um momento futuro, mas não viria dessas sessões. Sinto muito pela confusão.”
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