David Gilmour anuncia primeiros shows em 8 anos — e repertório pode te desagradar

Guitarrista já indicou em entrevista que próximas apresentações não devem trazer músicas do Pink Floyd gravadas na década de 1970

O guitarrista David Gilmour confirmou seus primeiros shows completos desde 2016. As apresentações, primeiras em divulgação ao novo álbum Luck and Strange, acontecem em uma temporada de seis noites no Royal Albert Hall, em Londres, Inglaterra.

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Os compromissos se dão entre 9 e 15 de outubro. O local escolhido, curiosamente, é o mesmo onde ele havia realizado suas últimas performances ao vivo, também em uma temporada, em setembro de 2016.

Fãs que encomendaram “Luck and Strange” em pré-venda poderão participar de uma etapa exclusiva de comercialização de ingressos na próxima quinta-feira (9). Já na sexta-feira (10) seguinte, as entradas estarão disponíveis para aquisição a todos.

Marcado para sair em 6 de setembro, “Luck and Strange” também põe fim a um longo hiato: primeiro álbum de estúdio de Gilmour em 9 anos. Em entrevista à Uncut, o músico de 78 anos já havia entregado os planos de se apresentar ao vivo, inclusive cogitando uma turnê.

Embora admita não gostar muito de estar na estrada, David confirmou que uma tour seria a única forma de disseminar suas novas canções. Ele também antecipou uma mudança que pode gerar controvérsia: os repertórios não devem incluir músicas lançadas pelo Pink Floyd nos anos 1970 — talvez devido à sua relutância de cantar letras escritas por Roger Waters. Ele falou:

“É, acho que outras décadas podem ser melhor representadas. Digo, pelo menos, uma faixa dos anos 60. A que a gente sempre fez no passado é ‘Astronomy Domine’ [do álbum ‘The Piper at the Gates of Dawn’, de 1967]. Essa sempre é divertida de tocare coloca o público num estado alegre pra começar. Existem também canções dos álbuns ‘Momentary Lapse of Reason’ (1987) e do ‘The Division Bell’ (1994). Digo, acho que ‘High Hopes’ é tão boa quanto qualquer outra coisa que fizemos em qualquer outra era.”

Mudança na banda de apoio

Ainda durante o bate-papo, David Gilmour comentou sua decisão de mudar completamente sua banda de apoio na última turnê. Ao abordar suas razões para fazer isso, declarou:

“Era tudo robótico demais, e algumas pessoas estariam melhores numa banda tributo ao Pink Floyd. Então pensei que era melhor arrumar pessoas genuinamente criativas e lhes dar mais espaço. Esse é o plano. Então teremos alguns caras mais jovens juntos de Guy [Pratt] e as irmãs Webb, que cantaram com Leonard Cohen em suas últimas turnês.”

Por fim, o músico revelou também esperar que a turnê, ainda não confirmada, lhe dê o impulso necessário para trabalhar em canções novas. Sessões de gravações já estão planejadas para o período após os shows ainda não anunciados. Gilmour falou:

“A turnê vai praticamente me forçar a concentrar em compor mais canções. Digo, a gente tem bem mais peças de música pela metade com as quais podemos trabalhar. A intenção é lançar algo além desse álbum o mais rápido possível.”

Vale lembrar que a turnê mais recente de David, promovendo o álbum “Rattle That Lock”, passou pelo Brasil no fim de 2015. Com shows em São Paulo (duas datas), Curitiba e Porto Alegre, a ocasião marcou a única visita do guitarrista ao país para apresentações ao vivo.

David Gilmour e “Luck and Strange”

“Luck and Strange” será lançado em 6 de setembro. Em comunicado, o eterno guitarrista do Pink Floyd conta que o sucessor de “Rattle That Lock” (2015) começou a ser desenvolvido durante a pandemia de covid-19. Porém, há uma colaboração que remete a tempos anteriores: a faixa-título apresenta teclados gravados em 2007 por Richard Wright, falecido no ano seguinte ao registro.

Ainda de acordo com o material à imprensa, a escritora Polly Samson, esposa de Gilmour e responsável pelas letras, contou que a ideia por trás das composições reflete “o ponto de vista de se estar mais velho”. “A mortalidade é uma constante”, completou.

Por sua vez, David refletiu:

“Passamos muito tempo durante e após o lockdown conversando e pensando sobre esse tipo de coisa.”

Para este álbum, seu quinto em carreira solo, o músico trabalhou com o co-produtor Charlie Andrew (Alt-J, Marika Hackman). De acordo com o protagonista, Andrew trouxe uma nova perspectiva.

“Convidamos Charlie para ir à nossa casa, então ele ouviu algumas demos e disse coisas como: ‘Bem, por que tem que haver um solo de guitarra lá?’ e ‘Todas essas músicas acabam com fade-out? Algumas delas não podem simplesmente acabar normalmente?’. Ele tem uma maravilhosa falta de conhecimento ou respeito pelo meu passado. Ele é muito direto e nada intimidado. E eu adoro isso. Isso é muito bom para mim, porque a última coisa que você quer é que as pessoas simplesmente se submetam a você.”

Outros colaboradores incluem Guy Pratt (músico frequente do Pink Floyd), Steve Gadd e Roger Eno, entre outros. A capa é de Anton Corbijn e foi inspirada em uma letra escrita por um dos filhos de Gilmour, Charlie, para a faixa final do álbum, “Scattered”.

Há outros familiares envolvidos: Romany Gilmour toca harpa e faz vocais principais em “Between Two Points” (cover de Montgolfier Brothers), enquanto Gabriel Gilmour canta backing vocals no geral. O guitarrista comenta:

“Polly e eu criamos juntos há mais de 30 anos e as particularidades ao vivo da nossa série de livestreams da pandemia Von Trapped Family mostraram a grande mistura da voz de Romany e do jeito de tocar harpa. Isso nos levou um pouco a uma sensação de descartar um pouco do passado que eu me sentia obrigado a revisitar, que poderia descartar essas regras e fazer o que queria. Isso foi uma grande alegria.”

David Gilmour — “Luck and Strange”

  1. Black Cat
  2. Luck and Strange
  3. The Piper’s Call
  4. A Single Spark
  5. Vita Brevis
  6. Between Two Points (cover de Montgolfier Brothers)
  7. Dark and Velvet Nights
  8. Sings
  9. Scattered

Faixas bônus da edição em CD:

  1. Yes, I Have Ghosts
  2. Luck and Strange (original barn jam)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

3 COMENTÁRIOS

  1. Ele tem canções suficientes para embalar várias apresentações e pode se dar ao luxo de desprezar jóias como o Dark Side ou The Wall. Sai Comfortably Numb mas fica In Any Tongue… O show dele em São Paulo, simples, sem a grande produção do circuito, foi um dos melhores presentes que recebi. Um músico fantástico e, acima de tudo, sensível. E soube seguir em frente.

  2. Entendi tudo…. Quer fazer mais um álbum ruim para mostrar que sabe fazer além do estilo do Pink Floyd… Muito legal isso…… Mas pra quem é fã do estilo Pink Floyd é bem frustrante pois estamos com anseios de algo tão bom quanto The Division Bells… Pink Floyd me ensinou ser um cara absurdamente exigente nos mínimos detalhes….. Fui na última turnê do Roger e foi simplesmente terrível se tivesse como processa-lo por propaganda enganosa eu teria feito…. Como falei anteriormente o próprio Pink Floyd tornou seus fãs exigentes d+++ para um álbum mais ou menos…. E infelizmente comparativos e cobranças sempre vão existir é preço de produzir algo próximo a perfeição e depois lançar algo com padrão empenho e capricho inferior.

  3. Vai desagradar só os fãs modinha que só conhecem o básico de Pink Floyd. Quem conhece a carreira solo do Gilmour sabe da altíssima qualidade das músicas mais recentes dele.

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