A figura de Roger Waters como o contestador letrista ou meticuloso produtor às vezes nos faz até esquecer se tratar de um baixista. Sua função instrumental no Pink Floyd acabou servindo como mero pano de fundo para o que realmente o fazia se sobressair, que eram as composições, cheias de observações importantes, além de sarcasmo quando necessário.
David Gilmour não fugiu da raia quando perguntado sobre o assunto em 1992, durante entrevista à revista Musician. O guitarrista e vocalista foi questionado sobre como se sentia em relação à performance do antigo colega e desafeto. E não mediu palavras, como esperado.
Ele disse, conforme resgate do Rock and Roll Garage:
“Roger desenvolveu seu próprio estilo limitado ou muito simples. Ele nunca gostou muito de se aprimorar como baixista. Metade do tempo eu tocava o baixo nos discos. Porque eu tendia a fazer isso mais rápido, desde aqueles primeiros álbuns. Quero dizer, pelo menos metade do instrumento em todas as gravações desde então era eu, de qualquer maneira.”
O músico ainda deixou claro que nem ele nem o antigo parceiro de empreitada viam a situação como um problema.
“Bem, acho que já foi dito que gravei o baixo muitas vezes. Mas certamente não é algo que saímos falando por aí. Rog costumava chegar e dizer ‘muito obrigado’ para mim de vez em quando por ter vencido as pesquisas como melhor baixista na imprensa.”
David então foi questionado se foi ele quem tocou o baixo fretless na clássica faixa “Hey You” do álbum “The Wall” (1979).
“Sim. Roger tocando baixo sem trastes? Por favor! (risos)”
“Nunca fui um baixista”
Na mesma publicação, Roger Waters reconheceu que se aprimorar na função nunca esteve entre suas metas.
“Nunca fui baixista. Nunca toquei nada. Eu toco guitarra um pouco nos discos e também o baixo. Porque às vezes quero ouvir o ‘som’ que faço quando bato numa corda com uma palheta ou com o dedo. Faz um som diferente do que qualquer outra pessoa faz, para mim. Mas nunca me interessei em tocar baixo. Não estou interessado em tocar instrumentos e nunca estive.”
Em 2020, falando à Rolling Stone, Guy Pratt se aprofundou no tema. Ele, que assumiu a função no Pink Floyd pós-Waters, afirma:.
“David tocou metade dos baixos desses álbuns e eu nunca vi Roger como um baixista. Ele era mais como um grande conceitualista. Eu achava engraçado quando os fãs diziam, tentando me elogiar: ‘você é um baixista tão bom quanto Roger Waters’. Minha resposta era tipo: ‘bem, obrigado, mas eu preferia ter composto The Wall’.”
Guy segue com Gilmour, tendo gravado o álbum “Luck and Strange”, a ser lançado no próximo dia 6 de setembro. Também acompanha o baterista Nick Mason no Saucerful of Secrets, projeto dedicado a resgatar material dos primeiros álbuns do Floyd.
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Falar mal de Roger é um contrassenso total. Poderia não tocar nada mas era o gênio do grupo na maioria mediano, Gilmour deveria agradecer todos os dias pela oportunidade que teve no pink.
Juro que eu não sabia
Juro que não sabia
Juro mesmo
E correção monetária