O Iron Maiden não é uma banda democrática? Bruce Dickinson responde

Vocalista entende que não existe estrutura no trabalho em equipe que respeite a todos de forma igualitária

Não é segredo para ninguém que o Iron Maiden possui duas lideranças: o baixista Steve Harris na parte artística e o empresário Rod Smallwood na administração. Isso não transforma a banda em um regime totalitário – até porque democracia envolve a adoção de figuras que centralizam o processo em suas mais diversas vertentes.

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Durante recente passagem pelo Brasil, Bruce Dickinson participou do programa “Conversa com Bial”, da Rede Globo. Nela, foi questionado sobre como acontece o processo de envolvimento de todos os membros da banda. E se colocou como a terceira figura decisiva nessa estrutura.

Disse o cantor, conforme nossa transcrição:

“A verdade é que não há equipe amplamente democrática. Um time de futebol não é uma democracia. É preciso ter um treinador, um capitão, uma estratégia e as pessoas que irão segui-la. Mas sim, podemos discordar e discutir.”

Para o frontman, até mesmo as brigas fazem parte do processo – o que aconteceu várias vezes na história da própria banda da qual faz parte.

“Quando somos apaixonados por algo, nós brigamos. Às vezes podemos ter áreas em que o técnico dirá: ‘Quer saber? Não cuido do departamento de fisioterapia. Se o responsável disser que tenho que fazer isso e isso, é o que faremos’.”

“É uma questão de sermos tolerantes”

Mas e no caso do Iron Maiden, como seria? Há possibilidade de manifestação livre? Dickinson responde:

“Nós dividimos as coisas e parece funcionar de maneira bem natural, orgânica. Se o Steve quiser muito fazer algo musicalmente eu digo ‘tudo bem’. Adrian (Smith, guitarrista) e eu compomos juntos e, se funcionar, ótimo. Caso não dê certo, sem problemas. Nós convivemos e é bem legal.”

Bruce finaliza exaltando o segredo da convivência. E ressalta que é preciso respeitar as diferenças entre os envolvidos.

“É uma questão de sermos tolerantes uns com os outros. Não somos iguais, temos interesses e atitudes distintas. Fomos colocados nesse lugar juntos enquanto banda. Não nos conhecíamos desde a infância. Provavelmente eu nunca teria conhecido Steve Harris sem o Iron Maiden. Nunca conheceria Nicko McBrain se ele não fosse o baterista. Mas todos evoluímos juntos e acabamos formando um tipo de família porque toleramos, cuidamos e amamos uns aos outros.”

Bruce Dickinson e Iron Maiden no Brasil em 2024

A entrevista com o jornalista Pedro Bial aconteceu durante a mais recente turnê solo de Bruce Dickinson. O vocalista esteve no Brasil para sete apresentações divulgando o recém-lançado álbum “The Mandrake Project”.

O Iron Maiden volta ao país no final de 2024 para dois shows. Ambos acontecem no Allianz Parque, em São Paulo, dias 6 e 7 de dezembro. A banda dinamarquesa Volbeat será responsável pela abertura.

Atualmente, o grupo realiza a turnê “The Future Past”, com repertório concentrado nos álbuns “Somewhere in Time” (1986) e “Senjutsu” (2021).

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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