A clássica música do Led Zeppelin desacreditada por John Paul Jones

Composição foi registrada no álbum “Presence” e contava com grande significado pessoal para o vocalista Robert Plant

Entre os vários momentos épicos da carreira do Led Zeppelin, “Achilles Last Stand” se sobressaiu pela explosão de musicalidade unida a uma ambientação climática única. A faixa gravada para o álbum “Presence” (1976) abre o tracklist com 10 minutos de ousadia rítmica de forma que poucas atrações ligadas ao hard rock se atreveriam naquele período.

O curioso é que, dentro da própria banda, nem todos acreditavam no potencial da composição. O baixista e tecladista John Paul Jones tinha um pé atrás em relação à finalização da música.

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A revelação foi feita por Jimmy Page em entrevista ao jornalista Dave Schulps, um ano após o lançamento oficial.

Conforme resgate do Far Out Magazine, ele declarou:

“John Paul Jones não achava que eu conseguiria ter sucesso no que estava tentando fazer. Ele disse que eu não poderia fazer uma escala em uma determinada seção, que simplesmente não funcionaria. Mas aconteceu.”

Seguindo o conceito temático, Page planejou criar uma “qualidade épica” para que a faixa não soasse simplesmente como duas longas “seções repetidas”. O guitarrista disse:

“A ideia era dar à peça uma identidade totalmente nova, orquestrando as guitarras, algo que já faço há algum tempo.”

Protagonismo na composição

Quatro décadas depois, durante conversa com a Rolling Stone, Jimmy foi além e tomou total protagonismo da peça para si. Ele confessou que nenhum dos três colegas tinha muita fé no resultado.

“Para ser sincero com você, os outros caras não entenderam. Pensavam: ‘Ele enlouqueceu? Ele sabe o que está fazendo?’ Mas, no final, a imagem ficou clara. Era como uma pequena vinheta cada vez que algo diferente acontecia.”

Robert Plant e “Achilles Last Stand”

Em 2023, durante entrevista à revista Vulture, Robert Plant falou sobre o significado de “Achilles Last Stand”. Na ocasião, o cantor foi questionado sobre qual canção da carreira do Led Zeppelin carregaria maior ligação com o aspecto místico que caracterizou a banda em vários momentos.

“Pode não ser imediatamente reconhecível como tal, mas eu escolheria ‘Achilles Last Stand’. Grande parte da minha contribuição lírica e melódica se faz presente nessas canções de jornada. Pense em ‘No Quarter’, ‘The Song Remains the Same’, ‘Kashmir’ ou ‘Ramble On’. Quando adolescente, fui atraído pelo trabalho de C.S. Lewis e Lewis Spence, além das obras então desconhecidas, ou quase esquecidas, de J. R. R. Tolkien. Mais tarde, na adolescência, comecei a ler Beowulf e as sagas, que refletiam uma espécie de conexão mais profunda com as ilhas, que são minha casa. Sou um sujeito do Black Country, de Staffordshire.”

Porém, o frontman também fez questão de destacar que a analogia da letra foi feita a partir de um problema pessoal que enfrentava à época.

“No caso de ‘Achilles Last Stand’, passei algum tempo na Grécia, provavelmente cerca de seis ou sete meses, depois de um acidente de carro em 1975. Não conseguia andar. A letra dessa música em particular refere-se à necessidade absolutamente desesperada de sair da prisão, da cadeira de rodas ou de toda a síndrome de estar preso onde quer que eu esteja. Eu ansiava por voltar para as montanhas do Atlas, para o lugar onde havia consolo e alegria, mas ao mesmo tempo, intriga e aventura.”

Led Zeppelin e o álbum “Presence”

Todas as faixas de “Presence” são creditadas a Robert Plant e Jimmy Page, exceção a “Royal Orleans”, atribuída à banda toda. O grupo não se valeu de teclados durante as sessões, além de ter limitado bastante o uso de violões.

O álbum chegou ao primeiro lugar nos Estados Unidos e Inglaterra. Vendeu mais de 7 milhões de cópias em todo o mundo. Não houve turnê de divulgação. Apenas duas canções foram tocadas ao vivo pela banda: a própria “Achilles Last Stand” e “Nobody’s Fault But Mine”. Posteriormente, Page e Plant executariam “Tea For One” em seus shows como duo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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