Para Slash, dentre tantas músicas criadas pelo Black Sabbath, há uma com o riff “mais pesado da história”. Segundo o guitarrista do Guns N’ Roses, “nenhuma outra banda conseguiu se aproximar daquilo”. Trata-se de “Sabbath Bloody Sabbath”, que, curiosamente, quase acabou descartada.
Tudo começou quando o Sabbath finalizou a turnê em divulgação ao álbum anterior, “Vol. 4” (1972). De acordo com relato de Geezer Butler, os músicos estavam exaustos e precisavam urgentemente de um descanso. Para piorar, enfrentavam problemas financeiros relacionados ao empresário Patrick Meehan.
O baixista explicou em entrevista ao apresentador Matt Pinfield, transcrita pela Ultimate Guitar:
“Bem, decidimos fazer uma pausa depois que lançamos o ‘Vol. 4’. Viajamos por todo o mundo e estávamos absolutamente exaustos. Tony [Iommi] estava acabado no final da turnê ‘Vol. 4′ e disse [para nosso empresário]: ‘você sabe que não podemos continuar com esse ritmo, temos que descansar’. E nós dissemos: ‘e a propósito, podemos ver nossas contas bancárias?’. Havia cinco anos que não víamos as contas.”
A dinâmica interna só piorava, gerando uma desmotivação nos integrantes. À época, parecia o fim da estrada, nas palavras do músico:
“Não íamos fazer mais nenhum álbum ou turnê se não tivéssemos dinheiro. E assim tiramos um tempo. Não vimos nada na conta, claro, porque ele tinha roubado todo o dinheiro, e pensamos que aquele era o fim da banda. Fizemos todo esse trabalho e não ganhamos nada financeiramente, então qual era o sentido de continuar?”
Ainda havia uma certa esperança de que conseguiriam criar um novo material juntos. Porém, ao reunirem-se para o que seria um “último ensaio”, perceberam a gravidade dos bloqueios criativos do guitarrista Tony Iommi, que atuava como o “combustível” da banda em estúdio.
“Nos reunimos para um último ensaio e não conseguimos chegar a nada. Estávamos todos esperando Tony criar um riff. Estávamos tão exaustos e não tínhamos nada para mostrar. Nós apenas dissemos: ‘bem, não vale a pena’. E assim seguimos caminhos separados.”
Assim, decidiram dar um tempo, até, eventualmente, tentarem mais uma vez – como já é conhecido, mudando os ares e passando a gravar em um castelo do século 18 com fama de mal-assombrado. Foi quando surgiu o riff de “Sabbath Bloody Sabbath”, que não só virou a faixa-título do álbum lançado em 1973, como deslanchou a composição de todo disco.
“Eventualmente, dissemos: ‘bem, vamos dar mais uma chance’. E Tony veio com o riff de ‘Sabbath Bloody Sabbath’.”
Black Sabbath e a composição de “Sabbath Bloody Sabbath”
Para gravar seu quinto disco de estúdio, o plano da banda era o mais óbvio possível. Eles voltariam à mansão de Bel Air, em Hollywood, onde viveram e compuseram o aclamado “Vol. 4” (1972).
No entanto, depois de um mês, o guitarrista e cérebro da banda, Tony Iommi, teve que aceitar a dura verdade: ele estava sofrendo com um bloqueio criativo, o que afetava todo o grupo.
A solução seria uma mudança de ares, que levou o grupo de volta para a Inglaterra em setembro de 1973. O castelo de Clearwell, localizado na floresta de Dean, em Gloucestershire, foi o destino de Tony Iommi, Geezer Butler, Ozzy Osbourne (vocal) e Bill Ward (bateria).
Assim, em pouco tempo, Iommi teve a ideia de um de seus riffs mais famosos: o da faixa-título de “Sabbath Bloody Sabbath”. Em material do box set “Black Box” (2004), Butler descreveu o sentimento da banda quando o guitarrista superou o problema.
“Quando Tony surgiu com o riff de ‘Sabbath Bloody Sabbath’, foi quase como ver seu primeiro filho nascendo. Era o fim de nossa seca musical, o começo de nossa nova direção, uma afirmação de vida. Significava que a banda tinha um presente – e um futuro – de novo.”
Também explicou o significado da letra, que contextualizava todo momento difícil vivido pelo Sabbath anteriormente (via Songfacts):
“A letra de ‘Sabbath Bloody Sabbath’ era sobre a experiência do Sabbath, os altos e baixos, os bons e os maus momentos, os roubos, o lado comercial de tudo. A frase ‘bog blast all of you’ era direcionada ao críticos, à indústria fonográfica como um todo, aos advogados, aos contadores, à gerência e todo mundo que estava tentando lucrar com a gente. Foi um discurso violento para todos.”
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