“Forever” não é apenas um novo álbum do Bon Jovi, mas um lembrete de por que amamos a banda há tanto tempo. Tampouco se limita a celebrar quarenta anos de história, pois oferece, também, um vislumbre do que ainda está por vir e proporcionando um mergulho profundo na alma do vocalista Jon Bon Jovi.
Sejam todas ou nenhuma das opções acima, ouvir o décimo sexto disco de estúdio do grupo logo após assistir à série documental “Thank You, Goodnight” é como completar um ciclo emocional. O seriado nos prepara para o álbum ao expor os desafios enfrentados pelo grupo ao longo dos anos, especialmente os problemas vocais de Jon nos últimos anos. Com sua franqueza, ele desperta uma empatia que nos acompanha durante toda a audição do disco. É como se nos dissesse para apreciar não apenas a música, mas também testemunhar, e comemorar junto dele, seu triunfo pessoal.
Ao contrário do politicamente engajado “2020”, que colheu dados ao redor, “Forever” olha para trás e para dentro. O resultado é uma jornada nostálgica e introspectiva que captura a essência da banda enquanto reflete sobre a passagem do tempo e as mudanças pessoais, de pessoal — como a saída do guitarrista Richie Sambora e as chegadas de Phil X e do percussionista Everett Bradley — e musicais, meio que oficializando o produtor John Shanks na vice-presidência da corporação. É como se cada música fosse um capítulo, e, embora a energia ressoe de maneira contagiante, as letras revelam que a inspiração veio tanto dos altos quanto dos baixos compartilhados pelo núcleo Jon, David Bryan (teclados) e Tico Torres (bateria).
A abertura “Legendary” com sua mensagem edificante já dita o tom autobiográfico a ser perpetuado até os últimos sulcos. Mais adiante, “Living Proof” (ou “It’s My Life II”) revive o familiar efeito talk box, criando uma ponte entre o ontem e o hoje do grupo. Esse passado se manifesta também em “The People’s House” — reminiscência de “I’ll Sleep When I’m Dead” de “Keep the Faith” (1992) — e “Walls of Jericho”, um sing-along raiz ao estilo da clássica “Born to Be My Baby”, cujo único defeito é a ausência da segunda voz de Sambora.
A disposição da banda em experimentar novos sons e estilos, enquanto mantém a assinatura que a tornou tão reconhecível, apresenta resultados variados. Para cada “Seeds”, há uma “Living in Paradise”. Algumas faixas, apesar da profundidade emocional, soam um tanto genéricas, como “Kiss the Bride” (homenagem à filha de Jon, Stephanie, pronta para se casar) e “We Made It Look Easy”, que relembra momentos marcantes de uma carreira multiplatinada.
A dobradinha final, “My First Guitar” e “Hollow Man”, são o que há de mais pessoal e reflexivo. A primeira narra a descoberta da música e os primeiros passos na caminhada musical de Jon, enquanto a última lista aprendizados e nos lembra da resiliência e da preparação para enfrentar o que quer que o futuro reserve.
Muito foi dito a respeito de como “Forever” foi resultado da colaboração entre todos os integrantes. Às primeiras escutas, isso não fica tão evidente. A ausência de solos de guitarra memoráveis como os que Richie costumava gravar talvez seja o principal indicativo.
Por fim, nunca é demais lembrar que o glam metal dos anos 1980 ficou para trás, mas músicas pegajosas e letras sentimentais, mesmo em uma roupagem pop-rock adulto, continuam sendo a regra. Portanto, quando ouvir que “Forever” é um retorno à essência do Bon Jovi, entenda: uma coisa é evocar nostalgia demonstrando crescimento e maturidade; outra é meramente viver de passado. Como diz o título da faixa-bônus japonesa: “That Was Then, This Is Now” (“Aquilo foi antes, isto é agora”).
*“Forever” estará disponível via Universal Music Group a partir desta sexta-feira (7). Clique aqui para fazer o pré-save.
Bon Jovi — “Forever”
1. Legendary
2. We Made It Look Easy
3. Living Proof
4. Waves
5. Seeds
6. Kiss the Bride
7. The People’s House
8. Walls of Jericho
9. I Wrote You a Song
10. Living in Paradise
11. My First Guitar
12. Hollow Man
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