Mexer com astros pop na era das redes sociais e do livre acesso a informações não é algo bom. Que o diga o Foo Fighters. Após a recente provocação de Dave Grohl a Taylor Swift durante show da banda na Inglaterra, a banda teve um esqueleto retirado do armário: o apoio a uma ONG negacionista da aids, ocorrido no início do século.
A conexão começou em janeiro de 2000, quando o grupo realizou um show em apoio à Alive & Well. A organização defendia a ideia de que o HIV era um vírus inofensivo e, na verdade, o que causaria o avanço da doença seria justamente o uso dos medicamentos retrovirais que ajudam a mantê-la sob controle.
O maior incentivador foi o baixista Nate Mendel, após ler o livro “E Se Tudo Que Você Ouviu Sobre Aids Estiver Errado?”, publicado pelos conspiracionistas em 1996. Os colegas compraram o discurso. Há um registro em vídeo onde Dave Grohl fala – conforme resgate do Tenho Mais Discos Que Amigos –, a 2min3seg:
“Eu acho que a maioria das pessoas está com muito medo da aids. Acho que as pessoas foram ‘forçadas’ a acreditar que é uma sentença de morte.”
Até o ano de 2003, o Foo Fighters mantinha em seu site um link da Alive & Well, mencionando a entidade como uma instituição recomendada a receber apoio dos fãs. À época, o Ministério da Saúde dos EUA publicou uma nota oficial (via The Monthly) em que disse:
“O Foo Fighters estar promovendo essa ideia é algo extraordinariamente irresponsável. Não há dúvidas sobre a ligação entre o HIV e a aids na comunidade científica, e é muito ruim que a banda adote essa teoria depois de ler apenas um livro. Dizer que o HIV não causa aids é como dizer que a Terra não é redonda.”
Nate Mendel chegou a se defender durante entrevista à revista Mother Jones, onde argumentou:
“Esta matéria trata os nossos esforços com muita ironia. Eu não sou médico, e sou relativamente novo nesse assunto, mas estou convencido de que as pessoas que testaram positivo para o HIV e as pessoas que estão doentes de aids não estão recebendo todas as informações disponíveis.”
A divisão entre os fãs do Foo Fighters
Desde o resgate do caso, os fãs estão divididos nas redes sociais. Alguns ficaram surpresos com a revelação e disseram que irão abandonar a banda. Outros ressaltaram a mudança de pensamento, o desvinculamento das ideias e o reposicionamento. Também destacaram que Grohl e companhia tomaram uma série de atitudes em anos recentes que indicam uma nova postura.
Por outro lado, os próprios defensores também reconhecem que o grupo nunca veio a público combater a desinformação que ajudou a disseminar outrora. Ao contrário, o conteúdo simplesmente foi apagado e o assunto jamais voltou a ser abordado. Talvez esteja aí uma oportunidade.
Threads sobre o assunto podem ser conferidas no X/Twitter clicando aqui e aqui (é preciso estar logado).
Alive & Well e Christine Maggiore
A Alive & Well foi criada por Christine Maggiore. Ela foi diagnosticada soropositiva em 1992. Porém, contestou o resultado durante toda a vida. O auge da polêmica veio em 2002 quando, grávida, não adotou nenhuma medida de risco, fazendo com que sua filha, Eliza Jane Scovill, fosse contaminada.
Eliza morreu em 2005, aos 3 anos, de complicações ligadas ao vírus. Ainda assim, sua mãe continuou negando a causa, alegando ter sido uma reação à amoxicilina que lhe foi administrada no hospital. A própria Christine faleceu em 27 de dezembro de 2008, aos 52 anos de idade.
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A ignorância é como uma bola de neve, basta um leigo incrédulo jogar uma bolinha de neve lá de cima, para que os emocionados agreguem massa. Quando a bola chega lá embaixo, está tão gigante que o estrago já foi feito. Foi assim com a AIDS, com as vacinas, com a terra redonda, que pra eles é plana. Quem precisa de ciência, medicina e tecnologia, anos e anos de estudos, quando se tem esses EPN? Especialistas em Porr Nenhuma?