Antes de se tornar uma das figuras mais representativas do punk nacional, João Gordo já era um roqueiro de carteirinha. E um álbum específico foi responsável por levá-lo de vez pelo caminho. Trata-se de um disco que sedimentou de vez o sucesso de uma banda americana, que havia alcançado fama com um lançamento ao vivo meses antes.
Em postagem no seu Instagram, no ano de 2021, o vocalista do Ratos de Porão exaltou “Destroyer” (1976), trabalho icônico do Kiss. A obra consagrou de vez as figuras heroicas incorporadas por Gene Simmons (baixo e voz), Paul Stanley (guitarra rítmica e voz), Ace Frehley (guitarra solo) e Peter Criss (bateria e voz).
Escreveu João:
“Em 1976 esse discaço mudou minha vida completamente iniciando minha saga de roqueiro pauleira inimigo da sociedade … isso a 45 anos atrás!!!”
“Quando eu conheci o Kiss f*deu…”
Em 2022, durante entrevista a Rafinha Bastos no podcast Mais que 8 Minutos, João já havia falado sobre como se iniciou no mundo do Rock. Ele contou, conforme transcrição do TMDQA:
“Nos anos 70, o Rock and Roll — antes da Disco — era uma realidade. Você escutava Rita Lee no rádio, escutava Raul Seixas, escutava Zé Rodrix, escutava um monte de coisa que era Rock. […] Na rádio tocava Rock, na rádio AM. Tocava Suzi Quatro, tocava Led Zeppelin, tinha a rádio Excelsior — ‘Excelsior, a máquina do som’ — e rolava o Rock.
Depois que pintou a Disco, aí f*deu tudo. Na Globo tinha um programa, que era de sábado, e chamava Rock Concert. Duas horas da tarde, quem apresentava era o Nelson Motta. Era uns bagulhos gringos, de banda gringa lá dos Estados Unidos, uns shows ao vivo. Sábado duas da tarde! […] Então, naquela época, já tinha assistido [ao] Kansas, [ao] UFO. Eu gosto de UFO desde que eu sou criança!”
Mas foi justamente a banda mascarada que o “converteu” de vez. Ele relembra:
“No ginásio eu comecei a conhecer os caras que tinham os discos, eram roqueiros. Aí via os caras mais velhos andando com o disco do Queen debaixo do braço, o ‘News of the World’, aquele do robô que era uma capa impactante, os Led Zeppelin, Kiss… Aí quando eu conheci Kiss meio que f*deu, né. Comecei a desenhar Gene Simmons em tudo que é lugar, nos cadernos e tudo. E meu pai, PM, meio doido, me enchia de porrada. Eu pintava as camisetas, ele ia lá e rasgava.”
Kiss e “Destroyer”
Quarto trabalho de estúdio do Kiss, “Destroyer” marcou uma ruptura com o rock básico dos primeiros discos, abraçando novas e mais trabalhadas sonoridades, fruto da parceria com o produtor canadense Bob Ezrin, já reconhecido à época pelas colaborações com Alice Cooper. Vendeu mais de 2 milhões de cópias nos Estados Unidos só no primeiro ano após o lançamento.
O profissional do som incorporou uma série de elementos às composições, incluindo jogo de cordas, corais infantis e efeitos sonoros, além de técnicas como a gravação invertida de instrumentos, especialmente a bateria.
Também foi a primeira vez que um músico de fora substituiu um integrante oficial, prática que se tornaria corriqueira posteriormente. Dick Wagner, guitarrista de Alice e Lou Reed, gravou o solo em “Sweet Pain” e o violão em “Beth”. Cantada pelo baterista Peter Criss, a segunda se tornou o maior sucesso comercial da carreira da banda, chegando ao 7º lugar na parada de singles americana e ganhando o People’s Choice Award em 1977.
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