A família de Francis Stueber, técnico de guitarra de Paul Stanley que faleceu de covid-19 em outubro de 2021, obteve sua primeira vitória na Justiça sobre o Kiss. Na última sexta-feira (21), uma corte de Los Angeles determinou que o caso deve ser levado adiante, após a banda e seus representantes terem tentado uma anulação.
A viúva Catherine Stueber entrou com o processo junto a vários membros da família contra Stanley, Gene Simmons e o empresário de longa data do grupo, Doc McGhee. A ação perpetrada em outubro de 2023 alega negligência e homicídio culposo. A Live Nation, promotora da turnê, também foi nomeada como ré, assim como a rede de hotéis Marriott, onde o funcionário morreu.
Os acusados alegavam que os reclamantes já haviam aceitado um acordo de US$ 250 mil ano passado. Porém, conforme repercutido pela Rolling Stone, os advogados entendem que o acerto não incluía nominalmente os processados, mas a marca Kiss.
Francis trabalhou em todas as turnês do Kiss, além de shows solo de Stanley, de 2002 até sua morte, em outubro de 2021. Também atuou nos bastidores com Heart, The Offspring e REO Speedwagon. Ele contraiu covid-19 durante uma turnê da banda mascarada e faleceu, aos 53 anos, em um quarto de hotel na cidade de Detroit, apenas dois após ser colocado em quarentena.
A apelação da família Stueber
Em documento exposto no final de 2023, a família apresentou as alegações contra a banda e seus representantes. Dizia o texto:
“Como resultado direto e imediato da condição perigosa criada pelos réus, o falecido sofreu danos fatais. Por consequência, os requerentes também sofreram danos, incluindo, mas não se limitando a despesas de funeral e enterro, a privação permanente do companheirismo amoroso, conforto, assistência, serviços e contribuições financeiras, além de apoio moral do falecido em valor conforme prova em julgamento.”
Também foi relatado que:
“A falha em aplicar ou ter políticas ou procedimentos adequados contra a Covid-19 causou um surto da doença entre os membros da banda e o pessoal da turnê. Os réus, e cada um deles, seja por meio de atos e/ou omissão de ação, violaram seu dever para com os requerentes por sua produção, operação, inspeção, supervisão, gestão e controle negligentes sobre a The End of the Road Tour, resultando na morte.”
A versão do Kiss
Dias após o ocorrido, ainda em outubro de 2021, o Kiss reagiu às acusações. A banda divulgou comunicado se defendendo depois que um grupo de seus roadies sugeriu à revista Rolling Stone que a falta de protocolos aplicados na turnê levou à morte de Stueber.
“Estamos profundamente despedaçados com a perda de Francis. Ele foi um amigo e colega de 20 anos, não há como substituí-lo. Milhões de pessoas perderam alguém especial devido a este vírus horrível e encorajamos todos a serem vacinados. Nossa turnê mundial ‘End Of The Road’ respeita os protocolos de segurança COVID em vigor. Na maioria das vezes até mesmo excedemos as diretrizes federais, estaduais e locais. Porém, em última análise, ainda é uma pandemia global e simplesmente não existe uma maneira infalível de fazer uma turnê sem algum elemento de risco.”
Em fevereiro de 2023, o cabeleireiro de longa data da banda, David Mathews, já havia os acusado de não ter fornecido o devido apoio a Francis. Em documentos obtidos pelo TMZ, ele afirma que o empresário do grupo, Doc McGhee, e o vocalista e guitarrista Paul Stanley não lidaram bem com a situação.
Preocupado com o diagnóstico e isolado no hotel, o técnico de guitarra teria pedido ao cabeleireiro para entrar em contato com Stanley a fim de que pudesse ser levado ao hospital.
O processo aponta que após encontrar o vocalista no camarim e ressaltar o medo do profissional em relação ao seu estado de saúde, Stanley ligou para Stueber e o aconselhou a procurar ajuda médica, sob a justificativa de que a doença “não perde tempo”. No entanto, McGhee teria dito ao cabeleireiro que o técnico não queria ir ao hospital.
Então, de acordo com Mathews, o cantor e guitarrista telefonou novamente para Stueber e solicitou que ele, de fato, fosse ao médico. O empresário da banda, por sua vez, prometeu que um representante da produtora Live Nation, responsável pela turnê, o levaria até o hospital.
Segundo o relato do cabeleireiro, isso nunca aconteceu. Cerca de uma hora depois, em vez de ser encaminhado para um hospital, McGhee explicou para Mathews que Stueber estava fazendo um teste com um medidor de oxigênio, para verificar se realmente havia necessidade de procurar socorro. O responsável pela acusação avalia:
“Infelizmente, ficou evidente que o sr. McGhee não agiu em tempo hábil. O representante da Live Nation só chegou na manhã seguinte. Quando entraram no quarto do Sr. Stueber, por volta de 1h da manhã, ele foi encontrado morto.”
Além da alegação de negligência, David Mathews também processou o Kiss pelos seguintes motivos listados abaixo:
- rescisão de contrato injusta – já que, em suas palavras, foi demitido após uma matéria da revista Rolling Stone da qual não teria participado sobre a negligência do grupo em relação à covid-19;
- falta de pagamento;
- violação de leis trabalhistas.
A banda não se pronunciou sobre o assunto em qualquer momento posterior.
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