A resposta de Paul Stanley a quem critica sua voz e pede que ele pare de cantar

Músico do Kiss reconhece que não tem o mesmo desempenho vocal de antes e recomenda que público insatisfeito "deixe de ouvir"

Em seus últimos anos de Kiss, Paul Stanley recebeu uma série de críticas quanto à sua voz. Com o passar do tempo, o cantor e guitarrista começou a lidar com problemas vocais, apresentando dificuldades para atingir tons mais agudos e, em alguns casos, até mesmo manter a afinação.

Em 2011, chegou a enfrentar uma cirurgia nas cordas vocais no intuito de se recuperar. Diante da tentativa de “mascarar” as dificuldades, foi acusado de usar playback nas turnês mais recentes, como a despedida “End of the Road”, realizada entre 2019 e 2023. 

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Por isso, em sua primeira entrevista desde o fim da banda, o assunto virou um dos tópicos. O bate-papo foi conduzido pela jornalista Allison Hagendorf, também responsável por comandar a livestream do show derradeiro em Nova York, no último mês de dezembro.

Conforme transcrição do site, tudo começou quando a profissional mencionou o atual estado de Jon Bon Jovi. Como noticiado, o vocalista do Bon Jovi realizou uma cirurgia vocal e segue em fase de recuperação. Assim como o Starchild, o cantor também lidou com comentários negativos a respeito do próprio desempenho no palco.

Em resposta, Paul disse “lamentar” pela dor de Jon. Aproveitou para defender a si próprio e os colegas de profissão veteranos como um todo, ao comparar as habilidades de um vocalista as de um atleta.

Ele declarou:

“Fico triste por Jon e parece que cantar envolve um certo tipo de atletismo. Nenhum atleta é hoje o que era há 30, 40 ou 50 anos. Há poucos cantores que conseguem chegar perto do que fizeram antes. E eu entendo, eu ouço coisas que fiz há 30, 40 anos e ainda sei como fazê-las. Mas não consigo mais. Robert Plant [Led Zeppelin] não mudou seu estilo de cantar só porque descobriu uma alternativa diferente. Você encontra saídas porque precisa seguir em frente.”

Continuou, mencionando Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, como uma das únicas exceções: 

“Fora Bruce Dickinson [Iron Maiden], quantas pessoas você conhece, e eu tiro meu chapéu, que conseguem fazer o que fizeram antes? Nem Michael Jordan consegue. Ninguém consegue. Quando as pessoas diziam ‘você não soa como no ‘Kiss Alive’ [1975]’, então eu penso que, se você quiser ouvir [minha voz assim], vá ouvir o álbum. Coloque o ‘Kiss Alive’ para tocar. É simplesmente ridículo, você não é mais como era antes.”

Por fim, o artista reconheceu que envelhecer traz consequências profissionais. É nesse momento que fãs, antes admiradores do seu trabalho, deixam de ficar satisfeitos com o nível executado. Nesses casos, o melhor é que essa parcela do público pare de te ouvir e entenda que é seu direito continuar fazendo o que ama. 

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“Envelhecemos e isso é uma dádiva. Mas você se torna quase como uma mercadoria. E o interessante é que as pessoas que amam você podem de repente te rejeitar e dizer: ‘eu quero lembrar de como ele era antes’. Bem, então não escute mais ou não vá nos shows. As pessoas que te fizeram feliz um dia têm o direito de continuar fazendo o que as deixa felizes. E esse é o direito delas. Por causa da sua paixão pelo que faz, se te dizem para parar, é um absurdo. Não vou parar. Você pode parar de assistir. Você pode parar de ouvir. Então, sim, há turnês em que as pessoas não apresentam o que apresentavam antes. E tudo bem, se for te decepcionar, não vá.”

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Vocalista x Atleta

Para ilustrar a questão, Paul Stanley usou a mesma comparação entre performar no palco e ser um atleta em ocasiões anteriores. Conversando com o G1 em 2015, por exemplo, o vocalista e guitarrista não só fez a analogia, como ainda citou o Pelé:

“Ninguém canta da forma como já fez, não é possível. Nenhum atleta tem o mesmo desempenho de sempre, esse é o lado humano da coisa. Robert Plant, Roger Daltrey [The Who], [David] Coverdale [Whitesnake], a lista continua. Não é uma questão de soar como fazia há 20, 30 ou 40 anos, só importa que cante bem. Sua voz muda, tom muda, o que quer que seja muda e isso se torna irrelevante. O que importa é: ‘você está satisfazendo seus fãs?’. Mohammed Ali foi o mesmo lutador por toda sua carreira? Não! Pelé foi [o mesmo jogador]? Não. Isso é parte de ser um ser humano.”

Já para o cantor Richard Marx em 2020, como parte da série “Social Distancing”, mencionou justamente o exemplo do “Alive!” (via Blabbermouth):

“Minha voz é o que era há 20 anos, 30, 40? Não, um grande atleta não consegue replicar o que fez em seus primeiros anos. Portanto, tendo a pensar em mim dessa forma. Porque os vocais que fiz no passado quase eram de natureza atlética, e não é possível fazer da mesma forma neste momento. Alguém virá até mim e dirá: ‘Você não soa como em ‘Kiss Alive’. Isso foi há quase 50 ou 45 anos. E eu disse, ‘se você deseja me ouvir soar assim, coloque o álbum.’ Hoje isso não é mais possível.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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