John Deacon pode ser o membro mais discreto do Queen, mas é o criador de alguns dos maiores hits da banda. Quando o álbum “The Works” (1984) foi lançado, não foi diferente: a única contribuição do baixista, “I Want to Break Free”, tornou-se uma das músicas mais conhecidas do quarteto britânico, mas ele não queria a guitarra de Brian May nessa faixa.
Em uma matéria da revista Classic Rock sobre “The Works”, é revelado que Deacon barrou a parte do guitarrista em sua música. Em seu lugar, ele incluiu o músico de apoio Fred Mandel tocando um sintetizador.
O baterista Roger Taylor explica:
“John não queria um solo de guitarra na música. Então ele pediu a Fred (Mandel) para improvisar alguma coisa sobre a melodia principal.”
Fred Mandel já era um músico veterano naquela época. Seu currículo traz nomes como Alice Cooper, Elton John, Pink Floyd e até Anthrax, além do próprio Queen. Mesmo assim, nem ele entendeu muito bem a decisão de John Deacon em “I Want to Break Free”, embora não pareça se importar muito.
Ele comentou:
“Isso foi controverso, já que aparentemente ninguém mais fazia solos além de Brian. Mas eu não pensei nada sobre isso, já que tinha feito o mesmo em discos de Alice Cooper. Não foi nada de mais, mas as pessoas acham que foi.”
No fim das contas, além do solo de sintetizador de Mandel, o próprio Deacon fez as partes acústicos da música. Para não dizer que não participou, Brian May incluiu sua guitarra na introdução, na mixagem da versão single da faixa.
Queen e “I Want to Break Free”
“I Want to Break Free” foi o segundo single de “The Works” e o primeiro lançado após o álbum ter saído. A música é famosa pelo clipe, idealizado por Roger Taylor, onde os membros do Queen aparecem vestidos como mulheres, em uma paródia da novela britânica “Coronation Street”. A ideia deu certo na Europa em geral, especialmente no Reino Unido, mas não foi bem recebida nos Estados Unidos.
Segundo Brian May, o clipe da música foi o que matou a possibilidade do Queen ser grande em território americano, o que de fato nunca aconteceu. O vídeo chegou a ser banido da MTV e de outras emissoras dos Estados Unidos. Em entrevista para a Rolling Stone em 2015, o guitarrista explicou:
“Perdemos o contato com os Estados Unidos. Nosso vídeo de ‘I Want To Break Free’ foi mal interpretado, por estarmos vestidos como mulheres. Eles não acharam isso engraçado, mas hoje o Foo Fighters faz isso, como no clipe de ‘Learn To Fly’, e todos morrem de rir. Na época, o vídeo foi um sucesso na Europa e na Austrália, mas na América foi a nossa ruína.”
No Brasil, a reação à música foi positiva, no entanto, em 1985, quando o Queen se apresentou no Rock In Rio, o público atirou garrafas e até pedras em Freddie Mercury quando a banda tocou “I Want To Break Free”, pois ele utilizou a mesma fantasia do clipe. O cantor precisou remover o traje para evitar uma reação mais acalorada da plateia.
Autoridades locais teriam explicado ao grupo que a canção era entendida como um “hino de libertação contra a ditadura” e que os brasileiros presentes, dos quais muitos sequer haviam assistido ao vídeo à época, entenderam que o vocalista estava tirando sarro da música.
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