Procon-SP notifica Ticketmaster após suposto vazamento de dados por ataque hacker

"Atividade não autorizada" em banco de dados da tiqueteira pode ter comprometido informações de mais de 560 milhões de clientes

O Procon de São Paulo enviou uma notificação, na última sexta-feira (31), para a Ticketmaster. O órgão solicita esclarecimentos sobre o vazamento de dados que pode ter comprometido informações de 560 milhões de clientes, incluindo brasileiros.

A investigação teve início após denúncias de que um grupo de hackers teria roubado dados de milhares de clientes da Ticketmaster, empresa global de venda de ingressos. O governo australiano começou a apurar o caso na quinta-feira (30), mas ainda não há clareza sobre a sensibilidade dos dados acessados pelos criminosos.

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De acordo com o G1, o Procon-SP também requisitou detalhes sobre a política de tratamento de dados da Ticketmaster, bem como seus planos e estrutura de resposta a incidentes. O órgão busca entender as medidas adotadas para mitigar danos e informar os consumidores brasileiros que possam ter sido afetados.

As respostas devem incluir o detalhamento do processo de captura e armazenamento de dados dos consumidores nos servidores da empresa, quantificação dos cadastros de brasileiros que podem ter sido comprometidos e descrição dos procedimentos adotados pela Ticketmaster em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A Ticketmaster tem um prazo de 48 horas, a partir da próxima segunda-feira (3), para responder ao Procon-SP. Até o momento, a filial brasileira — atualmente responsável por vender ingressos para shows de artistas e eventos como Bruno Mars, Rock in Rio, Ive e Niall Horan — não se manifestou.

Posicionamento da Live Nation

A Live Nation, empresa proprietária da Ticketmaster, confirmou (via BBC) no último sábado (1º) que houve uma “atividade não autorizada” em seu banco de dados. Segundo a empresa, um hacker ofereceu o que afirmou ser dados de usuários da empresa para venda na dark web na última segunda-feira (27).

Em nota, a empresa declarou que está investigando o incidente e trabalhando para “mitigar o risco” para seus clientes. A quantidade de clientes afetados pela violação ainda não foi confirmada. Diz o comunicado:

“Até a data deste registro, o incidente não teve, e não acreditamos que seja razoavelmente provável que tenha, um impacto material em nossas operações comerciais gerais ou em nossa condição financeira ou resultados operacionais. Continuamos avaliando o riscos e nossos esforços de remediação estão em andamento.”

O ataque

O grupo ShinyHunters assumiu a autoria do ataque, divulgando em um fórum online que os dados roubados incluem nomes, endereços, números de telefone e detalhes parciais de cartões de crédito dos clientes da Ticketmaster. Os hackers estão oferecendo essas informações por uma “venda única” no valor de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,6 milhões na cotação atual e em transação direta).

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Um porta-voz do governo australiano informou que o Escritório Nacional de Segurança Cibernética está colaborando com a Ticketmaster para compreender a extensão do incidente. Clientes com solicitações específicas foram orientados a entrar em contato diretamente com a empresa.

Além disso, a embaixada americana na Austrália declarou à AFP que o FBI ofereceu auxílio às autoridades australianas.

Não é a primeira vez que o ShinyHunters ganha notoriedade por casosdo tipo. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, entre 2020 e 2021, o grupo vendeu grandes quantidades de dados de clientes de mais de 60 empresas. Em janeiro deste ano, o hacker francês Sebastien Raoult, membro do grupo, foi condenado a três anos de prisão e a pagar uma multa de mais de US$ 5 milhões (R$ 26 milhões) por um tribunal em Seattle.

Live Nation e Ticketmaster

Recentemente, através do Departamento de Justiça, o governo dos Estados Unidos entrou com uma ação contra a Live Nation, visando julgamento com júri, por outra situação que nada tem a ver com o suposto vazamento. A alegação é de que a empresa viola as leis antitruste do país — que restringem ou se opõem à formação de trustes, cartéis e combinações monopolísticas similares.

De acordo com a CNN, o objetivo principal é forçar uma separação da companhia e da Ticketmaster. A empresa de ingressos é responsável pelas vendas de 80% das entradas para espetáculos artísticos no mercado americano. O processo aponta que, por conta disso, a Live Nation abusou de seu domínio na indústria para prejudicar os fãs em todo o país.

Uma investigação vem sendo realizada há anos. A apuração aponta indícios de um condicionamento ilegal de serviços, o que se configuraria em um descumprimento de acordo firmado pela indústria do entretenimento em 2010.

Caso seja bem-sucedida, a ação poderá promover grandes mudanças no mercado de eventos ao vivo. Porém, a expectativa é que demore anos até que o processo simplesmente entre no sistema judicial dos EUA. Clique aqui para entender melhor o caso.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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