Muitos fãs não sabem, mas a saída de Ozzy Osbourne não foi a única que o Black Sabbath precisou encarar na virada para os anos 1980. Após o vocalista, o baixista Geezer Butler também chegou a se retirar temporariamente. No período, já com Ronnie James Dio, o grupo chamou outro ex-Elf, Craig Gruber, para assumir a função.
Ele colaborou diretamente com a criação da música “Heaven and Hell” – e alegou ter tocado no disco. Porém, pouco tempo depois, o titular do posto reassumiu seu lugar e as coisas andaram até que o baterista Bill Ward pediu as contas em meio à turnê.
Em entrevista ao The Eddie Trunk Podcast em 2021, Geezer relembrou o conturbado período. Disse o músico, conforme transcrição do Ultimate Guitar:
“Após Ozzy sair, Tony Iommi conheceu Ronnie e o convidamos para se juntar a nós em Los Angeles, inicialmente só para ver se saía algo. Ele chegou e cantou em ideias que acabaram sendo ‘Children of the Sea’ e, se não me engano, ‘Walk Away’. Mas eu tive que sair por uns tempos. Estava me divorciando e passei por problemas na Inglaterra.”
Foi justamente nesse intervalo que a canção que viria a ser a faixa-título do disco seguinte teve origem – assim como outra que também se tornaria um clássico.
“Enquanto estive fora, eles escreveram as músicas ‘Heaven and Hell’ e ‘Die Young’. Voltei, ouvi ambas pela primeira vez, como um fã ouviria, e fiquei absolutamente impressionado. O resto é história.”
Geezer Butler deixa o Black Sabbath
A seguir, o apresentador Eddie Trunk questionou se Butler saiu com a intenção de voltar ou havia a possibilidade de a retirada ser em definitivo. Ele respondeu:
“Havia um ponto de interrogação. Eu estava tão mal na época, passando por um divórcio – estava com minha esposa desde os tempos de escola. E Ozzy indo embora, depois a separação, isso estava me matando. Só precisava sair de lá e lidar com meus problemas, apenas limpar minha cabeça. E quando consegui, vi as coisas sob uma luz totalmente diferente.
Mas segui em contato com Tony e Bill o tempo todo, todos os dias desde que eu tinha ido embora, porque eu queria saber como eles estavam. E eles também estavam preocupados comigo, com o divórcio. Eventualmente, me senti ótimo quando tirei tudo do caminho. Então Tony disse ‘Nós queremos que você volte, se estiver a fim.’ E eu voltei, e foi ótimo.”
Deste modo, foi necessário questionar se o disco havia sido gravado, na íntegra ou em partes, com outro baixista.
“Tudo estava gravado, exceto ‘Neon Knights’, que ainda não tinha sido escrita. Voltei e já conhecia três das músicas de qualquer maneira, já que foram escritas antes de eu ter ido embora. Então, era só ‘Heaven and Hell’ e ‘Die Young’ que eu realmente não tinha participado, apenas as ouvi sem nenhum baixo e coloquei meu baixo em todas elas. Fomos escrever ‘Neon Knights’ em Paris.”
A resposta pareceu um tanto confusa, o que fez Trunk insistir em busca de uma explicação mais detalhada.
“Outra pessoa tinha registrado o baixo. Mas quando eu ouvi, as faixas do instrumento estavam desligadas. Então, você sabe, tudo que eu tocava era mais o que eu fazia, e foi daí. Martin Birch, o produtor, realmente ajudou muito também.”
A versão de Craig Gruber
Em 2009, Craig Gruber falou à Classic Rock sobre o assunto. Conforme resgate do Poeira Blog, ele argumentou:
“Eu toquei todas as linhas de baixo naquele disco, inclusive participei nas letras de algumas composições e trouxe ‘Die Young’. Eles me encaixaram quando o Geezer Butler saiu, e eu passei seis meses trabalhando com o grupo no álbum. Mas, quando Geezer ligou para a banda e disse que ele gostaria de retornar ao posto, eu o incentivei – eu senti que o Sabbath estaria melhor com os três membros originais juntos novamente.”
Porém, uma queixa foi feita: a consideração não foi recíproca, de acordo com as alegações.
“No entanto, fiquei muito decepcionado quando ‘Heaven & Hell’ saiu sem meu nome ter aparecido em nenhum lugar do disco, apesar de eles terem mantido todas as partes de baixo e canções nas quais estive envolvido. Mas chegamos a um acordo financeiro adequado, e ficamos numa boa desde então. Eles eram, e ainda são, grandes pessoas e grandes músicos.”
Além do ELF, Craig também fez parte da primeira formação do Rainbow. Faleceu em 2015 aos 63 anos, vitimado por um câncer de próstata.
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