O Black Sabbath vivenciou inúmeros momentos inusitados ao longo de sua trajetória. Só nos primeiros anos da banda, os músicos passaram por várias confusões. Um exemplo foi relembrado por Geezer Butler, que contou sobre o dia em que ele e os colegas bateram em skinheads com guitarras e pedestais após um de seus primeiros shows em junho de 1970.
De acordo com o baixista, a situação aconteceu em Weston-super-Mare, uma cidade litorânea na Inglaterra. Tudo começou por causa do empresário do grupo que, como virou rotina à época, não pagou corretamente os músicos pela apresentação no local.
Conforme a Ultimate Guitar, em entrevista ao apresentador Matt Pinfield, ele relatou:
“Nós fazíamos os shows e quando íamos buscar o dinheiro nos diziam: ‘já enviamos para seu empresário’. Com esse show, nosso empresário nos prometeu que receberíamos a grana no final da noite. Então, fizemos a apresentação e eu fui até o cara da organização e perguntei: ‘cadê nosso dinheiro?’. Ele disse: ‘já mandei para o seu empresário’.”
Indignado pelo descompromisso, o integrante foi ligar diretamente para o profissional e tirar a história a limpo. No entanto, enquanto entrava na cabine telefônica, acabou cercado por um bando de skinheads.
Surgido na Inglaterra no fim dos anos 1960, o movimento era uma resposta aos hippies. Nas palavras do baixista, seus apoiadores “tinham como inimigos qualquer um com cabelos longos ou motoqueiros”. Somente nas décadas seguintes, o grupo passou a ser associado ao neonazismo e extrema direita.
De qualquer maneira, Butler ficou desesperado, ainda mais porque recebeu ameaças de morte dos indivíduos. O próprio contou:
“Eu era o contador da banda na época. Fui até o telefone, liguei para o nosso empresário e fiquei louco com a situação. Enquanto isso, vários skinheads cercavam a cabine telefônica, gritando: ‘mate o greaser’ [gíria para homens de cabelo longo e motoqueiros]. Porque se você tinha cabelo comprido, eles costumavam te chamar assim. Pensei: ‘ah, não, não tenho dinheiro e vou ser chutado até a morte pelos skinheads’.”
Por isso, arrumou uma desculpa e fugiu o mais rápido possível. Ao dividir o ocorrido com os companheiros Ozzy Osbourne (voz) e Tony Iommi (guitarra), a banda decidiu enfrentar os skinheads – segundo relato, “acabando com eles”:
“Então, eu fingi continuar falando ao telefone, empurrei a porta para fora e corri de volta para o show. Disse a Tony e Ozzy que eu não poderia conversar com o nosso empresário porque os skinheads ameaçaram de me matar. E então, Tony disse: ‘vamos lá pegá-los’. Tony nunca fugiria de uma luta. Pegamos pedestais de microfones, guitarras e todo o resto, saímos e acabamos com eles.”
O ponto de vista de Tony Iommi
Em 2020, a revista Kerrang! publicou um especial a respeito dos 50 anos do álbum “Paranoid” (1970). Para a matéria (via Whiplash), Tony Iommi relembrou o caso com os skinheads, descrevendo a luta entre eles como “violenta”:
“Geezer geralmente é um cara de paz, mas eles o assustaram além da conta. Ele saiu da cabine e voltou correndo para nos contar o que aconteceu. Parecia como se um membro de nossa gangue tivesse sido ameaçado, então todos fomos resolver o problema. Ozzy pegou alguma coisa para bater neles, mas eles também tinham tudo quanto é tipo de armas, eram uns idiotas e estavam prontos para uma luta. Foi uma luta bastante violenta. No começo eram meia dúzia deles, mas de repente foram chegando mais caras.”
Ainda assim, os músicos conseguiram sair da briga quase intactos, apesar de certos machucados:
“Não sei ao certo como conseguimos, mas saímos de lá quase inteiros. Cheguei em casa e minha mãe me perguntou ‘como foram as coisas por lá?’, e eu respondi ‘ah, foi tudo muito bem’, enquanto me olhava no espelho e contemplava meu olho roxo e sangue para tudo quanto é lado.”
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