A maior influência de Eddie Van Halen, segundo o próprio

Guitarrista tinha músico inglês como um exemplo, embora este não entendesse o revolucionário holandês radicado nos Estados Unidos

Em 2011, a Rolling Stone publicou sua lista com os 100 maiores guitarristas de todos os tempos – ampliada para 250 ano passado, como pode ser conferido clicando aqui. Cada vez mais recluso, Eddie Van Halen concedeu rara entrevista à publicação para comentar suas preferências.

Deixando claro não ser um adepto de rankings por não enxergar música como competição, o icônico artista comentou suas preferências e exaltou um nome em específico, sobre o qual comentou em várias etapas da carreira.

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Ele disse:

“Eu pessoalmente nunca me classifiquei acima ou abaixo de alguém como guitarrista ou qualquer outra pessoa. Para mim, não são as Olimpíadas ou uma competição, sabe o que quero dizer? Deixe-me colocar desta forma: na época de Beethoven, Mozart, Tchaikovsky e Chopin, como você poderia classificá-los? Eles eram todos bons no que faziam e você não poderia colocá-los em nenhuma ordem. Então, nunca entendi esses rankings.”

Mesmo assim, o lendário instrumentista ofereceu uma linha do tempo com os nomes mais importantes na sua formação.

“Se você quiser adotar essa abordagem, da minha perspectiva, pelo menos, eu teria que começar com as pessoas que nos deram a guitarra elétrica, que são Les Paul e Leo Fender. Porque sem eles não teríamos uma guitarra para tocar. Les Paul, sendo um músico e um inovador, eu diria que estaria em primeiro lugar. Leo Fender não era necessariamente um músico, ele se cercou de músicos e criou uma guitarra elétrica.”

Porém, o grande nome entre suas influências já possui uma história mais próxima do ícone do hard rock.

“E então veio Eric Clapton, que está no topo da minha lista. O que me atraiu em sua forma de tocar, estilo e vibração foi a simplicidade básica em sua abordagem e seu timbre, seu som. Ele basicamente pegou uma guitarra Gibson, conectou diretamente em um amplificador Marshall e foi isso. O básico. O blues.”

Eddie Van Halen, Cream, Gibson, Les Paul e… Peter Green

Apesar da admiração inegável, Eddie reconhece que optou por buscar um caminho totalmente próprio. Incluindo na abordagem da guitarra que tocaria.

“Então, você sabe, o que eu acabei fazendo pessoalmente… Eu não gostava de uma Les Paul ou uma Fender. Então eu cruzei as duas — peguei as melhores partes de cada uma e fiz minha própria guitarra. E basicamente Clapton é a única pessoa que me influenciou. Isso nos dias do Cream. Quando o Cream se separou, eu basicamente peguei a bola e saí correndo do meu próprio jeito com o que eu tinha aprendido.”

O power trio que revolucionou o rock no final dos anos 1960, também contando com Jack Bruce (baixo e vocal) e Ginger Baker (bateria) marcou de forma indelével o jovem Van Halen.

“Na verdade, depois do Cream, eu voltei um pouco para o Bluesbreakers, mas minhas coisas favoritas de Eric foram quando ele estava no Cream. O que durou apenas uns três anos. Não foi uma temporada muito longa, mas o que eu realmente gostei foi das coisas ao vivo, como ‘Wheels of Fire’ e ‘Goodbye’, porque você realmente conseguia ouvir os três caras tocando em seu elemento de palco.”

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Quando o entrevistador mencionou que muitas pessoas não conseguiam ouvir a influência de Clapton em seu som, Eddie contra-argumentou:

“Bem, depois do Cream ele mudou, sabe? Quando começou a fazer ‘I Shot the Sheriff’ e isso e aquilo, quando se juntou a Delaney & Bonnie, todo o seu estilo mudou. Ou pelo menos o som. Acho que o fator principal foi, se você ouvir as coisas ao vivo — como, digamos, ‘I’m So Glad’ em ‘Goodbye’, do Cream — você ouve os três caras. Foram Jack Bruce e Ginger Baker que realmente fizeram Clapton soar tão bem. Eram dois caras do jazz o pressionando. Acho que li em algum lugar há muito tempo que Clapton disse: ‘Eu não sabia o que diabos estava fazendo’. Ele estava apenas tentando acompanhar os outros dois caras.”

Houve até espaço para uma observação curiosa sobre outro músico, que acabaria sendo reconhecido pelo Fleetwood Mac.

“Mas é engraçado porque, quando eu voltei aos dias de John Mayall Bluesbreakers, encontrei Peter Green, que na verdade é mais Clapton do que o próprio Clapton. Ele era um pouco mais suave e saboroso, sabe? Não sei o que aconteceu com ele…”

Eric Clapton e a admiração não correspondida

Curiosamente, Eric Clapton não conseguia assimilar a música de Eddie Van Halen da mesma forma. O guitarrista foi homenageado pelo fã e por Brian May (Queen) no projeto “Star Fleet” (1983), mas não aprovou a saudação. Ele disse em 1986, conforme publicado pelo site loksewatips.com e repercutido pelo Whiplash:

“O primeiro lado era uma coisa tipo fusion, algo muito interessante, ótimo de ouvir. O outro foi um improviso de blues, que foi tão horrível… Eles ainda dedicaram a mim. Me enviaram uma cópia, que botei para tocar esperando outra coisa, e fiquei quase ofendido por terem me mandado aquilo. Eles dois não sabem o que tocar! Eles se revezam fazendo solos, e simplesmente foram com tudo naquilo, ostentando tudo que sabem fazer. E não há dinâmica, construção, não há sensibilidade. Eu fiquei muito decepcionado.”

Em 2021, quando Clapton disse que não faria shows onde comprovante de vacinação contra a Covid fosse exigido, Valerie Bertinelli expôs suas mágoas – e ganhou apoio de vários músicos. Casada com Eddie entre 1981 e 2005, a mãe de Wolfgang Van Halen escreveu em seu Twitter/X:

“Uma vez babaca, sempre babaca.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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