A Giannini, companhia sinônimo de guitarras e violões no Brasil, entrou em recuperação judicial na última segunda-feira (23), em Campinas. Segundo os autos do processo, a empresa alegou que efeitos da pandemia, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, levaram a marca a acumular dívidas de R$ 15,8 milhões.
Nos documentos, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Giannini alega que medidas de isolamento social acarretaram no fechamento de diversas lojas que eram suas clientes. Como consequência, a receita se reduziu e a inadimplência aumentou.
Entretanto, a situação teria piorado em 2023. Seus representantes escreveram no pedido oficial:
“A instabilidade cambial acarretou o aumento da matéria-prima e dos instrumentos musicais importados pela Requerente (a empresa que pede a recuperação judicial), o que prejudicou diretamente a sua linha de produção e gerou custos adicionais.”
Sobre a Giannini
Fundada por Tranquillo Giannini na cidade de São Paulo em 1900, a Giannini explodiu no mercado nacional durante os anos 1960, com o sucesso da bossa nova e o surgimento do rock. Instrumentos da empresa começaram a ser exportados para outros países.
Desde 2018, com a morte de Giorgio, sobrinho do fundador, a companhia é administrada por seus filhos Roberto e Flavio.
Boom de guitarras na pandemia
Nem toda empresa do setor sofreu devido à pandemia. A Sweetwater, gigante americana de varejo de equipamento musical, e a plataforma digital Reverb, relatam ter estabelecido recordes de faturamento no período, visto que pessoas procuravam atividades para se fazer em casa em meio ao isolamento.
A Fender, maior empresa de guitarras do planeta, passou por um dos períodos mais bem-sucedidos de sua história durante o período, devido em grande parte à presença digital forte da marca. Cerca de 16 milhões de americanos compraram guitarras pela primeira vez no período entre 2021 e 2022, segundo um estudo comissionado pela companhia.
O CEO da Fender, Andy Mooney, revelou em entrevista de 2022 à Forbes que quando começou a trabalhar na empresa, em 2015, o normal era menos de 10% de crescimento em vendas por ano. Tudo mudou durante a pandemia. Ele disse:
“Crescemos na casa de 30% por ano durante a pandemia. Ano passado (2021) tivemos mais de US$ 1 bilhão em demanda. Por questões de supply chain, não pudemos satisfazer completamente essa demanda, mas chegamos perto.”
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