O Gojira se tornou a primeira banda de metal a tocar em uma cerimônia de abertura das Olimpíadas. Com isso, veio a mesma polêmica de sempre.
O influenciador de extrema direita Andrew Tate, atualmente réu por tráfico humano na Romênia, caracterizou a performance da banda na introdução aos Jogos Olímpicos de Paris como “satânica”. Na ocasião, o grupo francês apresentou uma versão de “Ah! Ça Ira” com a cantora de ópera Marina Viotti, um dos momentos mais discutidos do evento.
O líder do grupo francês, Joe Duplantier, respondeu a essas acusações durante uma entrevista à Rolling Stone publicada nesta segunda-feira (29). O músico respondeu bem humorado:
“Nada disso. É a história da França. É o charme francês, sabe? Gente decapitada, vinho tinto e sangue pra tudo quanto é lado. É romântico, é normal. Tem nada de satânico [risos].”
Duplantier não parou por aí. O frontman aproveitou a deixa de que a performance foi inspirada nos eventos da Revolução Francesa – “Ah! Ça Ira” foi um hino do povo contra a monarquia – para lembrar como o Estado laico nasceu nessa época. Ele falou:
“A França é um país que separou Estado e religião durante a Revolução. E é algo muito importante, muito vital à fundação da França republicana. Chamamos isso de ‘laïcité’. É quando o Estado não é mais religioso, então se torna livre em termos de expressão e simbolismo. É tudo uma questão de história e fatos. Não olhamos demais para simbolismo em termos de religião.”
Gojira na abertura da Olimpíada
A performance conjunta de Gojira e Marina Viotti fez parte do terceiro ato da cerimônia, “Liberté”, e mostrou uma representação da rainha francesa Maria Antonieta decapitada — algo que de fato ocorreu durante a Revolução Francesa de 1798, que pôs fim à monarquia. Nesse cenário — que incluía um castelo, sangue e muitas chamas —, o grupo de som pesado e a artista de ópera se uniram para executar uma versão de “Ça Ira”, canção que marcou o período.
Assista abaixo.
Sem cachê
Outros artistas se apresentaram durante a cerimônia. Céline Dion homenageou Édith Piaf ao apresentar uma versão de “Hymne à l’Amour” do alto da Torre Eiffel. A performance representou certo retorno para a cantora, que, desde 2022, lida com complicações da Síndrome da Pessoa Rígida (SPR).
Segundo apuração inicial do TMZ, a artista teria recebido US$ 2 milhões (cerca de R$ 11,2 milhões na cotação atual) para cantar no evento. Porém, de acordo com a imprensa francesa, a informação não procede.
O jornal local La Parisiense destacou que nenhum dos artistas ganhou cachê para tocar. Apenas as despesas relacionadas a transporte, hospedagem e produção acabaram custeadas pela comissão organizadora.
No caso de Céline, para a participação, a cantora chegou em um jato saído de Las Vegas, nos Estados Unidos, onde mora. Depois, ficou no hotel cinco estrelas Royal Monceau — cujas diárias custam a partir de R$ 7 mil, conforme apontado pelo jornal O Globo.
O mesmo vale para Lady Gaga — que realizou uma apresentação previamente gravada —, para o Gojira e todas as outras atrações. Um porta-voz dos Jogos Olímpicos de Paris também garantiu ao Page Six que nenhum dos artistas ganhou cachê de qualquer valor e que tiveram assistências somente com os gastos mencionados.
Disse a fonte:
“Ao contrário de alguns relatos publicados na mídia, os artistas nas cerimônias dos Jogos de Paris 2024 não receberão nenhum pagamento por suas apresentações. A decisão deles de se apresentar nessas condições reflete o desejo de fazer parte de um evento histórico para a França e para o mundo dos esportes.”
A lista de atrações também incluiu Sofiane Pamart e Juliette Armanet, em um dueto, além de Philippe Katerine, Cerrone, Aya Nakamura e o rapper francês Rim’K, do coletivo de hip-hop 113. Thomas Jolly assinou a direção do espetáculo, que foi um pouco diferente do habitual para os Jogos Olímpicos.
Sobre o Gojira
O Gojira foi fundado em Ondres, na França, em 1996, pelos irmãos Joe (vocal e guitarra) e Mario Duplantier (bateria). Completam a formação Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (baixo). A banda era conhecida como Godzilla até 2001, quando mudou para a pronúncia japonesa nome do famoso monstro cinematográfico.
A sonoridade é um death metal com bastante groove e influências progressivas e a temática geralmente versa sobre questões ecológicas. O Sepultura, grupo brasileiro, é uma das grandes influências. Seu álbum mais recente, “Fortitude”, saiu em 2021.
Os franceses já tocaram 4 vezes no Brasil, incluindo duas apresentações no Rock in Rio, em 2015 e 2022. A última passagem aconteceu em 2023, com show único em São Paulo ao lado do Mastodon.
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