Ian Gillan escolhe a banda mais importante entre Sabbath, Purple e Zeppelin

Vocalista é um dos poucos músicos a ter participado de duas das três bandas da chamada “trindade maldita” ao longo da carreira

Surgidas na Inglaterra no fim da década de 1960, Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin formam uma espécie de “santíssima trindade” — ainda que não tenha nada de santa — do rock pesado. O vocalista Ian Gillan se notabilizou pelo trabalho de longa data com uma dessas bandas, o Purple, e esteve brevemente em outra, o Sabbath. Só não esteve no Zeppelin.

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Qual seria, na opinião de Gillan, a hierarquia de importância entre esses três grupos? Em declaração recente, ele definiu ao menos qual seria o nome a estar no topo.

Durante entrevista ao The Sun, Gillan comentou sobre o surgimento da chamada “trindade maldita”, a forma como os três grupos eram referidos na época. Bem-humorado, o vocalista explicou que é tudo coisa da imprensa.

O cantor do Deep Purple disse:

“Assim como ‘sexo, drogas e rock and roll’, a ‘trindade maldita’ foi criada inteiramente por nossos bons amigos, os jornalistas de música. Nós os conhecíamos, bebíamos com eles e eles colocavam em palavras o que todos estavam fazendo: algo distintivo e identificável.”

Para Gillan, a importância dos três está no fato de que essas bandas estavam colocando em ação o que havia sido construído pelo menos 10 anos antes, com os Beatles, Rolling Stones, Cream e outros nomes. Mas entre eles, na opinião do vocalista, uma delas se sobressaiu: o Black Sabbath.

Ian afirmou, em uma visão interessante sobre o que viria nas décadas seguintes:

“Até certo ponto, o Sabbath era o mais importante porque sem eles, não haveria Seattle (o movimento grunge) ou o heavy metal. O que Tony (Iommi, guitarrista do Black Sabbath) estava fazendo naqueles primeiros dias era incrível. Era tão poderoso.”

Há quem considere que o Deep Purple, única das três ainda em atividade, tenha tido impacto ligeiramente menor que Black Sabbath e Led Zeppelin — ao menos em âmbito comercial. Isso foi mencionado a Ian Gillan em outra entrevista, para a Classic Rock, em 2020, mas o cantor não mostrou nenhum tipo de ressentimento pela “medalha de bronze”.

Ele explicou:

“Não, de jeito nenhum. Estou feliz que pessoas suficientes tenham gostado de nós naquela época para criar esse misticismo e longevidade, e que as pessoas ainda gostem de nós hoje. Você não pode fazer algo por mais de 50 anos a menos que esteja fazendo certo.”

Ian Gillan durante apresentação com o Deep Purple no Monsters of Rock Brasil 2023 (foto: Gustavo Diakov @xchicanox)

Ian Gillan e Black Sabbath

Além de ser a voz clássica do Deep Purple, Ian Gillan conhece muito bem o Black Sabbath, onde cantou entre 1982 e 1984. A parceria rendeu o amado e odiado álbum Born Again (1983), mas a forma como tudo ocorreu é que chama a atenção. O próprio vocalista explicou como foi parar na banda dos amigos em entrevista de 2018 à SiriusXM (com transcrição do Blabbermouth):

“Saí com Tony e Geezer (Butler, baixista do Sabbath) para beber. Acabamos embaixo de uma mesa. Nem lembro do que aconteceu. Só sei que no dia seguinte recebo uma ligação do meu manager. Ele perguntou: ‘você não acha que deveria me avisar quando tomar uma decisão dessas?’. Respondi questionando do que ele estava falando. Ele disse: ‘bem, acabo de receber um telefonema avisando que você se juntou ao Black Sabbath’.”

A versão é confirmada por Tony Iommi, em recente entrevista ao Eddie Trunk Podcast (em transcrição do Ultimate Guitar).

“Acredite ou não, ele tinha acabado de chegar de Kuala Lumpur. E nós o encontramos em Woodstock, Oxfordshire, em um pub – o que provavelmente não foi uma boa ideia. Ele chegou por volta das 11h. Geezer e eu estávamos lá. Provavelmente bebemos uma, depois outra, depois outra. O pub estava fechando e eles nos trancaram e nos deixaram lá. Ele nem se lembrava. No dia seguinte, o empresário falou: ‘Ian, se você for tomar alguma decisão importante, pode me avisar?’. Ian perguntou o motivo e ele: ‘como concordar em entrar no Black Sabbath’. Foi muito engraçado. Temos várias histórias com ele, nos divertimos muito naquela turnê.”

Capa de “Born Again”, único álbum do Black Sabbath com Ian Gillan

A turnê realmente rendeu momentos dignos de Spinal Tap: o Sabbath tinha um cenário inspirado em Stonehenge que simplesmente não cabia na maioria dos locais e foi usado em pouquíssimos shows. Ian cantava músicas de diversos álbuns, mas “Smoke on the Water”, clássico do Purple, foi incluída no setlist.

O disco, por sua vez, divide opiniões. No Brasil, principalmente, “Born Again” é aclamado e considerado um dos trabalhos mais pesados da discografia do grupo — que, para uma banda como o Black Sabbath, não é pouco. Por outro lado, a produção é reconhecidamente abafada, com um som estranho, que desagrada ouvintes e os próprios músicos. Tony Iommi já declarou ter a intenção de trabalhar em uma versão remixada.

A amizade permaneceu ao longo dos anos, mesmo com a volta de Gillan ao Deep Purple em 1984. Em 2011, o vocalista se reuniu com Iommi para o projeto WhoCares, de caráter beneficente. Foram gravados e lançados os singles “Out of My Mind” e “Holy Water”, com um verdadeiro supergrupo completo por Jon Lord (teclados, ex-Deep Purple, em uma de suas gravações finais antes de falecer), Jason Newsted (baixo, ex-Metallica), Nicko McBrain (bateria, Iron Maiden) e Mikko “Linde” Lindström (guitarra, HIM).

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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