A saída de Dave Mustaine do Metallica, em 1983, fez com que a banda repensasse até mesmo alguns detalhes de sua forma de tocar. Embora eles tenham se preservado na sonoridade que viria a ser conhecida como thrash metal, alguns elementos do grupo passaram a se refinar.
O vocalista e guitarrista James Hetfield falou sobre o assunto em uma antiga entrevista à Total Guitar. O músico revelou que, após a demissão do futuro líder do Megadeth, intensificou a adoção da palhetada de guitarra para baixo (downpicking), em vez da alternada, que até então era mais comum entre as bandas de rock.
O assunto foi abordado após o jornalista perguntar a Hetfield como era sua abordagem na guitarra quando Mustaine saiu, o deixando como o principal guitarrista rítmico. Ele respondeu:
“Eu estava competindo comigo mesmo, com certeza. Tipo: ‘aqui está a batida da bateria, posso acompanhá-la?’.”
Em sua visão, a palhetada para baixo sempre soava melhor do que a alternada.
“A forma como a corda parava, o volume dela… mas também há um ponto em que você simplesmente não consegue fazer isso e gera muito barulho com a palma da mão enquanto bate as cordas, daí precisa voltar à palhetada alternada. Mas palhetar para baixo é algo mais pesado e consistente. Ponto final.”
Variedade no Metallica
Isso não significa que a palhetada para baixo seja a única utilizada nas músicas do Metallica.
“Há várias músicas em que tocamos de forma galopada (que exige palhetada alternada, para cima e para baixo). Você tem que fazer isso! Podem haver bandas que tocam tudo com palhetada para baixo, mas chega a um ponto em que se tocar muito rápido, fica confuso. O desafio é soar o melhor possível.”
A mão direita de James Hetfield
Em outro momento, James Hetfield admitiu que aprimorou o uso de sua mão direita, responsável pela palhetada, porque outros guitarristas já estavam focados demais em desenvolver velocidade para a outra mão, que percorre as escalas da guitarra. Tanto Dave Mustaine quanto seu sucessor na banda, Kirk Hammett, estavam mais preocupados com a destreza nas escalas.
“A mão direita para mim surgiu mais como um desafio, devido a ter dois guitarristas nos primeiros dias – primeiro com Dave e depois com Kirk. Foi um desafio ver quem conseguia tocar mais rápido ou quem desistia primeiro, e então você chamaria aquele cara de maricas e depois trabalharia mais nisso.”
Algumas músicas que o Metallica fazia covers na época, como canções dos Misfits, também introduziam esse desafio da palhetada para baixo.
“Eu olhava Doyle (Wolfgang von Frankenstein, guitarrista dos Misfits) e via que ele palhetava para baixo o tempo todo. Em uma música como ‘Green Hell’, era tipo: ‘ele realmente está palhetando para baixo o tempo todo?’. Esse meu estilo acabou vindo da competitividade.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.