Kiko Loureiro surpreende ao apontar mais razões para saída do Megadeth

Além das questões familiares, guitarrista citou falta de planos da banda para novo álbum e ausência de músicas mais recentes no repertório

A saída de Kiko Loureiro do Megadeth foi motivada, primariamente, pelas questões de proximidade com a família que o guitarrista vem apontando desde então. Todavia, ao que parece, esse não é exatamente a única razão.

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Em participação no podcast Sem Filtro (transcrição via Roadie Crew), o músico refletiu sobre motivações complementares para deixar o grupo comandado por Dave Mustaine. Resumidamente, as perspectivas oferecidas pela banda não iam ao encontro das aspirações artísticas de Loureiro.

O guitarrista começa falando sobre a rotina do Megadeth, que pelo menos naquela época, não parecia ter planos para um novo álbum de estúdio – que seria o terceiro com ele. A prioridade eram as turnês, que raramente contempla músicas mais novas no repertório.

O brasileiro chegou a conversar com o também experiente Zakk Wylde sobre esse dilema — os dois dividiram palco na edição carioca do festival Best of Blues and Rock. Curiosamente, meses após a confirmação da saída do músico, Mustaine confirmou estar trabalhando em um disco com músicas inéditas.

Kiko disse, inicialmente:

“Você faz parte de uma engrenagem. Todos ali. É uma engrenagem das corporações maiores, que têm as bandas e os artistas maiores. O Megadeth está ali no meio e você é parte dali. Eu fiquei um tempão, foi legal demais, aprendi um monte de coisa, viajei o mundo, fiz tudo, e teve uma hora que eu achei que não precisava mais, porque não tinha uma expectativa de ter um álbum novo. Assim, como artista, compositor e por gostar de criar, eu não via nada acontecendo. […] Eu vi como funciona, vivi aquilo, legal demais, mas você começa a ver que vai ser (tudo igual) de novo: você vai tocar pela terceira vez em Nashville; quinta turnê… estava conversando com Zakk Wylde sobre isso.”

Além da falta de perspectiva sobre novas atividades, Kiko demonstrou certa decepção ao notar que o setlist pouco flexível do Megadeth não priorizava muito do material que ele ajudou a compor nos dois álbuns em que fez parte da banda. Em The Sick, the Dying… and the Dead! (2022), o brasileiro bateu o “recorde” de composições de um guitarrista da banda de Mustaine — que anteriormente pertencia a Marty Friedman, autor de sete das doze faixas de “Risk” (1999).

Loureiro afirma:

“Eu tenho três composições no ‘Dystopia’ (2015), que ganhou um Grammy, e tenho oito das treze do ‘The Sick, The Dying… And the Dead!’. Foi muito legal participar disso, mas se (Dave Mustaine) tivesse dito assim: ‘daqui a um ano a gente vai fazer um outro álbum’, talvez eu tivesse me animado um pouco mais. Mas a questão é turnê, turnê, turnê… e aí você toca uma música ou duas que você participou. Na realidade, você está sempre tocando músicas da história da banda, o que faz parte, porque é o que é.”

Em seguida, complementa:

“Eu estou com 52 anos, e você fala: ‘cara, e nos próximos dez anos, o que que eu quero fazer?’ Eu tenho essa possibilidade, essa liberdade de poder pensar: ‘eu quero tocar essas mesmas 15 músicas, 20 músicas, que eu já toquei nos últimos oito anos, que alguém tocou, que alguém fez, nos meus próximos 10 anos, ou eu quero me desafiar em outras coisas?’.”

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A questão da família

Anteriormente, Kiko Loureiro havia contado no podcast Amplifica — apresentado pelo também guitarrista e ex-colega de Angra, Rafael Bittencourt — que as rotinas de turnê realmente eram um problema, mas devido à distância da família. O guitarrista também falou sobre o assunto para a Guitar World, onde afirmou:

“Quando você é jovem, não é casado e não tem filhos, a mentalidade é ‘quanto mais shows, melhor’. Mas minha filha tem 12 anos agora e eu quero passar um tempo com ela. Também quero estar tocando. Quando entrei para o Megadeth em 2015, eu tinha uma filha pequena e gêmeos que eram recém-nascidos. Eu estava sempre lutando com o fato de que precisava estar em turnê, mas também queria estar em casa com meus filhos e minha esposa. Então, a sensação de ‘devo continuar com isso de rockstar enquanto meus filhos estão em casa?’ continuou surgindo. E quanto mais momentos e datas importantes eu perdia, mais difícil ficava. Ficou mais difícil em 2023, especialmente durante a turnê de verão de três meses. Então eu disse para Dave em junho: ‘isso é demais, não estou sentindo que estou no lugar certo ou com vontade de dar o meu melhor’.”

Inicialmente, Kiko pediu um afastamento temporário, mas que acabou se tornando definitivo. O brasileiro indicou e treinou seu substituto na banda, o finlandês Teemu Mäntysaari, antes conhecido pelos trabalhos com o Wintersun e Smackbound.

Kiko Loureiro, ex-Megadeth e artista solo

Kiko Loureiro entrou para o Megadeth em 2015, quando ocupou a vaga de Chris Broderick, atual membro do In Flames. Ele gravou dois álbuns de estúdio: “Dystopia” (2016), cuja faixa-título venceu um Grammy de Melhor Performance de Metal no ano seguinte, e “The Sick, the Dying… and the Dead!” (2022). Ambos alcançaram o 3º lugar na Billboard 200, principal parada dos Estados Unidos.

Sua saída do grupo se deu em setembro de 2023. Desde então o guitarrista tem se dedicado a uma série de shows, retomando sua carreira solo de onde parou — o álbum mais recente de Kiko, “Open Source”, foi lançado em 2020.

Após show na edição carioca do festival Best of Blues and Rock, o músico embarca em uma turnê pelo Brasil, com direito a uma data também no Chile. Veja:

  • 13/07 – Presidente Prudente, SP (Sesc Thermas)
  • 27/07 – Ribeirão Preto, SP (Espaço G3)
  • 28/07 – Belo Horizonte, MG (Mister Rock)
  • 02/08 – Goiânia, GO (Bolshoi Pub)
  • 03/08 – Brasília, DF (Toinha Brasil Show)
  • 04/08 – Santos, SP (Arena Santos)
  • 07/08 – Santiago, Chile (Teatro Teletón)
  • 08/08 – Florianópolis, SC (John Bull)
  • 09/08 – Curitiba, PR (Ópera de Arame)
  • 10/08 – São Paulo, SP (Tokio Marine Hall)
  • 11/08 – Porto Alegre, RS (Bar Opinião)

Mais informações sobre os shows de Kiko Loureiro no site do guitarrista.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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