Por meio de suas redes sociais, Brian May compartilhou um texto a respeito da recente decisão do Aerosmith em se aposentar dos palcos. O guitarrista do Queen já se declarou fã da banda em ocasiões diversas e chegou a revelar seu álbum favorito dos colegas em uma entrevista recente.
Em sua publicação, May contou ter chorado com o anúncio feito pelos americanos. O músico inglês lamentou que a despedida tenha ocorrido em função de um problema de saúde de Steven Tyler — o cantor de 76 anos não consegue se recuperar da grave lesão vocal sofrida logo no início da turnê “Peace Out”, em setembro do ano passado.
Brian, inicialmente, disse:
“Isso me fez chorar. O Aerosmith tem sido uma grande parte da minha vida, assim como tem sido para milhões de outros fãs de rock. Steve Tyler é um dos maiores vocalistas e frontmen de todos os tempos – e é de partir o coração que sua voz extraordinária tenha sido tão danificada. Todos nós enviamos nosso amor e orações por sua recuperação, Steve.”
Apesar da tristeza, o guitarrista do Queen celebrou a forma como o Aerosmith optou por anunciar sua despedida — antes de retomar sua agenda de shows e colocar Tyler em risco ou os fãs em uma situação longe do ideal. Ele completa:
“Também é típico da classe pura da banda que eles tenham feito e transmitido essa decisão ousada em tal estilo. A carreira do Aerosmith é realmente algo para celebrar para sempre. Tudo deve passar, mas o trabalho inspirador do Aerosmith viverá – junto com as lembranças de uma das bandas mais incríveis que já subiram no palco.”
O álbum favorito de Brian May
Em entrevista de 2023 à Classic Rock, Brian May falou sobre o Aerosmith e revelou seu disco predileto da banda. Ele disse:
“Meu momento favorito do Aerosmith na guitarra? Provavelmente todo o álbum ‘Rocks’. Joe me deu uma cópia em fita cassete antes de ser lançado, que ainda guardo com carinho.”
Porém, na hora de mencionar uma música em específico, a honra vai para a sexta faixa – primeiro do lado B no vinil – do play anterior a “Rocks” (1976), o também sensacional “Toys in the Attic” (1975).
“Mas provavelmente o melhor de tudo para mim é o riff de bater cabeça em ‘Sweet Emotion’, que segue os versos como uma espécie de refrão. Estupendo! E é sempre um momento incrível e cheio de muita emoção quando eles fazem isso ao vivo. Eu amo o Aerosmith.”
Aerosmith se aposenta dos palcos
O Aerosmith confirmou pelas redes sociais, na última sexta-feira (2), sua aposentadoria em definitivo dos palcos. A banda retomaria os shows de sua turnê de despedida “Peace Out”, programada para voltar em setembro após um ano de adiamento, mas os problemas vocais de Steven Tyler impossibilitam que a agenda seja cumprida.
Logo no terceiro show da tour, o cantor sofreu uma ruptura grave nas cordas vocais, responsável por causar uma fratura de laringe. Desde então, passou por um longo processo de recuperação e chegou a participar de uma apresentação recente do Black Crowes. Todavia, o grupo entende que não poderá realizar mais uma performance completa.
Leia nota abaixo:
“Era 1970 quando uma centelha de inspiração se tornou o Aerosmith. Graças a vocês, nossa Blue Army, essa centelha pegou fogo e está queimando há mais de cinco décadas. Alguns de vocês estão conosco desde o começo e todos vocês são a razão pela qual fizemos história no rock ‘n’ roll.
Foi a honra de nossas vidas ter nossa música se tornando parte da sua vida. Em cada casa noturna, em cada turnê massiva e em momentos grandiosos e privados, vocês nos deram um lugar na trilha sonora de suas vidas.
Sempre quisemos impressionar vocês ao nos apresentar. Como vocês sabem, a voz de Steven é um instrumento como nenhum outro. Ele passou meses trabalhando incansavelmente para levar sua voz para onde estava antes de sua lesão. Nós o vimos lutando, apesar de ter a melhor equipe médica ao seu lado.
Infelizmente, está claro que uma recuperação completa de sua lesão vocal não é possível. Tomamos uma decisão dolorosa e difícil, mas necessária – como uma banda de irmãos – de nos aposentar dos palcos de turnê.
Somos gratos além das palavras por todos que estavam animados para pegar a estrada conosco uma última vez. Gratos à nossa equipe de especialistas, nossa equipe incrível e às milhares de pessoas talentosas que tornaram nossas corridas históricas possíveis. Um agradecimento final a vocês – os melhores fãs do planeta Terra. Toquem nossa música alto, agora e sempre. Sonhe. Vocês tornaram nossos sonhos realidade.
Para aqueles que compraram seus ingressos pela Ticketmaster, vocês serão reembolsados automaticamente – não há mais nada que você precise fazer. Para aqueles que compraram por meio de sites de revenda de terceiros, como SeatGeek, StubHub, VividSeats, etc. – entre em contato com seu ponto de compra para obter mais detalhes.”
O Aerosmith sai de cena como a banda americana de hard rock que mais vendeu discos em todos os tempos, com mais de 150 milhões de cópias comercializadas — 85 milhões somente nos Estados Unidos. Também possui o maior número de certificações por um grupo americano, com 25 discos de ouro, 18 de platina e 12 multiplatina. Sua entrada para o Rock and Roll Hall of Fame se deu em 2001.
O Brasil fez parte desta história ao receber shows da banda em 1994, 2007, 2010, 2011, 2013, 2016 e 2017 — nesta ocasião final, como atração dos festivais Rock in Rio e São Paulo Trip. Por aqui, o grupo conquistou certificação de ouro pelos álbuns “Get a Grip” (1993) e “Just Push Play” (2001) e pelo single “Crazy”, além da coletânea “Big Ones” (1994). O disco “Nine Lives” (1997) recebeu premiação de platina.
A formação clássica do Aerosmith contou com Steven Tyler nos vocais, Joe Perry na guitarra e vocais, Brad Whitford na guitarra, Tom Hamilton no baixo e Joey Kramer na bateria. Também passaram pelo grupo os guitarristas Ray Tabano (1970 a 1971), Jimmy Crespo (1979 a 1984) e Rick Dufay (1982 a 1984). Os músicos contratados Buck Johnson (teclados entre 2014 e 2024) e John Douglas (bateria entre 2019 e 2020 e de 2022 a 2024) se apresentaram com o grupo em turnês.
Saúde vocal de Steven Tyler
Em entrevista anterior à edição 330 da revista Classic Rock, Joe Perry forneceu atualizações sobre o estado do companheiro. O guitarrista se manifestou considerando que a banda ainda não havia encerrado — ou seja, ele diz que o cantor estava empolgado para retomar a agenda de shows.
“Steven está indo muito bem. Ele está em boa forma. Ele está fazendo fisioterapia, porque ainda está com a voz um pouco áspera. Mas ele está animado para voltar. Basicamente, estamos retomando de onde paramos.”
Ele também detalhou como foi o problema. De início, explicou que a gravidade o assustou. Tudo começou durante a última performance da banda, em Nova York, nos Estados Unidos, no dia 9 de setembro de 2023, como relatado:
“Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Steven começou a sentir dor depois da terceira música e ele ainda fez o show até ‘Dream On’. Eu assisti ao vídeo, ouvi e não dá para perceber. Foi uma daquelas coisas malucas.”
Devido à dor, o vocalista decidiu ir ao hospital, onde permaneceu pelo resto da noite. Na manhã seguinte, ligou para Joe frustrado por saber que teria que passar os próximos 30 dias descansando a voz. A suspeita inicial era de que havia “apenas” rompido as cordas vocais.
O guitarrista relembrou:
“Ele me ligou de manhã e disse: ‘Joe, estou com laringite, cara. Não podemos fazer o show de hoje à noite. Eu me sinto péssimo por isso’. E eu respondi: ‘não se preocupe, cara, você precisa fazer o que é melhor para sua garganta’. Ele odeia cancelar shows.”
Então, a solução envolveu cancelar somente os próximos seis shows da agenda. Se tudo corresse bem, retomariam a excursão em outubro, em Tampa, na Flórida. Porém, poucos dias mais tarde, o guitarrista recebeu um novo telefonema, desta vez, do escritório do Aerosmith. Foi quando o membro soube que a situação era mais séria do que pensado.
“Ele lesionou a garganta. Ficamos em estado de choque. Porque a ideia dessa turnê é de realmente ser uma despedida, é um legítimo ‘essa é a última vez que faremos isso’.”
Havia tanta animação relacionada à turnê, ainda mais pela estrutura semelhante à mostrada na residência em Las Vegas, que o guitarrista sentiu-se traumatizado com a notícia. Para Joe, interromper as atividades de maneira repentina foi semelhante a sofrer um acidente de carro.
“Adoramos ter toda aquela produção em Las Vegas. Então pensamos ‘dane-se, vamos trazer o máximo que pudermos disso para a estrada’. Ficamos loucos com o nível da produção. Estávamos muito animados e de repente tivemos que parar. Foi traumático. Não consigo descrever isso de outra maneira. Foi como sofrer um acidente de carro.”
Aerosmith e “Peace Out”
Anunciada como excursão de despedida, a “Peace Out” já não contava com um músico da formação clássica do Aerosmith: o baterista Joey Kramer.
Embora um motivo não tenha sido divulgado de forma oficial, os outros músicos comentavam em entrevistas que o colega de 74 anos não estaria apto fisicamente para lidar com o ritmo de viagens e as demandas físicas de seu instrumento. John Douglas, integrante da equipe técnica que já o havia substituído anteriormente, seguiu na função.
A agenda seria retomada em setembro de 2024. A ideia era que os outros continentes também fossem agraciados.
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