O grande problema de ser “reverenciado”, segundo David Gilmour

Guitarrista e terceiro líder do Pink Floyd entende que adulação gera acomodação no artista

O Pink Floyd é uma das bandas mais cultuadas da história. Todo mundo tem um tio ou até mesmo um tio-avô fã do grupo que teve em sua formação clássica Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright. A adoração se transferiu a gerações posteriores, embalada pela aura quase misteriosa que a interrupção de atividades há quase três décadas – salvo reencontros esporádicos – gerou.

Porém, Gilmour reconhece nunca ter se sentido à vontade com o fanatismo gerado de forma não-intencional. Especialmente por conta do efeito de acomodação que a bajulação acaba gerando e influenciando diretamente a personalidade dos agora ídolos.

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Disse o guitarrista e vocalista durante entrevista ao The Sun:

“Depois que você alcança essas alturas vertiginosas, as pessoas tendem a lhe mostrar reverência demais. Fica difícil recuperar a configuração que você tinha quando era jovem.”

Como exemplo, o músico menciona a relação interna da banda, que se alterou de forma irremediável com o sucesso. Ele diz:

“Nos estágios iniciais do Pink Floyd podíamos ser tão rudes e insultuosos uns com os outros sobre nossas personalidades e nossa música quanto quiséssemos — e ainda assim tudo ficaria bem no final. Fui forçado a assumir a liderança em determinado momento e, mais tarde, a ser um artista solo, mas sinto que uma abordagem mais colaborativa é melhor para mim. Ninguém nunca saiu pisando duro permanentemente — até aquele sujeito fazer isso.”

“Aquele sujeito”, obviamente, se trata de Roger Waters, sobre quem Gilmour não deu mais uma palavra sequer durante a conversa.

As colaborações em “Luck and Strange”

Sendo assim, não é de se estranhar que o novo álbum de David Gilmour tenha tantas colaborações. Além da onipresente letrista e esposa Polly Samson, “Luck and Strange” conta com participações dos filhos do músico. O produtor Charlie Andrew também foi um figura de atuação preponderante para o resultado.

“Considerei chamar todas as pessoas que conhecia, mas tinha chegado a um ponto na vida em que desejava levar as coisas adiante de uma maneira diferente. Fiz contato com Charlie, que foi até minha casa. Ele tinha total falta de conhecimento sobre o Pink Floyd e o lado da indústria musical de onde eu venho. Foi refrescantemente direto com algumas de suas opiniões. Ele foi brilhante.”

Quanto a Polly, com quem o casamento completa 30 anos em 2024, a conexão se mostra nos mais diversos aspectos.

“Como um casal, discutimos nossos medos e nossas alegrias. Ela conhece minhas preocupações. Possui a grande habilidade de habitar minha cabeça. Mas sua contribuição não se limita às letras. Ela tem opiniões sólidas sobre todos os aspectos do que fazemos e não tem medo de expressá-las.”

Novo álbum e turnê de David Gilmour

“Luck and Strange” saiu no próximo dia 6 de setembro. O trabalho conta com 9 faixas em suas edições convencionais, além de outras duas inicialmente exclusivas da versões em CD deluxe.

A turnê terá um formato diferente, ao menos em seu princípio. Ao invés de viajar com frequência, a banda fará séries de shows em poucos locais. De 27 de setembro a 3 de outubro, o grupo terá Roma, Itália, como sede. Entre 9 e 15 de outubro, Gilmour tomará conta do palco do lendário Royal Albert Hall em Londres, Inglaterra.

Os derradeiros compromissos até o momento se darão nos Estados Unidos. Em 25 de outubro, o músico toca em Inglewood, Califórnia, arredores de Los Angeles. A cidade de LA recebe o giro nos dias 29, 30 e 31 do mês. Fechando de vez a agenda, de 4 a 10 de novembro é a vez do Madison Square Garden, em Nova York.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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