Não é segredo que Eddie Van Halen influenciou uma geração de músicos. Com um estilo próprio, o saudoso guitarrista do Van Halen popularizou a técnica de tapping — onde as duas mãos ficam no braço do instrumento — e inspirou nomes como Joe Satriani, John Petrucci, Mike McCready e tantos outros.
Apesar da aclamação e originalidade, Wolfgang Van Halen acredita que o pai “estragou” a música dos anos 1980. Involuntariamente, é claro. O assunto surgiu em entrevista ao podcast WTF with Marc Maron, transcrita pela Exclaim.
Na opinião do líder do Mammoth WVH, o saudoso instrumentista colaborou, sem querer, para que outros artistas não tivessem identidade própria. Como todos queriam copiá-lo, não existia variedade na guitarra rock à época.
Ele disse:
“De certa forma, meu pai meio que arruinou o cenário musical. Em vez de todo mundo querer descobrir suas próprias identidades, queriam ser como ele.”
Para Wolfgang, outro problema está na forma como enxergam o guitarrista. Ao tentarem replicá-lo, os músicos focam somente nas técnicas apresentadas e não necessariamente na essência de Eddie, que envolvia sobretudo a composição.
“As pessoas focam no jeito dele de tocar guitarra, mas, no geral, a diferença também estava no fato de que meu pai era um ótimo compositor. E é isso que eu busco também. Não se trata de fazer coisas chamativas.”
E ele não é o único a pensar dessa maneira. Por exemplo, Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden, também já afirmou que muitos dos colegas de função copiaram o saudoso integrante do Van Halen, como destacou em entrevista ao site The Metal Voice em 2020 (via Blabbermouth):
“Provavelmente ele e Jimi Hendrix causaram grande impacto na minha vida com a guitarra. Eu amava sua forma de tocar, mesmo que, quando ele tivesse surgido, eu já estivesse tocando há cinco ou seis anos. Se eu estivesse começando quando o ouvi, eu o teria copiado, como 99% dos outros guitarristas fizeram.”
A visão de Eddie Van Halen
Curiosamente, em entrevista de 1979 à Guitar Player, Eddie Van Halen apontou dois nomes que o teriam copiado. Na ocasião, não se tratava de novatos, mas figuras já consolidadas na cena.
O primeiro foi Rick Derringer, na ativa desde 1965, tendo trabalhado com os irmãos Johnny e Edgar Winter, que havia lançado o primeiro álbum solo em 1973.
“Rick Derringer abriu para nós ano passado e fez um solo exatamente igual ao meu. Depois do show, estávamos sentados no bar e eu apenas disse: ‘Ei, Rick. Eu cresci te ouvindo. Como você pode fazer isso? Não me importo se você usar a técnica, apenas não toque minha melodia’. E ele estava bêbado e estúpido, dizendo: ‘Sim, sim, sim’.
Na noite seguinte, fez meu solo novamente e ainda terminou seu set com ‘You Really Got Me’, que é exatamente o que fazemos. Então, eu odeio dizer isso, mas eu apenas disse a ele: ‘Ei, se você vai continuar fazendo isso, você não vai abrir para nós’. Então eu o chutei da turnê. É f*da, sabe, porque eu o vi muitas vezes e até copiei suas habilidades naquela época.”
O outro foi Tom Scholz, o multi-instrumentista e produtor por trás do sucesso do Boston – especialmente com seu debut de 1976, um dos álbuns de estreia mais vendidos de todos os tempos.
“Abrimos para o Boston uma vez e eu fiz meu solo. De repente, ele foi lá e o repetiu. E foi muito estranho, porque era uma coisa diurna. Eu estava no palco, toda a multidão estava olhando para mim como se questionassem o que eu fiz. Eu estava bêbado. Fiquei chateado.”
Nesse caso em específico, a questão social também pesou.
“Tom Scholz é um verdadeiro idiota. Ele é insociável. Acho que ele apenas pensa que é Deus ou algo assim. Nunca aparece, nem para dizer oi. Apenas meio que se esconde, sobe no palco, toca e depois desaparece. Então comecei a conversar com o outro guitarrista da banda e disse a ele: ‘Ei. Diga a ele que o acho um f*dido!’ Eu estava muito chateado.”
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