5 discos para conhecer o Great White de Jack Russell, que nos deixou

Cantor morto aos 63 anos esteve à frente de um dos principais grupos do hard rock oitentista por duas décadas

O mundo do rock se despediu, na última quinta-feira (15), de Jack Russell. Famoso pelo trabalho com o Great White, o cantor morreu em casa, aos 63 anos, cerca de um mês após anunciar sua aposentadoria dos palcos em razão de uma recém-diagnosticada Demência por Corpos de Lewy (LBD).

Jack Patrick Russell nasceu em Montebello, Califórnia, e desde cedo soube que queria viver de música. Ao encontrar o grandalhão Mark Kendall, ele descobriu o guitarrista e parceiro ideal para pavimentar seu caminho rumo ao sonho de se tornar um músico profissional.

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Em 1977, a dupla fundou a banda Dante Fox, que, sob a tutela de Alan Niven – futuro empresário do Guns N’ Roses – passaria a se chamar Great White. O novo nome foi inspirado no apelido de Kendall, conhecido como “Great White” por seu tamanho.

Russell permaneceu de 1981 a 2001, período durante o qual a banda, que incluía o segundo guitarrista Michael Lardie e o baterista Audie Desbrow, passou por várias mudanças de baixista e gravou um total de nove álbuns de estúdio, além de alguns registros ao vivo. Quando o grupo retomou suas atividades em 2006, Jack esteve presente e gravou mais dois discos com os colegas até sua sáida, em 2010.

Foto: Doug Hyun

Independentemente dos números, aqui estão os 5 discos recomendados por IgorMiranda.com.br para quem deseja conhecer melhor a banda.

5 discos para conhecer o Great White

“Great White” (1984)

No início dos anos 1980, quando o rock californiano começava a se tornar refém do visual, o Great White se recusou a entrar na onda. À jornalista Sylvie Simmons na época do lançamento deste primeiro álbum, Jack Russell declarou: “Não somos um bando de posers. Não ligamos para a imagem. Achamos nossa música boa, então vamos simplesmente tocá-la e se você gostar, ótimo”

Essa mentalidade é respaldada pelo que é, de longe, o trabalho mais pesado do grupo. Tão pesado que lhe rendeu uma turnê abrindo para o Judas Priest.

Mas não é só isso: o que mais chama a atenção em “Great White” não é o seu peso, mas sua consistência. São dez faixas sem nenhum traço de blues, sem nada de AOR e, principalmente, sem nenhuma power ballad propriamente dita.

Há momentos em que o rótulo “comercial” até se aplica (ouça “Hold On”), mas nada do que Simmons aponta tão brilhantemente no texto de encarte da coletânea “The Best of Great White” (1993) como “garotos maquiados com sapatos de salto alto e lycra, tocando riffs de guitarra roubados da banda que mais recentemente estourou”. Ai!

Relançado em 1999 como “Stick It”, edição repleta de faixas bônus, o álbum inaugura a tradição do Great White em covers, com uma versão de “Substitute”, do The Who.

“…Twice Shy” (1989)

A verdade é que tanto “Once Bitten…” (1987) quanto “…Twice Shy” poderiam estar nessa lista. No entanto, 1989 foi um ano tão marcante para a banda, coroado com uma indicação ao Grammy na categoria Melhor Performance de Hard Rock, que a escolha recaiu no segundo.

Trazendo na capa as curvas da modelo Bobbie Brown, futura estrela do clipe de “Cherry Pie” do Warrant, o quarto título da discografia marcou a estreia do baixista Tony Montana e dobrou as vendas de seu antecessor — nos Estados Unidos, foram mais de 2 milhões de cópias e entrada no top 10 da Billboard —, consolidando o sucesso do grupo com sucessos como “The Angel Song”, a melancólica “House of Broken Love” e o cover de “Once Bitten Twice Shy”, primeiro hit solo do cantor Ian Hunter após o fim do Mott the Hoople nos anos 1970.

Como de praxe, o Japão saiu ganhando e, no caso de “…Twice Shy”, a faixa exclusiva para o mercado nipônico é um medley de “Bitch”, dos Rolling Stones, com “Women”, do Foreigner, adequadamente denominado “Bitches and Other Women”.

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“Psycho City” (1992)

Com os versos “I guess you were just trying to keep our love alive / But, baby, all your lying just took it for a ride” (“Acho que você só estava tentando manter a chama acesa / Mas, amor, todas as suas mentiras acabaram com tudo”), presentes em “Big Goodbye”, Jack Russell resume o sentimento de despedida que permeia “Psycho City”.

O sexto álbum de estúdio do Great White pode ser comparado àquele funcionário que, durante o aviso-prévio, decide ignorar as metas da empresa e, em seu último mês, faz o que bem entende no escritório. Isso porque o disco marca o fim do contrato da banda com a Capitol Records, e o único compromisso do grupo em estúdio era consigo mesmo, sem se preocupar com as expectativas do mercado.

Se “Hooked” (1991) já havia sido o trabalho mais diversificado da banda até então, “Psycho City” eleva essa diversidade a outro nível graças ao verniz anticomercial da livre experimentação, evidente nas longas durações tanto nos rocks feitos para embalar multidões quanto nas baladas para polir chifre.

Com exceção de “I Want You”, que se destaca por sua breve duração de 3min42seg, a faixa mais curta do repertório, “Get on Home”, beira os cinco minutos e meio. Já a dilacerante “Love Is a Lie” ultrapassa os oito minutos, com toda a atmosfera de uma gravação ao vivo no estúdio.

“Let It Rock” (1996)

Embora não seja unanimidade entre os fãs e careça do mesmo impacto de alguns dos lançamentos anteriores do Great White, “Let It Rock” tem o mérito de ter recolocado a banda nos trilhos após o decepcionante eletroacústico “Sail Away” (1994).

Lançado sem o menor alarde pela nanica Imago Records — o que pode explicar sua ausência no Spotify —, o disco conta com a participação de Dave Spitz, ex-baixista do Black Sabbath, assumindo as quatro cordas. O guitarrista base Michael Lardie acumula as funções de tecladista, banjista, flautista, produtor e engenheiro de som.

Entre os destaques estão as potentes “My World” e “Hand on the Trigger”, além do cover de “Ain’t No Way to Treat a Lady” do obscuro Q5.

“Great Zeppelin: A Tribute to Led Zeppelin” (1998)

“Let It Rock” pode ter dividido opiniões, mas sua turnê manteve o Great White na estrada de maio a dezembro de 1996, com apresentações de ponta a ponta nos Estados Unidos e uma no México. Na reta final do giro, a performance no Galaxy Theater, na Califórnia, foi gravada para um futuro lançamento em CD – e não foi uma apresentação comum. Naquela noite, Jack Russell, Mark Kendall, Michael Lardie, Audie Desbrow e o recém-chegado baixista Sean McNabb tocaram um repertório inteiramente dedicado às músicas do Led Zeppelin.

Embora nunca tenha sido segredo que o Great White se inspirava fortemente no Led Zeppelin, a banda conseguiu evitar ser rotulada como uma mera cópia, ao contrário de grupos como Kingdom Come nos anos 1980 e Greta Van Fleet mais recentemente.

No entanto, em “Great Zeppelin: A Tribute to Led Zeppelin” (posteriormente relançado como “Great White Salutes Led Zeppelin”), o que se ouve é uma homenagem incrivelmente fiel, com Russell emulando de forma impressionante a voz de Robert Plant — que o elogiou publicamente mais de uma vez, segundo o agora falecido artista. O resultado é um dos melhores tributos ao Zeppelin já lançados, se não o melhor.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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