Após se estabelecer como referência do thrash metal, o Metallica entrou na década de 1990 reinventando sua sonoridade. Com orientação ao hard rock notada no álbum homônimo de 1991 — conhecido como “Black Album” —, grupo conquistou aclamação crítica e expandiu o alcance comercial, mas desagradou alguns apreciadores das raízes pesadas.
Cinco anos mais tarde, o descontentamento com as escolhas sonoras do grupo aumentou consideravelmente devido ao lançamento de “Load” (1996). Com elementos do blues, country e southern rock, o trabalho representou a reformulação estética da banda, que ainda hoje divide opiniões.
Em entrevista de 2009 à Classic Rock (via Blabbermouth), James Hetfield compartilhou sua perspectiva sobre as mudanças da era “Load”. O frontman revelou que se sentiu desconfortável com a nova imagem da banda que exigiu o corte dos cabelos longos e o uso de maquiagem.
“Com certeza [me senti desconfortável]. Lars (Ulrich, baterista) e Kirk (Hammett, guitarrista) estiveram no comando nesses álbuns. O tópico de ‘precisamos nos reinventar’ estava em alta. A imagem não é algo ruim para mim, mas se a imagem não é você, então não faz muito sentido. Acho que eles estavam realmente atrás de uma vibe tipo U2, Bono fazendo seu alter ego.”
Hetfield, inclusive, afirma que descartou grande parte dos visuais do álbum. O músico não se identificou com a proposta.
“Eu não conseguia entrar nisso. Todo o lance de: ‘ok, agora nesta sessão de fotos vamos ser roqueiros glam dos anos 70’. Tipo, o quê? Eu diria que pelo menos metade das fotos que estariam no livreto, eu tirei fora. Ia contra o que eu estava sentindo.”
Desconforto de James Hetfield
Na ocasião, James Hetfield refletiu sobre seu desagrado perante o apelo estético adotado por Lars Ulrich e Kirk Hammett, que trocaram beijos durante as fotos promocionais do álbum e algumas aparições públicas. Ele dissse:
“Como posso colocar isso? Acho que quando falei sobre os ressentimentos de ser deixado de fora do vínculo que eles tinham através do uso de drogas — Lars e Kirk estavam muito envolvidos em arte abstrata, fingindo que eram gays. Acho que eles sabiam que isso me incomodava. Foi uma declaração em torno de tudo isso. Eu amo arte, mas não pelo propósito de chocar os outros. Acho que a capa de ‘Load’ foi apenas uma provocação em torno de tudo isso. Eu simplesmente segui com a maquiagem e toda essa merda louca e estúpida que eles achavam que precisavam fazer.”
Por fim, o músico afirmou que seu desconforto com os selinhos motivava a dupla a continuar com as “aventuras homossexuais”. Ele afirma:
“[Me sentia] totalmente [desconfortável]. É por isso que eles fizeram isso. Eu sou a força motriz por trás de suas aventuras homossexuais. Acho que as drogas tiveram algo a ver com isso também. Espero. [Risos] Existem muitas vezes na nossa carreira em que as pessoas abandonaram o barco, e isso vai acontecer. É mais doloroso ouvir: ‘ok, as pessoas estão destruindo os discos do Metallica porque eles estão processando o Napster’.”
Metallica e “Load”
Sexto álbum de estúdio do Metallica, “Load” foi lançado em 4 de junho de 1996 e alcançou sucesso comercial mesmo com a repercussão negativa. Chegou ao topo das paradas musicais de 15 países e vendeu mais de 5 milhões de cópias somente nos Estados Unidos.
É o trabalho mais longo da discografia do grupo, com 78 minutos e 59 segundos, ocupando todo o espaço disponível na capacidade do CD.
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