A história do primeiro disco a vazar na internet

História datada de 1993 envolve descoberta de potencial da internet, apesar de luta posterior contra pirataria

Vazamentos de discos se tornaram tão parte da cultura que, antes do surgimento de plataformas de streaming, o lançamento extraoficial de um álbum era tão importante para a estratégia de marketing quanto qualquer outra coisa. Entretanto, a pergunta fica: qual foi o primeiro a chegar a público involuntariamente antes da data?

Essa distinção pertence ao Depeche Mode e seu álbum de 1993, “Songs of Faith and Devotion”. Antes mesmo do material ser finalizado, circulavam em salas de bate-papo online versões avançadas das canções, na ordem preferida pela banda.

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O fenômeno era novo até demais. Quando um secretário da gravadora informou ao grupo e seus superiores, ninguém sequer entendia o aviso.

Marketing em salas de bate-papo

Isso tudo está presente no livro “Appetite for Self-Destruction: The Spectacular Crash of the Record Industry” (via Far Out Magazine), escrito por Steve Knopper. O autor que os executivos da Warner, apesar de não entenderem o que estava acontecendo, logo perceberam o quanto esses ambientes virtuais poderiam ser importantes para divulgação. 

O vice-presidente da gravadora, Jeff Gold, passou semanas vasculhando as salas de conversa. Não demorou a perceber o quão valioso o recurso era para capturar opiniões de fãs antes mesmo de um disco sair.

Gold acabou por se tornar um dos primeiros executivos a abraçar a internet como uma ferramenta de marketing eficaz. A tecnologia não era tão favorável, mas permitiu que o Depeche Mode fosse pioneiro também em realizar a primeira sessão de perguntas e respostas online da história. Em parceria com a AOL, o evento aconteceu em 20 de setembro de 1993.

A sessão de perguntas e respostas online do Depeche Mode

Obviamente, o número de internautas à época era quase irrisório em comparação com a realidade atual. As capacidades tecnológicas também eram bastante limitadas. Para completar a aura quase mística da situação, há pouquíssimos registros.

Um dos poucos é da MTV, que destacou, conforme resgate da Classic Rock:

“Seguindo uma sugestão de Lou Reed, com quem compartilham a gravadora, a banda se conectou a AOL, o principal serviço de computador on-line americano, permitindo que centenas de fãs se comunicassem com o grupo ao mesmo tempo através de seus próprios terminais.”

Infelizmente, mas não de forma surpreendente, a transmissão apresentou uma série de problemas. Como destacou a emissora:

“Quando a linha telefônica do Depeche foi expulsa da tomada, o clamor no ciberespaço se tornou tão grande que levou quase uma hora para a banda voltar para sua coletiva.”

Um registro em vídeo da matéria pode ser conferido abaixo.

Vazamento de discos e pirataria

Infelizmente, o resto da indústria musical se focou mais no outro aspecto inerente ao vazamento de discos antes do lançamento: a pirataria. Serviços de compartilhamento foram fechados e fãs, processados por baixar músicas.

Metallica e Dr. Dre, em especial, tomaram a frente em processos contra o Napster, programa de compartilhamento de arquivos musicais fundado em 1999. Três anos após sua criação, a plataforma acabou decretando falência. Entre prós e contras, o fato é que a batalha mudou vários padrões na história da indústria musical.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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