Quando o Guns N’ Roses estourou, na segunda metade dos anos 1980, muitas comparações foram estabelecidas com o Aerosmith, que por sua vez, possuía uma “afiliação” quase biológica aos Rolling Stones. Em comum, as bandas contavam com figuras marcantes nos vocais e uma das guitarras. Não dá para desassociar os grupos das dobradinhas Mick Jagger e Keith Richards, Steven Tyler e Joe Perry, Axl Rose e Slash.
O último citado nunca negou a influência dos britânicos. A ponto de, quando questionado sobre qual seria sua música preferida, recorreu a uma escolha fora dos padrões habituais. A opção foi por “Let It Loose”, uma faixa menos destacada do lendário álbum “Exile on Main St.” (1972).
Disse o homem da cartola e da Les Paul à Classic Rock, em 2023:
“Há uma música que não recebe amor de ninguém e eu considero brilhante. É (‘Let It Loose’) do ‘Exile On Main St’. Sempre fui atraído por músicas que não eram sucessos de uma banda em particular. Esta é definitivamente uma daquelas que se enquadra nessa categoria. Acho que a maioria das pessoas deveria conhecer. Provavelmente já ouviram falar dela, mas não a ouviram realmente. É f*da demais. Tem um ótimo vocal e uma guitarra maravilhosa.”
Slash e Mick Taylor
Os Rolling Stones foram uma criação da mente de Brian Jones. Proficiente em mais de 60 instrumentos, o músico iniciou a banda com sonoridade bastante influenciada pelo blues. Curiosamente, a ideia inicial era justamente se afastar do rock and roll, que voltava a ser “o som do momento” com o estouro dos Beatles.
Seu substituto, Mick Taylor, permitiu a Mick Jagger e Keith Richards a virada de jogo definitiva. Com menos experimentalismo em comparação ao então já falecido idealizador, o instrumentista participou de álbuns icônicos, que estabeleceram a banda como a cara mais bem-definida do que evitavam nos primórdios.
É justamente o bluesman britânico a maior influência de Slash. Em artigo ao Louder, resgatado pelo Far Out Magazine, o membro do Guns N’ Roses o colocou no mais alto patamar em suas preferências pessoais.
“Mick Taylor, dos Rolling Stones, teve a maior influência sobre mim, mesmo sem eu saber. À medida que fui crescendo e comecei a tocar guitarra, sempre gostei do estilo dele. As pessoas mencionam Jimmy Page, Jeff Beck e Angus Young – todos os óbvios – mas há caras como Mick Taylor e Joe Walsh que foram igualmente importantes. Ele tinha um tipo de blues muito legal e redondo que eu considero muito eficaz.”
Mick Taylor integrou os Rolling Stones entre 1969 e 1974. Participou das gravações dos álbuns “Let It Bleed” (1969), “Get Yer Ya-Ya’s Out! The Rolling Stones in Concert” (1970), “Sticky Fingers” (1971), “Exile on Main St.” (1972), “Goats Head Soup” (1973) e “It’s Only Rock ‘n Roll” (1974).
Reuniu-se com os antigos colegas em 2012 e 2013, na turnê de 50 anos do grupo. Também excursionou e registrou obras com John Mayall & The Bluesbreakers, Bob Dylan, Jack Bruce e Carla Olson, além de ter disponibilizado discos solo.
Rolling Stones e “Exile on Main St.”
Décimo trabalho de inéditas da discografia britânica dos Rolling Stones, “Exile on Main St.” foi o primeiro duplo em toda a carreira da banda. As gravações se iniciaram em Londres no ano de 1969, paralelas às do disco anterior, “Sticky Fingers”. Foram finalizadas em 1971, em Villefranche-sur-Mer, França.
A sonoridade trazia o grupo imerso em suas influências americanas, mesclando o rock and roll e o blues ao country e o gospel. Várias composições surgiram de jams em estúdio. Além das faixas próprias, contava com versões para “Shake Your Hips”, de Slim Harpo e “Stop Breaking Down”, de Robert Johnson.
“Exile On Main St.” chegou ao número 1 em diversas paradas, arrematando discos de platina nos Estados Unidos e Reino Unido. Teve mais de 8 milhões de cópias comercializadas apenas em sua versão original.
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