O velho clichê de escolher o álbum mais recente como o preferido da carreira não é mais novidade para ninguém. É preciso levar em consideração a proximidade emocional do músico, a dedicação e o sentimento recém-adquirido. É como achar que a pessoa com a qual você está se relacionando atualmente é a melhor da vida. Do ponto de vista racional, pode até não ser. Mas é o que sentimos.
Geddy Lee não fugiu à regra quando foi questionado pela revista Prog sobre qual seria o seu disco preferido do Rush. A obra derradeira se sobressaiu e não pôde deixar de ser mencionada em alto patamar. Apesar de os fãs normalmente colocarem outras preferências no topo, também preciso ressaltar que o play se tornou conceituado junto ao público.
Disse o vocalista e baixista em 2023:
“Eu diria ‘Clockwork Angels’. Tem aquela combinação de composição e performance, todas as coisas que fazem parte de um ótimo disco.”
Na hora de escolher o pior, o artista mencionou não apenas um, mas dois.
“Imediatamente ‘Caress of Steel’ me vem à mente. Mas eu conheci tantos fãs que amam esse disco. E eu acho que ‘Presto’ decepcionou muitos fãs. As composições eram um pouco sem graça.”
“Clockwork Angels”, a despedida do Rush
“Clockwork Angels” (2012) foi o décimo nono e último trabalho autoral da carreira do Rush. Conta a história de um jovem em busca de seus sonhos, tendo que enfrentar as forças da ordem e do caos, em um mundo controlado pelo tempo de forma rígida.
Os primeiros singles, “Caravan” e “BU2B”, foram disponibilizados dois anos antes do lançamento do disco. O grupo ainda saiu em turnê no meio-tempo e só depois finalizou a obra.
A capa substitui os números do relógio por símbolos alquímicos. Os ponteiros apontam 9:12, ou 21:12, referência ao clássico da banda. O álbum chegou ao número 1 no Canadá e 2 nos Estados Unidos.
“Caress of Steel”, o criticado pela própria banda
Terceiro disco do Rush, “Caress of Steel” (1975) seguiu a evolução do trio, explorando seu lado progressivo com dois épicos: “The Necromancer” e “The Fountain Of Lamneth” – esta última ocupando um lado inteiro na versão em vinil.
A capa marcou o início da parceria com o artista Hugh Syme, que se tornaria colaborador do grupo até o final da carreira. A ideia original era que ela fosse prateada, mas um erro na impressão original a deixou como foi imortalizada.
A faixa “I Think I’m Going Bald” foi escrita para o músico canadense Kim Mitchell, amigo pessoal dos músicos. O título teve inspiração em “Goin’ Blind”, do Kiss, com quem a banda havia excursionado poucos meses antes. A abertura, “Bastille Day”, tem inspiração na Queda da Bastilha, evento central da Revolução Francesa.
A repercussão foi menor em comparação ao antecessor, “Fly By Night” (1975). Com o passar dos anos, ganhou discos de ouro nos Estados Unidos e Canadá. Ainda assim, sempre foi considerado um ponto baixo da carreira pelos próprios integrantes do grupo.
“Presto”, o quase anônimo
Décimo-terceiro trabalho de inéditas, “Presto” (1989) marcou a transição de gravadora, com o trio saindo da Mercury/Polygram e indo para a Atlantic Records. Para alegria de Alex Lifeson, foi retomada uma sonoridade mais crua, abrindo mão dos sintetizadores e concentrando ações na guitarra.
Sem um tema central, as letras abordavam as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global, o suicídio entre jovens e as angústias sofridas por pessoas que tentam se encaixar nos padrões sociais. O clima nas gravações foi tão pacífico que o produto final foi entregue quatro semanas antes do previsto.
“Presto” ganhou discos de ouro nos Estados Unidos e Canadá, onde chegou ao 7º lugar da parada. Ainda assim, é pouco mencionado pela banda e os fãs, sendo coadjuvante na discografia do Rush.
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Alguém fala pro senhor Lee que o Rush só tem um disco ruim e ele se chama hold your fire.
“ Presto “ é magnífico !