Slash não é o típico guitarrista de rock dos anos 1980. A década ficou marcada pelos músicos extremamente técnicos e rápidos, a maioria formada por “filhotes” de Eddie Van Halen. O integrante do Guns N’ Roses veio de uma escola diferente, ainda assim, admira alguns dos “fritadores” de seu tempo.
Em entrevista à Guitar World, o homem da cartola discutiu a diferença que via em outros guitarristas de background mais técnico em relação ao seu próprio, voltado ao blues e ao rock clássico. Inicialmente, revelou até mesmo um apelido “carinhoso” para se referir aos colegas de instrumento que abusam de velocidade e outros recursos típicos do período.
Ele disse:
“Havia um monte de, você sabe, ‘demônios da alavanca’ por aí [risos]. Mas aquilo nunca ‘conversou’ comigo. Eu só estava fazendo as minhas coisas, porque é o que eu queria fazer. Eu não estava interessado em todas essas outras coisas.”
Apesar de não ligar muito para esse aspecto, Slash consegue analisar a cena de uma forma mais abrangente nos dias de hoje. O músico do GN’R inclusive gosta de alguns dos “demônios da alavanca” e reconhece o talento deles, comparando-os com artistas que o inspiraram.
Ao citar seus prediletos, o guitarrista declarou:
“Mais tarde eu percebi: ‘oh, sim, havia alguns guitarristas realmente ótimos’. Como Paul Gilbert (Mr. Big), é um guitarrista incrível. Jason Becker era insanamente bom. Joe Satriani e Steve Vai, que estão aí desde sempre, têm sua própria personalidade, assim como Stevie Ray Vaughan ou Johnny Ramone.”
Personalidade é tudo
Para Slash, o momento atual mostra que técnica e forma de tocar não são tão importantes quanto a personalidade de um guitarrista. Atualmente o músico diz gostar mais de artistas que imprimem a sua marca em cada nota que tocam.
E isso independe da velocidade. O artista cita como exemplo disso um nome muito associado aos “fritadores” dos anos 80, talvez o definitivo na modalidade: o sueco Yngwie Malmsteen.
“É por isso que eu sempre me senti atraído (por músicos com personalidade). Não importa qual a técnica que estão usando, desde que seja sua. Quero dizer, Yngwie? Yngwie tem isso. Ele tem o domínio daquela m*rda, goste disso ou não.”
Para o músico do Guns N’ Roses, até mesmo o lendário Eddie Van Halen se encaixa na descrição. Sobre o ícone, diz mais: por baixo de toda a velocidade e técnica, havia uma aura de blues.
“Essa era a coisa mais legal sobre Eddie para mim. Todas as ótimas ideias que ele teve, que eram unicamente dele, todas essas coisas do lado esquerdo, debaixo de tudo isso havia um guitarrista de blues realmente saboroso. Ele apenas adicionou todas essas outras maneiras de dividir sua expressão por cima disso. E é por isso que ninguém se compara a ele.”
Slash e “Orgy of the Damned”
Novo álbum solo de Slash, “Orgy of the Damned” traz Slash executando uma série de covers para clássicos do blues e do blues rock. Para tal, se cercou de uma série de convidados especiais, como Brian Johnson (AC/DC), Steven Tyler (Aerosmith), Gary Clark Jr, Chris Robinson (Black Crowes), Demi Lovato, entre outros.
O disco teve seus principais resultados em paradas europeias, chegando ao 2º lugar na Alemanha e 8º no Reino Unido. Nos Estados Unidos, alcançou o 98º posto na Billboard 200, principal chart do país.
Concluída no fim de semana, a turnê de divulgação foi, na verdade, um festival itinerante: S.E.R.P.E.N.T. O evento também foi orientado ao blues e trouxe o músico do Guns ao lado de artistas do gênero, como Warren Haynes Band, Keb’ Mo’, Larkin Poe, Christone “Kingfish” Ingram, Samantha Fish, ZZ Ward, Robert Randolph, Eric Gales e Jackie Venson, que se revezaram nas datas.
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