Quando David Gilmour anunciou Charlie Andrew como produtor do seu novo álbum, “Luck and Strange”, fãs mais conservadores estranharam. Afinal de contas, o profissional não poderia ser mais distante do que consagrou o guitarrista e vocalista. Porém, o objetivo era justamente buscar alguém diferente, que pudesse dar um sopro de novidade.
Conhecido por trabalhar com artistas como Alt-J, Wolf Alice, Bloc Party e London Grammar, o responsável pela parte técnica precisou estabelecer uma relação diferente com o clássico músico britânico. E a recíproca foi verdadeira, ocasionado uma junção de mundos, ao invés de uma colisão.
O próprio Gilmour confessou no anúncio do disco, conforme resgate da Guitar World:
“Ele disse coisas como: ‘Bem, por que tem que ter um solo de guitarra aí?’ e ‘Todas as músicas dão fade out? Algumas delas não podem simplesmente terminar?’ Ele é muito direto, nem um pouco intimidado e eu adoro isso. Isso é muito bom para mim, porque a última coisa que você quer é que as pessoas simplesmente se submetam.”
A relação entre David Gilmour e Charlie Andrew
Em entrevista ao podcast Rockonteurs com Gary Kemp e Guy Pratt, David deu mais um exemplo de como a relação funcionou ao contar como fez os solos. Ele disse:
“Alguns foram feitos só por mim, sem um engenheiro ou algo assim, no celeiro da minha fazenda. Outros foram registrados em Brighton com Charlie Andrew respirando no meu pescoço. Acho que o mudamos tanto quanto ele nos mudou em termos dessas coisas, amando a coisa do solo de guitarra no final. ‘Então vamos fazer outro’.”
Gilmour ainda garantiu não sentir a pressão pela necessidade de honrar a fama que construiu nos brilhos individuais com as seis cordas.
“Não, eu só conecto o instrumento, sigo em frente e espero pelo melhor. Estou caçando melodias, mas espero que elas fluam naturalmente de mim.”
O produtor que não conhecia Pink Floyd
A desconexão de Charlie com o Pink Floyd gerou até momentos de didática primária. Como quando o produtor precisou ser apresentado ao falecido Richard Wright, tecladista da banda que fez uma participação póstuma no trabalho.
O próprio Andrew fez a revelação durante entrevista à Uncut (via Ultimate Classic Rock).
“Compreensivelmente, David ficou mencionando o nome de Rick enquanto falava sobre ‘Luck and Strange’. E eu disse, ‘sinto muito, David, eu tenho que te interromper: quem é Rick?’ Mas acho que essa tenha sido a graça para David. Não estou tentando emular outro álbum do Pink Floyd ou outro de seus álbuns solo.”
Sobre “Luck and Strange”
“Luck and Strange” saiu no último dia 6 de setembro. Além de Charlie, o protagonista contou com sua esposa, Polly Samson, ajudando nas composições – função que exerce há 30 anos.
Outros colaboradores incluem Guy Pratt (músico frequente do Pink Floyd), Steve Gadd e Roger Eno, entre outros. A capa é de Anton Corbijn e foi inspirada em uma letra escrita por um dos filhos de Gilmour, Charlie, para a faixa final do álbum, “Scattered”.
Há outros familiares envolvidos: Romany Gilmour toca harpa e faz vocais principais em “Between Two Points” (cover de Montgolfier Brothers), enquanto Gabriel Gilmour canta backing vocals no geral.
A turnê terá um formato diferente, ao menos em seu princípio. Ao invés de viajar com frequência, a banda fará séries de shows em poucos locais. De 27 de setembro a 3 de outubro, o grupo terá Roma, Itália, como sede. Entre 9 e 15 de outubro, Gilmour tomará conta do palco do lendário Royal Albert Hall em Londres, Inglaterra.
Os derradeiros compromissos até o momento se darão nos Estados Unidos. Em 25 de outubro, o músico toca em Inglewood, Califórnia, arredores de Los Angeles. A cidade de LA recebe o giro nos dias 29, 30 e 31 do mês. Fechando de vez a agenda, de 4 a 10 de novembro é a vez do Madison Square Garden, em Nova York.
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