Fazer parte do Rock and Roll Hall of Fame denota prestígio para os artistas. Por mais que a instituição tenha sido criticada por não incluir bandas históricas como o Iron Maiden e até mesmo menosprezar mulheres, o fato de integrá-la ainda é visto como uma honraria. Por isso, para Eric Clapton, um certo guitarrista pouco conhecido deveria ganhar o seu espaço.
Durante conversa com o canal The Real Music Observer, o músico abordou o tema. Único a ter sido introduzido ao Hall três vezes — respectivamente com o Yardbirds, Cream e carreira solo —, o instrumentista acredita que a instituição parece um “clube de garotos da fraternidade (de faculdade americana)”.
Ao refletir sobre suas induções ocorridas em 1992, 1993 e 2000, Clapton declarou conforme transcrição da Ultimate Guitar:
“Eu penso no Rock and Roll Hall of Fame como um clube de garotos de fraternidade que surgiu para chamar atenção. Eu acho que o fato de contarem com o Ahmet Ertegun [falecido presidente da Atlantic Records e presidente do Rock Hall] facilitou minha entrada. Ele estava introduzindo pessoas como Ruth Brown e The Drifters, todos aqueles primeiros artistas da Atlantic esquecidos. Fiquei muito desconfiado porque, obviamente, a revista [Rolling Stone] estava envolvida. Meu querido amigo Robbie [Robertson] também fazia parte do júri.”
Apesar do reconhecimento, o guitarrista não vê com bons olhos a maneira com que outro colega de profissão e colaborador acabou esnobado pelo Hall: o saudoso J.J. Cale. Ao seu ver, tal instrumentista realizou contribuições notáveis à música, mas é tido como “anônimo demais”. Ele pontuou:
“O fato de alguém como J.J. nunca ter sido sugerido para fazer parte da instituição é a prova do que essa instituição é ou não é. Não é como se ele fosse ser introduzido em algum momento. Não é a praia deles. Não sei qual é a praia deles. Mas ele é anônimo demais para esses caras.”
J.J. Cale e Eric Clapton
Nascido em 1938 em Oklahoma, nos Estados Unidos, J. J. Cale ficou conhecido como um dos criadores do Tulsa, gênero que incorpora elementos do blues, rockabilly, country e jazz. Além da carreira solo, colaborou com sucessos de Lynyrd Skynyrd e do próprio Eric Clapton – sendo o autor original de faixas como “After Midnight” e “Cocaine”.
A parceria com Clapton rendeu muitos frutos. Além de ter participado do festival Crossroads Guitar Festival, idealizado pelo colega de profissão, em 2004, ambos também assinaram o disco conjunto “The Road to Escondido” (2004).
O músico morreu aos 74 anos, no dia 26 de julho de 2013, em consequência de um ataque cardíaco. Como uma forma de homenageá-lo, Clapton, juntamente de outros convidados, idealizou o projeto tributo “The Breeze: An Appreciation of JJ Cale” (2014).
Conforme pontuado pelo The Telegraph, Eric descreveu o amigo em sua autobiografia como “um dos artistas mais importantes da história do rock, representando silenciosamente o maior patrimônio que seu país já teve”. Já em entrevista à Associated Press, mencionou J. J. como uma de suas principais referências dos anos 1970, ao lado de Stevie Wonder e Bob Marley.
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